Edição #192

Dezembro 16

Nesta edição

Ricardo Brennand

Muitos de nós nem vivemos 64 anos, somos abreviados antes. Mas é este tempo que está registrado num projeto soberbo de Francisco Brennand: a produção de um diário. Ao longo desse período, de 1949 a 2013, o artista anotou em cadernos impressões, ideias, inquietações, não apenas sobre si mesmo, a vida íntima e familiar – como é peculiar aos diários pessoais –, mas relativos à arte, à literatura, ao cinema… enfim, aos hábitos culturais e intelectuais do grande criador que é Brennand.

Esse material valioso e imenso está sendo lançado agora numa caixa com quatro volumes que somam, no total, 1.992 páginas. Imagine, leitor, que este material (que, claro, conta com todo o aparato de edição textual e design gráfico, com sumários, índices remissivos, fac-símiles, reproduções de obras do artista, entre outras belezas) não contempla tudo que Francisco Brennand escreveu ao longo destas seis décadas. E sabe por quê? Porque ele literalmente queimou páginas e páginas que não queria eternizar; também editou – reescreveu, reviu – vários dos escritos, para que eles chegassem a uma forma literária adequada aos seus propósitos. O artista intitulou a edição do seu diário O nome do livro, considerado pelo poeta e ensaísta Alexei Bueno, que prefacia o primeiro volume do diário, “o maior do gênero diário já aparecido na literatura brasileira”.

Há meses, a Continente vem cortejando esta edição, realizada pela Inquietude, com o apoio da Cepe Editora (que publica a revista). Agora, com o lançamento da obra, oferecemos uma interpretação do diário, tarefa para a qual convidamos a jornalista Bárbara Buril, que esteve com Brennand meses atrás, em sua Oficina na Várzea. Cada um de nós, leitores, será tocado de forma diferente por esse encontro com o texto de Brennand e, possivelmente, essa experiência nos enriquecerá acerca da obra em pintura e cerâmica desse artista que teve coragem e determinação para nos dizer profundezas de modos tão diferentes e complementares.

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