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Artes visuais e música
Som e imagem entram em diálogo em projetos gráficos de discos, espetáculos e videoclipes
O que Joni Mitchell (cuja arte do álbum Wild things run fast, de 1982, ilustra este editorial), Bob Dylan, John Lennon, Paul McCartney, Ron Wood, David Bowie, Freddie Mercury, Janis Joplin e Patti Smith têm em comum, além do fato de serem ícones da música? Todos eles incursionaram pelas artes plásticas, tornando-se – ou não – reconhecidos também neste campo, a exemplo do guitarrista Neilton Carvalho, da banda pernambucana Devotos, que fez o seu autorretrato exclusivamente para a capa da Continente deste mês.
Na matéria principal desta edição, abordamos a recorrente ligação entre a música e as artes visuais, seja pelo trabalho autoral dos músicos aqui citados, e de outros, seja pela presença marcante da arte em shows e nas capas de discos, tornando-as, além de invólucros de CDs e LPs, marcas registradas dessas obras. Investigamos, também, a incursão de artistas plásticos pelo terreno da música – como se deu com o suíço Paul Klee, autor da Teoria da Forma, que trouxe para as artes visuais as noções de modulação, ritmo e psicodinâmica das cores.
Publicamos neste mês, ainda, um especial sobre o conteúdo dos programas televisivos oferecidos às crianças e aos adolescentes pelas emissoras abertas e pagas, que vêm negligenciando um elemento crucial à formação de indivíduos: a diversidade. O tema se torna gritante quando levamos em consideração que, no Brasil, menores de idade passam mais horas em frente à TV do que na escola. Uma pesquisa do Ibope Media revelou que espectadores entre quatro e 17 anos, de todas as classes sociais, assistem, em média, 5h35 de programação por dia. Enquanto isso, um estudo da Fundação Getúlio Vargas apontou que estudantes dessas idades ficam, em média, menos de quatro horas diárias em salas de aula.
Duas questões são essenciais no uso da televisão por esse público: o conteúdo consumido e a solidão do momento de exposição à tela. Para a professora de Psicologia da PUC São Paulo, Ana Bock, é preciso trabalhar a TV como ferramenta cultural. “Da mesma forma que a gente lê um livro com a criança que não sabe ler, a televisão também tem que ser lida com a criança.”
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