CONTINENTE Como se fosse uma caricaturização dos nordestinos.
KMF Isso. Uma vez eu fui ao Copacabana Palace para uma junket da Dreamworks (evento de lançamento para filmes de grande porte, em que geralmente se convidam jornalistas do país inteiro para ver a obra e depois entrevistar a equipe). Chego lá no final do corredor e tem duas assessoras de imprensa de São Paulo cuidando da junket. Dou meu nome: “Kleber Mendonça, do Jornal do Commercio”. Aí ela diz: “Ah, Kleber, bem-vindo. Você vai precisar de tradutor, né?” (imitando sotaque paulista). Eu: “Não, não, eu falo inglês”. “Pô, bacana, pessoal do Recife falando inglês!” (novamente em sotaque paulista). Essas coisas você vai acumulando ao longo de muitos anos, e, sabe como é? É normal, é brincadeira, mas é estranho, muito estranho. Acho que mostra muito como funciona a lógica do país. Isso está em Bacurau, numa cena que é forte, quando alguém diz: “A gente é feito vocês”. A resposta: “Mas eles são brancos e vocês não são brancos”.
Funeral de Carmelita (personagem de Lia de Itamaracá) no filme Bacurau (2019). Foto: Victor Jucá/Divulgação
CONTINENTE Nesse último tiroteio em massa nos Estados Unidos, em El Paso, no Texas, uma parte da imprensa se apressou em dizer que o assassino tinha uma doença mental, mas depois se descobriu que ele tinha viajado nove horas apenas para chegar mais perto da fronteira com o México e assim poder matar mais “pessoas de cor marrom”. E ele era branco. Se fosse negro, ou árabe, poderia ter morrido e já seria um terrorista.
KMF Eu devo me isolar para escrever um roteiro novo e acho que, dessa vez, vou me fechar das redes. Mas, para Bacurau, a gente achava até importante estar conectado o tempo todo. Às vezes, era um problema, com a perda de tempo e procrastinação, mas estar aberto à permeabilidade nos dava acesso a informações constantes do mundo. Muito do que entrou no filme vem dessa relação muito forte de violência enraizada na sociedade americana, que, de nenhuma maneira, deve ser vista como um resumo dessa sociedade. Os Estados Unidos são uma sociedade extremamente complexa, e todos nós nos alimentamos dos Estados Unidos: eles têm uma cultura riquíssima na música, na literatura, mas é inegável que tem uma história de violência, até com a comercialização dessa violência, e isso veio muito no roteiro. Uma história como essa de El Paso é fascinante. Não só isso: quando o cara é branco, não é terrorismo, é doença mental, ou um massacre puro e simples. Na Boate Pulse, na Flórida, quando um árabe que não lidava bem com sua sexualidade fez aquele massacre, era terrorismo. Isso tudo entrou no roteiro, com propriedade. Eu não sou americano, mas sei o que está acontecendo. Juliano não é americano, mas também sabe, e as narrativas são muito impressionantes, porque têm uma carga cultural, política, de raça e religião. E produtos desenhados para matar gente.
CONTINENTE Isso tudo está em Bacurau: aquelas pessoas acham que têm o direito de estar ali para caçar outras pessoas. Essa é uma discussão que a gente pode trazer para o cotidiano do Brasil, tendo em vista que a Polícia Militar entra numa favela do Rio de Janeiro e um bebê de um mês morre vitimado por uma bala perdida. É como se fosse um efeito colateral.
KMF Uma pessoa branca de classe média morta num assalto é capa. Seis meninos negros mortos numa comunidade, num sábado à noite, é contracapa. E embaixo. Esses pesos diferentes para violência são a base da escrita de Bacurau. Uma comunidade inteira dizimada… Por que não? Mas a comunidade matar todos eles e cortar suas cabeças, “Ah, que absurdo, selvagens!”.
CONTINENTE Vocês viajaram muito para escolher a locação de Bacurau?
KMF A gente viajou muito e a gente precisava de uma comunidade isolada, de uma rua. Sobre essa ideia do Sertão: meu terror era escrever uma coisa de turista e na verdade chegar lá e ver que não é assim. Mas, quando a gente visitou o Sertão, não só agregou coisas novas, como confirmou muitas outras, como o senso de comunidade, a inteligência, como as pessoas eram antenadas, a visão política que elas têm. E trabalhar com 100 figurantes da região nos ensinou muito. Eles não só nos ensinaram, como até em cenas de que estavam participando sem receber exatamente um briefing completo; só de olhar para a cena, aquelas pessoas sabiam exatamente o que estava acontecendo, pois aquilo ali fazia parte da vida delas. Meu maior medo era inventar uma coisa de “menino de cidade”, mas isso não aconteceu. Aconteceu uma coisa: não chovia há oito anos e, quando a gente começou a pré-produção, começou a chover como não chovia há muitos anos. E aí, bum!, tudo verde, uma explosão hollywoodiana de natureza. Que massa, então, vai ser esse o Sertão.
CONTINENTE Quando esse roteiro foi fechado? Porque tem muita coisa atual.
KMF A gente fechou na segunda semana de março do ano passado. Mas alguns detalhes entraram na mixagem e na montagem. Por exemplo, na montagem entrou a leitura de nomes no final do confronto, em um aceno a Marielle Franco (vereadora carioca negra assassinada em março de 2018, no Rio de Janeiro). Quando Sônia veio filmar, Marielle tinha morrido três semanas antes. Tinha estado com Marielle e estava muito impactada pela sua morte. A morte de Marielle é a execução de uma mulher negra, que tinha um posicionamento social e político forte e que foi assassinada de maneira profissional. É impossível essas coisas não estarem no filme. Acho inacreditável você fazer um filme no qual o Brasil não está. Aí você vai falar com o diretor e com a diretora, e eles: “Mas você não viu que tem um chapéu vermelho ali no fundo, atrás”. – Não, não vi. “Ah, mas aquilo representa o Brasil”. Não, não, a gente precisa de algo mais forte nesse tempo de subtração de direitos.
CONTINENTE Falando nisso, qual a forma de driblar o desmonte no cinema?
KMF Se você pensar em termos do que é normal no mundo, que é o governo apoiar a cultura, acho que é um desafio muito grande. Porque, se eles querem cortar, vão cortar. Mas eu diria que é um momento muito importante para jovens partirem para fazer filmes muito provocadores, bem fortes, com o mínimo de equipamento. Estamos em um momento fantástico para isso. Com uma câmera dessa (aponta para a câmera do fotógrafo Breno Laprovitera), você faz um filme de muita qualidade, aí leva pra casa e edita no seu colo. Literalmente nas coxas (risos). E faz um filme foda. Gostaria de ver uma reação nesse nível, de cineastas homens e mulheres jovens fazendo filmes muito simples e muito fortes. Porque hoje o Brasil tem todo tipo de filme. Eu fiz A menina do algodão com R$ 78 e fiz Bacurau com 8 milhões de reais. Bacurau é um tipo de filme e A menina do algodão é outro. Vinil verde é um tipo de filme e As boas maneiras é outro, e os dois são de gênero, são brasileiros. Então, acho que é um momento bom para reagir. Agora, em relação ao cinema feito com estrutura comum, normal, me parece que há uma real ameaça nesse sentido. Hoje, o cinema brasileiro é muito diverso: em orientação sexual, em temas, regionalmente. Você tem todos os diretores fazendo filmes em Pernambuco, o Ceará fazendo filme, os meninos de Contagem, em Minas Gerais, gente de Curitiba… Tá diverso de uma maneira que nunca foi. E é exatamente agora que esse cinema começa a ser desmontado. Porque um filme pernambucano, filmado com lentes Panavision, de aventura, mas que é meio estranho, vai para Cannes e ganha prêmio lá é uma prova dessa diversidade.
CONTINENTE A sua carreira está ameaçada nesse sentido? Porque existe essa perseguição, essa cobrança para devolver mais de R$ 2 milhões relativos a O som ao redor.
KMF A minha, eu espero que não. Isso faz parte de um momento triste que a gente está vivendo agora e é algo completamente sem precedente na história do MinC e da realização de cinema no Brasil. Nunca aconteceu com um filme que existe, que foi entregue. Aconteceram algumas cobranças com relação a filmes que nunca foram feitos, o que acho até normal que aconteça, mas isso é uma ação de extorsão em um momento terrível do Brasil, contra os artistas. O que me faz dormir bem à noite é que não sou o primeiro artista a ser perseguido nem vou ser o último. É curioso que nesta entrevista a gente esteja falando de toda uma trajetória, de quando eu era criança, dos anos 1980… Estou há 25 anos fazendo cinema, tudo público e aberto, sempre claro, e nada mudou no que eu faço, exceto que eu vou fazendo cada vez mais. Tem o Janela Internacional de Cinema do Recife (festival criado por Kleber e Emilie Lesclaux em 2008), tem o trabalho com a imprensa, tem os filmes que faço e todo filme que faço gera mais energia. A única coisa que mudou foi o Brasil. É um pouco suspeito que a única coisa que mudou foi o país. E é exatamente quando o Brasil muda, e assume atitudes que não são democráticas, que um negócio desse aparece com relação a um artista como eu, que sempre fez tudo da maneira mais clara, até com repercussão internacional. Enfim, a gente está em um processo judicial, com advogado.
CONTINENTE Isso vai para onde, para o STF?
KMF Imagino que sim. Mas é o equivalente a você ser assaltado pelo seu país.
CONTINENTE O que o MinC alega? Que vocês receberam recursos e havia um teto que não poderia ser complementado com incentivo de outra fonte, é isso?
KMF O edital do qual a gente participou, a gente e vários outros projetos, tinha uma abertura de interpretação, que foi esclarecida com a Ancine e com a Secretaria do Audiovisual, e que as duas disseram: “Sim, é fato, vocês podem complementar com dinheiro, mas não federal”. Então a gente usou dinheiro do Estado de Pernambuco, outros projetos complementaram com dinheiro municipal, e isso tudo foi documentado e arquivado e estava tudo certo. Quando entrou o governo Temer, entraram pessoas que não acreditam no estado como apoiador da cultura. O alvo mais fácil de fazer alguma coisa fui eu, até pelo sucesso dos filmes.
CONTINENTE E talvez também pelo protesto feito em Cannes, em maio de 2016?
KMF Tenho um orgulho enorme do protesto que a gente fez, mas isso já vinha rolando ao longo de um ano dentro da Ancine, por parte de uma pessoa que criou essa situação dentro de um laboratório. Porque já existia uma guerra interna lá, uma guerra de narrativas, pois ela, nos últimos anos, tinha estado no período Manoel Rangel (diretor-presidente da Ancine entre 2006 e 2017), então tinha uma coisa de inimizade.
CONTINENTE Você vai dizer quem é essa pessoa?
KMF Eu não posso falar aqui, mas vocês deveriam ir atrás. Aí, quando o MinC virou golpista, eles pegaram isso e simplesmente deram continuidade, mesmo não fazendo o menor sentido. Qualquer sentido. Até porque o filme foi entregue, sem falar de que todos os outros filmes, que fizeram o mesmo procedimento legal, nenhum deles está sendo investigado.
CONTINENTE Isso já estava sendo gestado ao longo de 2015?
KMF É, mas o que aconteceu mesmo foi quando mudou o ministério e ele passou a ser um MinC golpista.
Maeve Jinkings, Sonia Braga e Emilie Lesclaux e Kleber realizam protesto no Festival de Cannes, em 2016. Foto: Valery Hace/AFP
CONTINENTE Pegando a lembrança do protesto, queríamos que você falasse da importância de ir para Cannes naquele ano. Você era crítico, ia para o festival sempre e, de repente, estava lá como diretor de um filme brasileiro na competição.
KMF Eu conhecia Cannes durante todos os anos como crítico, conhecia todas as portas e salas e todo o jeito de Cannes operar e agora estava lá com um filme, vendo todas as portas do outro lado. Isso foi muito forte, estar lá com os meus amigos, tendo feito um filme tão pessoal, infelizmente num mês terrível para o Brasil, quando os ritos democráticos estavam sendo abandonados. A imprensa internacional não estava sabendo, não estava entendendo nada. Na verdade, a imprensa internacional estava repetindo o que saía na imprensa nacional, botando no Google translator. Acho que o protesto alertou, dizendo “se liguem”. Vários jornalistas vieram me falar isso: “A gente não tinha noção do que estava acontecendo, agora a gente tem”. Que bom que Aquarius foi parte de um momento histórico e é curioso como sobreviveu ao protesto. O filme poderia ser só o protesto, mas ganhou vida própria e seguiu uma carreira.
CONTINENTE Três anos depois, com Bacurau em Cannes, você decidiu não fazer nenhum protesto oficial?
KMF Não, porque quando o filme foi anunciado em Cannes, toda a imprensa fazia a mesma pergunta: “Qual vai ser o protesto?”. Parecia que eu era o cineasta do protesto. E eu lembrava muito do Los Hermanos: “Vai tocar Anna Júlia?”. “Hoje vai ter Anna Júlia?”. E, na verdade, todo mundo sabe o que está acontecendo no Brasil. A imprensa internacional está dando, até melhor do que a daqui.
CONTINENTE Que tipo de espectador você é com seus próprios filmes?
KMF Faço os filmes que gostaria de ver. Isso vem de uma formação, de muitos anos indo ao cinema. Tenho memórias afetivas de grandes sessões de cinema que vi, às vezes sozinho, às vezes com outras pessoas, e quero repetir um pouco daquele sentimento – como acontece sempre com os artistas, sempre tem uma tentativa de volta. Lembro quando fui ver Robocop sozinho no São Luiz, em 1987, e era o filme perfeito de ação, mas ao mesmo tempo era algo muito especial porque não era normal. Era isso que eu queria fazer: um filme anormal. Bacurau é totalmente brasileiro, mas, ao mesmo tempo, tem alguma coisa ali que não é muito comum. Não sei se é a imagem, a câmera, a violência, alguma coisa que nos atraía muito, eu e Juliano, e a gente queria mostrar nesse filme algo que não era normal. Algo que talvez vocês já tivessem visto, mas não daquele jeito.
CONTINENTE As imagens do filme trazem mesmo uma reincidência afetiva, que nos leva a filmes já vistos, mas também traz ecos do Sertão, do cangaço, que é tão nosso, e tem a referência literal das cabeças cortadas, mas também o senso de comunidade.
KMF Algumas pessoas se apegam a essa ideia do cangaço, por causa das cabeças cortadas, mas é incrível o que aconteceu durante a escritura do roteiro e na semana passada: quando se tem uma rebelião nos presídios no Brasil, são arremessadas 14 cabeças e algumas viram bola. Não tem nada a ver com o cangaço, tem a ver com o Brasil. Quem sabe Lunga, personagem de Bacurau, e o bando dele não passaram um tempo, dois anos numa penitenciária, e lá viram esse negócio acontecer e, quando eles estavam em Bacurau, pensaram “eu vou é cortar cabeça também?” Não é só o cangaço, é muito mais complexo. Teve uma pessoa que viu o filme e veio me dar aula: “Olhe, mas o cangaceiro não cortava cabeça, quem cortava era a volante”. É mais complexo do que isso tudo, pois a sociedade brasileira é violenta demais e agora parece que perdeu o pudor. Essa da rebelião em Altamira (no Pará, ocorrida em 29 de julho) foi relatada sem pudor. Caralho… Decapitados? Sob tutela do Estado?
CONTINENTE O que você achou dessa mudança nos critérios para seleção ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro? Agora vão ser nove indicados. Você foi prejudicado no ano de Aquarius.
KMF Acho ótimo, mais chance. Aquilo foi estranho. Um harakiri.
CONTINENTE Qual o impacto que um Oscar tem, na realidade?
KMF Incrível, é muito assustador. Para a divulgação do filme, é gigante. Não sei se depois que a pessoa ganha tem algum impacto, talvez para o próximo projeto. Porque tem muito realizador que ganhou Oscar e não aconteceu nada. Mas, para divulgação, é algo gigantesco. É o que a grande massa entende como cinema. Cannes é bem importante, mas o Oscar… outro nível.
CONTINENTE Você é uma pessoa muito presente nas redes sociais. Sofre com haters?
KMF Não, mas às vezes aparece um e, em três segundos, a pessoa está bloqueada. Crio um Reino da Carochinha… Minhas redes sociais são o Reino da Carochinha, só gente que concorda comigo (risos). Isso é bom para a saúde mental. É bom para não ter que acordar e ver um cara que postou a execução de um cachorro no Facebook. Isso faz mal. Então, no início do Facebook, eu já via isso e bloqueava a pessoa. Não que ela postasse para eu ver, mas é o tipo de gente que acha execução legal, que gosta de agressões. Na semana passada, apareceu uma doidinha, ainda fui paciente, mas depois vi que era bolsominion mesmo e bloqueei. Essas pessoas trabalham com marcadores de realidade. A gente está aqui no Café Santa Clara, a pessoa aparece e diz: “Está de noite lá fora, são 20h, os carros estão passando com a luz acesa”. Mas não está de noite, são 11h50 e o sol brilha lá fora. É isso o que está acontecendo no Brasil, é sobre isso que Antônio Prata escreveu. Quando a Folha de S.Paulo fala que Bolsonaro é polêmico, não, ele não é polêmico, ele é um escroto, idiota, mentiroso e filho da puta. Isso é o que ele é. Ele não é polêmico. Usei as redes sociais para escrever o roteiro de Bacurau e vou sair agora para me isolar, para escrever um outro roteiro. Porque esse roteiro se passa em 1970, não preciso de rede social para falar sobre como era 1970; preciso ir para o Arquivo Público, ver arquivos de foto, ler livros. Mas, para Bacurau, foi superimportante ver que tinha uma matéria no New York Times sobre um grupo de soldados no Afeganistão que saiu atirando em civis. Que não tinha nada melhor para fazer, pois estava achando tudo monótono, chato pra caralho, e isso foi interessante para o projeto. Quando você está escrevendo, descobre que o vocabulário da maldade humana é muito maior do que a gente pensa.
CONTINENTE Quem seria o cineasta que você gostaria que visse Bacurau?
KMF Não sei se tenho fetiche de determinado cineasta para ver meu filme. Talvez John Carpenter. Ele estava em Cannes no mesmo dia em que a gente ia apresentar o filme, mas estava recebendo um prêmio. Mas, no fundo, acho que tenho medo. Ele é um velho meio rabugento.
-------------------------------------------------------------------
Extra: Confira Homem de projeção (1992), Enjaulado (1997), A menina do algodão (2003), Vinil verde (2004, na foto), Eletrodoméstica (2005) e Recife frio (2009), alguns dos curtas-metragens de Kleber.
-------------------------------------------------------------------
DÉBORA NASCIMENTO, repórter especial da Continente e colunista do site da revista.
LUCIANA VERAS, repórter especial da Continente.