Edição #206

Fevereiro 18

Nesta edição

Carnaval é resistência

Fevereiro, Carnaval, hora de colocar o bloco na rua. Por mais efêmeros que sejam os desfiles nos quatro dias do reinado de Momo, para que uma agremiação consiga sair nessa festa, um trabalho hercúleo é realizado ao longo do ano. Neste fevereiro, nossa reportagem de capa apresenta a você, leitor, os bastidores da preparação para o Carnaval 2018 do Banhistas do Pina, um dos blocos mais tradicionais de Pernambuco. 

 A agremiação foi fundada em 1932, na Comunidade do Bode, no Pina, por um grupo de estivadores, pescadores e lavadeiras que queriam cair na folia. À época, o lugar não tinha luz e o chão era batido de areia preta – eis o território do Banhistas. A repórter Sofia Lucchesi rumou para esse lugar e passou a acompanhar, desde outubro, os preparativos do grupo para o Carnaval 2018. Lá, conversando com as pessoas que seguem resistindo e levando o Banhistas às ruas, entendeu o contexto da fundação da agremiação, as dificuldades que acompanharam o grupo ao longo desses mais de 80 anos de continuidade e descontinuidade – o bloco não conseguiu participar do Carnaval entre 2013 e 2015.

Nesse percurso, a reportagem apresenta histórias de famílias cuja vida está entrelaçada com a história do Banhistas. Os pais do atual presidente, seu Vavá ou “Vavá do Banhistas”, foram fundadores do bloco. Seu filho, Júnior Afro, 50 anos e desde os nove desfilando no bloco, dá sequência à tradição, atuando como carnavalesco e produtor. 

Ainda no clima carnavalesco, Climério de Oliveira Santos lança um olhar sobre as orquestras femininas de frevo. Os espaços ocupados pelas mulheres nesse gênero musical sempre foram bem definidos: elas eram intérpretes, coralistas ou passistas. Não encontravam espaço nas orquestras de frevo de rua. Esse cenário tem mudado com a fundação de orquestras exclusivamente femininas, com maestrinas e musicistas mulheres. É a trajetória desses grupos que passamos a conhecer no artigo do pesquisador e compositor. Por fim, para não dizer que só de frevo vive o Carnaval, entrevistamos o sambista Martinho da Vila que, também este mês, precisamente no dia 12, completa seus 80 anos, pouco mais de 50 deles dedicados ao samba.

E é com essa declaração de amor ao Carnaval, entoada por Seu Vavá, presidente do Banhistas do Pina, que encerramos essas linhas e desejamos uma ótima leitura. “Tem gente que quer viver da cultura, e não para a cultura. Eu não vivo do Carnaval, eu vivo para o Carnaval.”

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