Edição #211

Julho 18

Nesta edição

Homo sapiens, predador

Fênix, dragão, unicórnio, Pegasus… O homem que criou esses seres fantásticos movido pelo fascínio pelos animais é o mesmo que oprime os da vida real. Diferentemente dos imaginários (que perduram na ficção), os reais vêm enfrentando uma longa batalha pela sobrevivência num mundo dominado por seu principal predador, o Homo sapiens. Isso está exemplificado nas histórias de Sandra, Cecilia, Sudan e Tilikum – alguns dos incontáveis seres espalhados pela Terra que tiveram a má sorte de se deparar com um ser humano. Essa antiga batalha, em curso até hoje, é narrada na nossa reportagem de capa,  que traz, entre as imagens que a ilustram, as impressionantes esculturas de Mozart Guerra, artista plástico pernambucano radicado em Paris.

“Eles (os animais que cria) sugerem a ambiguidade, ou esquizofrenia humana, que associa admiração e destruição do sujeito desejado. Estamos sempre constatando a destruição e os maus-tratos sobre animais, assim como um discurso paralelo, e muito atual, de preservação e admiração da fauna. Essa ambiguidade de sentimentos humanos em relação à fauna é o que me interpela desde muito tempo; mais do que uma questão de direitos animais. Há um desequilíbrio, uma desproporção nos atos destruidores, eles são devastadores e mais ativos do que os bons sentimentos. Embora, acredito, haja muito mais gente querendo proteger do que destruir o mundo animal”, afirma Mozart.

Neste 2018, em que se completam os 30 anos da Constituição Federal, que estabeleceu parâmetros importantes para a proteção da fauna, os 40 anos da Declaração Universal dos Direitos dos Animais e o cinquentenário de O planeta do macacos, filme marcante por estabelecer um exercício de empatia, foi também lançada em português a versão original – sem censura – do livro A origem das espécies, de Charles Darwin, um marco para a mudança da visão científica, filosófica e religiosa sobre os animais.  No prefácio à essa edição, o biólogo Nélio Bizzo escreve: “Somos apenas mais uma espécie, de origem recente e extinção não muito distante, como todas as demais. Galileu nos demoveu da certeza da grandiosidade astronômica de nosso planeta, e Darwin nos convenceu da pequeneza biológica dos humanos: pequenas folhas na extremidade de um dos inúmeros ramos da frondosa árvore da vida”.  

Diante da nossa evidente pequenez, como açoitar as demais espécies?

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