CELEBRAÇÃO
Com 20 anos e uma imensa vontade de realizar à frente
“É com este espírito que se inicia esta publicação, animada pela consciência dos seus possíveis alcances e limites. Quem já se ocupou ou se ocupa de periódico, sabe esta verdade singela: mais difícil que editá-lo é mantê-lo viável. Não basta ter uma boa ideia ou saber dividi-la em colunas e povoá-las de boas imagens. O trabalho árduo sustentado em profissionalismo e constância amparada em bases materiais sólidas são pré-requisitos para que a iniciativa tenha fôlego e perenidade.” Há exatos 20 anos, esse trecho do editorial da Continente abria a edição número zero da revista pernambucana. Em dezembro de 2000, estávamos nos despedindo do século XX e prestes a ingressar no século XXI, abrindo uma janela para o futuro, sem sabermos as transformações pelas quais o mundo passaria.
Quando a Continente surgiu, o jornalismo cultural ainda vivia uma fase de efervescência, com diversos cadernos e periódicos culturais disputando pautas e a atenção do leitor para suas páginas impressas. Já havia a internet, mas o leitor não tinha feito a migração em massa para a tela do computador – e os celulares estavam longe de se transformarem em smartphones. O papel desfrutava ainda de seus anos gloriosos em impressões coloridas perfeitas. Nos seus primeiros anos de existência, a revista trouxe diversos artistas, pensadores e personalidades da cultura para suas páginas e capas como Evaldo Coutinho, Cacá Diegues, Francisco Brennand, José Saramago e Gilberto Gil (todos em 2001), Alceu Valença, Arnaldo Antunes, Antônio Carlos Nóbrega e Ariano Suassuna.
No número 1, uma entrevista de Caetano Veloso dava o tom do que a publicação se propunha: pensar o passado, o presente e o futuro. Na ocasião, o compositor baiano recebia o título de cidadão pernambucano e estava encantado com Minha formação, de Joaquim Nabuco – o livro que ele releu e o inspirou durante a realização do álbum Noites do Norte (2000). “Assim como fez Joaquim Nabuco, acho difícil, neste momento, não atribuir todos os horrores nacionais à escravidão – que ele descreve como tendo formado o Brasil”, pontuava o artista ao jornalista Geneton Moraes Neto.
Geneton era um dos assíduos colaboradores da revista, tendo assinado diversas matérias. Em 2013, ele chegou a realizar o documentário Garrafas ao mar: a víbora manda lembranças, sobre o repórter Joel Silveira, que foi colunista da Continente entre 2001 e 2007 – quando morreu. Já Geneton faleceria em 2016 e, em agosto de 2019, a revista publicou um trecho da biografia de seu antigo colaborador: Geneton: viver de ver o verde mar, escrita por Ana Farache e Paulo Cunha, lançada pela Cepe Editora.
O registro aqui desse fato é apenas para demonstrar a força da longevidade da revista, que consegue documentar desdobramentos como esse. Recentemente, outra ironia do tempo. Um colaborador estampou, anos depois, a capa da revista. O jornalista Kleber Mendonça Filho fez matérias marcantes para a Continente, tais como uma entrevista com Woody Allen, publicada em junho de 2003, e uma reportagem sobre o lançamento de Cidade de Deus, de Fernando Meirelles e Kátia Lund, em agosto de 2002.
O longa, vencedor de vários prêmios internacionais e integrante das listas de melhores filmes do ano, foi abordado pelo crítico, que, 17 anos depois, estaria na capa de setembro de 2019, devido ao lançamento de seu terceiro longa-metragem (desta vez, codirigido com Juliano Dornelles), Bacurau – também vencedor de várias honrarias e citado em rankings dos melhores de ano. Na entrevista concedida às repórteres especiais da revista Débora Nascimento e Luciana Veras, o cineasta pernambucano falou sobre sua formação, carreira e a temática de seus filmes. A conversa foi uma das muitas pautas e capas de cinema publicadas pela Continente.
As duas décadas da revista também conseguem dar conta do desenvolvimento da carreira dos artistas. No mesmo 2002, em que era lançado o Instituto Ricardo Brennand, foi publicada uma matéria sobre os músicos pernambucanos que se mudaram para o Sudeste em busca de uma melhor colocação no mercado musical. Eram eles, Mestre Ambrósio, Júnior Barreto, Ortinho, Lirinha e Otto – que, por sua vez, 16 anos depois, foi nossa capa de abril de 2018. Dentre os temas abordados na conversa, o compositor e cantor falava sobre o enfrentamento de questões urgentes do país e também da dificuldade de sobrevivência de um artista.
Além da música popular, a revista vem dando espaço às expressões da cultura popular. Isso começou em janeiro de 2003, quando pôs na capa a reportagem com os repentistas nordestinos Ivanildo Vila Nova, Oliveira de Panelas, Cego Aderaldo, Pinto do Monteiro, Mocinha de Passira, Lourival Batista e Jó Patriota. O tema da expressão artística tradicional voltaria à capa em diversas outras ocasiões e traria muitos ícones, como Mestre Salustiano, Vitalino, Manoel Eudócio, Lia de Itamaracá, Mestre Barachinha, Banhistas do Pina e as crianças que dão continuidade aos folguedos de suas comunidades.
Naquele mesmo 2003, a revista publicava uma análise dos seis meses iniciais do governo Lula a partir da visão de pensadores como Alberto Oliva, Eduardo Gianetti da Fonseca, Kenneth Maxwell e Renato Janine Ribeiro. Aquele foi o primeiro dos 14 anos em que o Partido dos Trabalhadores ocuparia o governo federal. E a revista acompanharia, desde então, os desdobramentos das políticas culturais implementadas no período e, depois, o consequente desmonte da cultura que passou a ser efetivado após o impeachment de Dilma Rousseff, em agosto de 2016. Diversos entrevistados pela publicação fizeram e ainda fazem análises desses anos da esquerda no poder, como Ricardo Antunes e Vladimir Safatle, respectivamente em fevereiro e novembro de 2019.
Ainda naquele 2003, foi publicado o especial China, o enigma do século XXI. Na época, o país asiático era a sexta maior economia do mundo. Dezessete anos depois, uma entrevista com o sinólogo Elias Jabbour, em julho de 2020, traça um panorama de como a China, agora a segunda maior economia do mundo, pretende substituir, nos próximos anos, os Estados Unidos no posto de superpotência mundial. A China, naqueles anos, era pejorativamente chamada de produtora de xing lings; hoje se tornou uma referência em inovações relativas a áreas como tecnologia, comércio, trabalho, educação, saúde, lazer, mobilidade urbana e entretenimento.
Ao longo desses anos, as questões identitárias passaram ao protagonismo na linha editorial da revista. Em janeiro e julho de 2004, respectivamente, foram publicadas matérias sobre livros infantis de autores indígenas e a preservação da música indígena, escritas pela jornalista Isabelle Câmara. Em janeiro de 2012, a repórter foi novamente convidada a escrever, desta vez sobre a literatura indígena, que virou uma das três capas sobre os povos originários publicadas pela Continente. Em abril de 2017, duas matérias, escritas pelas repórteres especiais da revista, faziam um panorama sobre a atual situação dos indígenas no Brasil e, em dezembro de 2019, o cacique Marcos Xukuru (filho do Cacique Xikão, assassinado em 1998) concedeu uma entrevista ao jornalista Chico Ludermir sobre a luta pela preservação de suas tradições e seus territórios.
Naquele especial de abril 2017, a revista publicou ainda depoimentos de lideranças indígenas, como Verá Tupã Popygua Timóteo da Silva, Naine Terena, Dorinha Pankará e Ailton Krenak, que escreveu: “Mais uma vez, a vida dessa pequena comunidade é assaltada pelo insuportável abraço do progresso. Agora, entregue pela mão de ferro da mineração, atividade econômica que move a economia mineira desde a colônia, quando o caminho do ouro e estrada real já justificaram uma verdadeira guerra de extermínio contra os nativos desses vales e serras mineiras”.
O ambientalista e escritor se referia à empresa Samarco e à Vale do Rio Doce, que, ao lado da BHP australiana, eram as responsáveis pela barragem de contenção de detritos da lavagem de minérios, que, no dia 5 de novembro de 2015, rompeu suas estruturas, destruindo a pequena Bento Rodrigues (povoado rural da cidade mineira de Mariana), coberta pela lama tóxica, matando também dezenas de pessoas e milhares de animais, ameaçando ainda de extinção cerca de 400 espécies.
“Muitos não falam mais sobre aquele dia. Muitos não falam mais sobre Bento. Muitos não conseguem falar. Outros se empoderaram, assumiram a luta pela responsabilização da empresa, pelas justas reparações. Outros tantos carregam a vida com as memórias de Bento guardadas e revisitadas nas ruínas”, escreveu Karina Gomes Barbosa, jornalista, pesquisadora e professora da Universidade Federal de Ouro Preto, em fevereiro de 2018, em depoimento para a revista sobre os anos seguintes à tragédia. Quatro meses depois, a questão ambiental voltou à revista, desta vez na matéria de capa Um planeta para eles, sobre o sofrimento histórico imposto pelos homens aos animais e pelo qual estamos pagando o altíssimo preço hoje devido ao desequilíbrio ecológico que gerou a pandemia do novo coronavírus.
Questões contemporâneas como essa e as pautas identitárias despontam com mais veemência na revista nos anos 2000. Um dos exemplos é a matéria Brokeback Mountain abre discussão sobre obra gay, publicada em março de 2006. No entanto, a temática LGBTQI+ ganha mais força a partir dos anos 2010. Em fevereiro de 2015, a capa Qualquer maneira de amar trouxe textos dos jornalistas Luciana Veras e Chico Ludermir, ampliando os debates sobre identidades sexuais, representações artísticas e o ativismo político. Além disso, vêm sendo publicadas nas páginas da revista diversas matérias sobre encenações, música e cinema queer.
Junto à discussão da sexualidade, a questão racial se tornou frequente na última década. Em dezembro de 2016, publicamos uma matéria sobre a história das encenações teatrais refletindo a exclusão dos afrodescendentes de lugares de protagonismo. Em novembro de 2017, a arte negra contemporânea foi capa da edição, trazendo, em reportagem de Christiane Gomes, uma nova geração de artistas afro-brasileiros. “...era permitido que o homem ou a mulher negra tivessem algum tipo de êxito social em lugares como os esportes (principalmente o futebol) e a música (claro que em manifestações populares, como o samba). Mas em outras áreas de conhecimento, das ciências às artes, a invisibilidade da produção dessas pessoas perdurou por muito tempo, incluindo aí a não valorização ou até mesmo o embranquecimento de alguns artistas. Nas artes visuais, isso é ainda mais marcado”, escreveu a autora.
Para além das pautas que abordam questões relativas aos negros, matérias feitas sobre o papel das mulheres em diversas áreas também ganham relevância. Em março de 2010, Feminismo: novos modos de emancipação. Em março de 2012, o cangaço feminino. Em março de 2016, a presença feminina no heavy metal. Nesse mesmo ano, em junho, foi publicada matéria sobre o aumento da participação das cineastas nos filmes lançados no país – embora ainda seja em percentual menor que o dos longas dirigidos por homens. Em fevereiro de 2018, as maestrinas do frevo foram personagens de uma matéria, e, em março de 2019, publicado um texto sobre as mulheres no cinema na Berlinale. Em outubro de 2020, uma reportagem assinada por Julya Vasconcelos estampou na capa a história e a luta feminista das poetas do Sertão do Pajéu.
As mulheres também estiveram presentes no especial sobre maternidade, publicado em maio deste ano, que trouxe reportagem assinada por Gianni Paula de Melo e ensaio, por Luciana Veras. Essa pauta encorpa a produção de textos voltados para questões comportamentais e de saúde, como a polêmica em torno da nudez, a depressão, a gordofobia, o suicídio, a saudade a solidão – cuja reportagem, realizada por Débora Nascimento, abordava um problema que já é considerado, por pesquisadores, como de saúde pública. Também, nessa área, merece destaque a reportagem, feita por Luciana Veras, A vida com HIV, publicada em dezembro de 2017, quando se completaram os 35 anos da notificação do primeiro caso de Aids no Brasil. A matéria aborda o fato de que, embora a doença tenha se tornado crônica, ainda persistem o estigma, a ignorância e a negligência.
Diante da urgência de algumas questões, a Continente vem ampliando a sua cobertura jornalística. Em novembro de 2016, publicou a reportagem sobre refugiados, em meio à crise humanitária. A apuração foi realizada pela repórter Suzana Velasco e pelo fotógrafo Gilvan Barreto, em um dos estados que mais concentra refugiados no país, o Rio de Janeiro. Além de dados, foram narradas as histórias daquelas pessoas. Em dezembro de 2018, o jornalista Marcelo Abreu assinou a reportagem sobre os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Nessa edição, foi anexado um encarte com 70 ilustrações do coletivo Mutirão sobre o tema. Ainda dentro da temática humanitária, publicamos, em abril deste ano, a reportagem de Luciana Veras Por que se prende tanto?. Hoje, mais de 773 mil pessoas estão encarceradas no Brasil, muitas delas detidas sob o argumento da “guerra às drogas”, mas, por trás dessa alegação se enconde o racismo sobre uma população carcerária, em sua maioria, formada por negros. Como frisou Caetano, difícil não atribuir todos os horrores nacionais à escravidão.
“O cárcere é a maior expressão do racismo”, afirmou a advogada, atriz e militante Dina Alves, na entrevista publicada em janeiro de 2019, sobre a simbiose mortal entre raça, gênero, classe e punição, marcada sobre corpos femininos, cuja população encarcerada também cresce. A conversa com a pesquisadora negra foi uma das selecionadas pela editora da revista Adriana Dória Matos para compor o livro 30 entrevistas da revista Continente, lançado pela Cepe Editora em novembro de 2019.
O debate sobre as injustiças sociais é uma temática constante nas edições da Continente e o levamos para outras áreas, como a tecnologia. “Quem está conectado tem muito mais chances de desenvolvimento pessoal do que quem não está. Além de todas as dívidas que o país tem com sua população mais pobre, está também a dívida da conectividade”, observou o advogado Ronaldo Lemos. Essa entrevista faz parte do acervo de pautas em que discutimos a tecnologia e seus efeitos.
Quando a revista surgiu, há 20 anos, não havia essa interação tão forte que temos hoje com a internet e as evoluções tecnológicas não estavam tão ligadas ao nosso cotidiano. Essas foram algumas discussões trazidas pela publicação: internet e o direito à propriedade (março de 2008), livro eletrônico (julho de 2010), humor dos tempos das redes (dezembro de 2014), internet: não tão livre e democrática (junho 2016), consequências ambientais do crescimento exponencial do acúmulo de dados e do acesso à internet (novembro de 2016).
A revista, que começou suas primeiras edições no ano do atentado de 11 de setembro, na edição de fevereiro de 2016, abordava uma nova forma de terrorismo, o ciber terror. Na reportagem, escrita por Yellow, professor de Jogos Digitais, é apontada a vulnerabilidade das tecnologias emergentes, que põem em risco a segurança de governos, instituições e cidadãos. E em março deste 2020, publicamos Reféns da conectividade, escrita por Gianni Paula de Melo, uma reportagem que registra o atual estado de vício nas telas.
Se, em novembro de 2008, foi publicada a matéria Rumores e textos falsos se alastram pela internet, 10 anos depois, o problema se tornou muito maior com o advento das redes sociais, e principalmente do WhatsApp. Em agosto de 2018, foi publicada uma matéria de capa que expõe um dos maiores problemas da contemporaneidade. A reportagem Quando os fatos não têm vez aborda o uso político dessas ferramentas para a disseminação das fake news e a ideia de pós-verdade. “Ao conversar com jornalistas e pesquisadores sobre o assunto, tão urgente quanto crucial num país onde 76% da população usa o WhatsApp, a repórter especial Luciana Veras buscou entrever, ainda, o horizonte reservado ao próprio jornalismo”, afirmou o editorial daquela edição.
O horizonte reservado ao jornalismo é o que estamos construindo hoje, quase em meio às ruínas do próprio jornalismo como o conhecíamos até o final do século XX, quando a revista surgiu. Ao longo desses 20 anos, a Continente passou por importantes mudanças no seu projeto gráfico e na sua linha editorial, que a tornou mais diversificada, profunda, democrática, ampliando a participação de diversos colaboradores de Pernambuco, do país inteiro e até de fora do Brasil. Consciente de seu papel na sociedade, a revista discute o passado (Revolução de 1817, Revolução Russa, Revolução Cubana…) e o presente (Babel Sonora, O design e a cidade, Cidade Verde, O Verde sobre a Cidade, Recife Rural, O Rio Capibaribe e Cicloativismo), na tentativa de cooperar com a elaboração de um futuro melhor.
Na sua reformulação editorial em 2017, um dos incrementos – além da reestruturação do site, da revista digital e das redes sociais (e da estreia do podcast Trópicos em janeiro de 2020) – é que a revista passou a publicar cartuns e HQs, incentivando e fomentando o importante setor das artes gráficas, num cenário em que diversos veículos deixam de investir nesses produtos e até demitem seus chargistas e ilustradores.
Temos publicado histórias em quadrinhos exclusivamente criadas para a revista, ilustradas por profissionais de diferentes procedências e estilos, com narrativas sobre artistas icônicos, como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Alceu Valença (Celso Hartkopf), Antonio Maria (Samuca), Jean-Michel Basquiat (Raul Souza, capa da edição de novembro deste ano), além de criarmos roteiros a partir do poema O cão sem plumas, de João Cabral de Melo Neto, da música Banditismo por uma questão de classe, de Chico Science & Nação Zumbi (ambas por Jarbas Domingos), dos 40 anos do álbum The Wall, do Pink Floyd (Thales Molina) e da atuação da Gravadora Rozenblit (Flavão).
Humor, seriedade, fôlego e trabalho. É com esse espírito que, 20 anos depois daquele primeiro editorial, damos orgulhosamente continuidade à revista pernambucana Continente, acompanhando, contribuindo, registrando e, quem sabe, até protagonizando as transformações do mundo.
LINHA DO TEMPO
2000
Países de língua portuguesa lembram o centenário de morte de Eça de Queiroz (falecido em agosto de 1900). O escritor português foi homenageado na edição número zero da Continente, lançada em dezembro de 2000.
2001
Este é, sem dúvida, o ano do ataque terrorista de 11 de Setembro. Na edição de outubro, a revista trouxe o relato do escritor Latif Pedram, afegão exilado no Brasil, sobre o domínio do Talibã em seu país. O terrorismo seria assunto de edições futuras da revista.
2002
Inaugurado, no Recife, o Instituto Ricardo Brennand, equipamento cultural privado que reúne coleção de arte do engenheiro e industrial pernambucano. A exposição de abertura trouxe pinturas de Albert Eckhout e, com ela, o reinteresse pelo Brasil Holandês, tema de capa da edição de setembro (#21).
2003
No dia 28 de janeiro, morria o pintor pernambucano Cícero Dias, na França. O artista moderno provocou polêmica ao expor, em 1931, no Salão Revolucionário, no Rio de Janeiro, o painel Eu Vi o Mundo… Ele Começava no Recife. A edição #7 trouxe entrevista com o pintor, à época com 94 anos, e análise do seu trabalho.
2004
Cinquenta anos do rock’n’roll. A história oficial conta que o gênero foi criado em 5 de julho de 1954, por Elvis Presley, no intervalo de uma sessão de gravação, em Memphis. O ritmo promoveria uma revolução comportamental. A capa da edição de setembro (#45) expressa a atitude rebelde do gênero musical.
2005
Dom Quixote de La Mancha: o melhor livro de todos os tempos. Era isso que apontava pesquisa divulgada pelo Instituto Nobel. A imagem do cavaleiro e de seu fiel escudeiro Sancho Pança ilustra a capa da Continente #49, quatro séculos depois do livro ter sido escrito pelo espanhol Miguel de Cervantes.
2006
Nos 30 anos da morte de Juscelino Kubitschek, voltamos ao sonho da capital federal. Erguida em três anos e 10 meses no Planalto Central brasileiro, com projetos de Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, a cidade foi tema da edição #64. E voltou à revista em abril de 2010 (#112), nas comemorações dos seus 50 anos.
2007
Manoel Salustiano lançava seu segundo disco, A rabeca encantada. Instrumentista, luthier, compositor e mestre de cavalo-marinho, Mestre Salu fez herdeiros em família e é referência para diferentes matizes de artistas de Pernambuco. Seu perfil está na edição de agosto (#80).
2008
Em 19 de fevereiro, Fidel Castro renunciou à presidência e ao comando das Forças Armadas em Cuba. Ele e seus companheiros invadiram Havana em 1º de janeiro de 1959 e, desde então, comandava a ilha. A produção cultural cubana durante os 50 primeiros anos da revolução foi tema de capa da edição de dezembro (#96).
2009
Este foi o ano da reforma ortográfica, quando unificamos nosso escrever com os demais países lusófonos, assunto principal da edição de janeiro (#97), e também da abolição da obrigatoriedade do diploma de Jornalismo para o exercício da profissão, assunto tratado na nossa edição de julho (#103).
2010
Quatro décadas da criação do Movimento Armorial, que gerou obras nas mais diversas linguagens unindo elementos da cultura popular e da erudita. Tema de capa de outubro (#118), com Ariano Suassuna como líder do movimento. O escritor, falecido em 2014, foi assunto de várias edições da revista.
2011
O cineasta Karim Aïnouz levou para o Festival de Cannes o longa O abismo prateado. Na edição de julho, #127, ele falou sobre a experiência. Em 2019 (#226), Karim voltaria à revista depois que o filme A vida invisível foi exibido no festival francês e conquistou prêmio da mostra Un certain regard.
2012
Centenário de nascimento do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, pernambucano de Exu. Um artista fundamental para expandir a compreensão dos brasileiros sobre a diversidade cultural e de ritmos do país. Gonzagão estampou a capa da edição #138 e esteve presente em muitas outras edições nestes 20 anos.
2013
Em setembro, passou a vigorar a Lei da Ancine, pela qual os canais fechados deveriam exibir três horas e meia de produção nacional por semana. A determinação foi tema da #153. A edição refere-se também à ascensão da Netflix, empresa de streaming que chegara ao Brasil em 2011.
2014
O compositor Alceu Valença estreava como diretor com o filme A luneta do tempo e fizemos matéria sobre isso na edição #165. Em 2016, quando completou 70 anos, entrevistamos Alceu, que estampou a capa do número 186. Era a segunda vez que ganhava tal destaque, a primeira foi em janeiro de 2002.
2015
Ex-integrante do Mestre Ambrósio e do Fuloresta do Samba, Siba Veloso lançava seu segundo disco solo, De baile solto. Este e outros discos de músicos pernambucanos que chegavam ao mercado instigaram a pauta da matéria de capa da edição de setembro (#177).
2016
A capa da edição #183 foi dedicada ao mangueboy Chico Science, que faria 50 anos naquele março. Em dezembro (#192), foi a vez de Francisco Brennand, que publicava seus diários. O artista, falecido em 2019, remonta às primeiras edições da Continente, da qual foi capa na edição número 7, de junho de 2001.
2017
Ano marcado pela celebração dos 200 anos da Revolução Pernambucana, quando um grupo, manifestando sua insatisfação com o comando de Portugal, iniciou um movimento republicano e liberal. O tema da capa de edição de março #195 traz uma análise do fato histórico.
2018
O direito dos animais, as fake news, a solidão foram alguns dos assuntos que nos mobilizaram neste ano. Mas, certamente, rever a atualidade da Declaração Universal dos Direitos Humanos, 70 anos depois, assunto da edição #216, foi um golpe nas nossas mais ternas esperanças na humanidade…
2019
Gente importante da cultura pernambucana ilustra as nossas capas: a cirandeira Lia de Itamaracá (#222), o cacique Marcos Xukuru (#228) e o cineasta Kleber Mendonça Filho (#225). Bacurau, longa-metragem codirigido por Kleber e Juliano Dornelles, recebeu neste ano o prêmio do júri no Festival de Cannes.
2020
Ano da pandemia da Covid-19, do isolamento social, dos acirramentos das manifestações contra o racismo estrutural, a LGBTfobia, o machismo. Como síntese e metáfora deste ano, destacamos a reportagem da edição de abril #232, em que tratamos do encarceramento em massa no Brasil.