Edição #165

Setembro 14

Nesta edição

Arte natureza

Em vários momentos da história da arte, observamos a “presença da natureza”. Até o século 19, predominou um olhar contemplativo, platônico, idealista sobre ela, em obras que a representavam como expressão de beleza, refúgio, idílio, mas também drama e horror. Mesmo com essas variações de pontos de vista, havia como elemento em comum a noção de cisão entre o homem e a natureza, com a prevalência do primeiro.

Em certo sentido, mesmo com os movimentos de vanguarda, a arte do século 20 não se contrapôs diretamente a essa ideia de cisão entre o homem e a natureza. A visão que tínhamos dessa relação só foi contestada nos anos 1960, a partir de movimentos artísticos que adotaram um olhar crítico e francamente político sobre o assunto.

Subjazia a esse fenômeno um cenário planetário de crescente escassez de alimentos e bens naturais, consumo excessivo, desastres ambientais. Palavras como meio ambiente e ecologia entraram na agenda internacional.

Ao mesmo tempo, os artistas questionavam aspectos como a institucionalização da arte, a restrição da fruição das obras a espaços expositivos, o formalismo de movimentos consagrados pelo establishment. Motivados por discussões distintas, surgiram o minimalismo, o novo realismo, a land art (ou earth-art), a arte povera (do italiano “pobre”), que colocaram em xeque os variados graus de distanciamento e alienação a que a sociedade estava submetida naquele momento. Dessa forma, muitos artistas – sobretudo europeus e norte-americanos – realizaram trabalhos não sobre, mas na natureza.

Desde então, com maior ou menor ênfase, o protagonismo do ambiente natural e a relação dos artistas com ele têm marcado presença na arte. Nesta edição da Continente, tomamos como ponto de partida o fato de a recente Bienal da Bahia ter usado como base refl exiva o Manifesto do naturalismo integral, de Pierre Restany, para trazer à discussão procedimentos que artistas contemporâneos estão usando para trabalhar o binômio arte-natureza.

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