Com a popularização de DJs e instrumentos virtuais, acionados em computadores, cada vez mais artistas de música eletrônica estão recorrendo a espetáculos audiovisuais. O gênero EDM (Electronic Dance Music) tornou-se, na última década, extremamente popular, e em torno deste surgiram os maiores festivais de música do mundo. Parte da festa, no entanto, é o assalto sensorial causado por intervenções visuais criadas por empresas de design especializadas em espetáculos, como Strangeloop (que já trabalhou com Skrillex e Flying Lotus), United Visual Artists (Massive Attack) e Universal Everything (responsável pelos shows do Coldplay), que cercam os DJs de parafernália visual, para afastar a impressão de que os artistas estão apenas checando seus e-mails na frente de milhares de espectadores.
Alguns músicos e bandas integram uma classe particular, em que a performance ao vivo e a composição das músicas quase não podem ser dissociadas. A banda norte-americana Talking Heads procurou explorar diferentes mídias, como o cinema e a televisão, durante sua prolífica carreira, apresentando sempre um discurso crítico à cultura de massa. O filme Stop making sense, de 1984, documenta a explosão de criatividade e funk que o grupo apresentava ao vivo, montando e transformando o cenário do palco durante o show.
Há anos, Peter Gabriel já perturbava os companheiros da banda Genesis, ao usar vestimentas esdrúxulas no palco, antes de sair em carreira solo. O filme Secret world live, sobre a turnê do disco Us, de 1992, é a culminância de sua criatividade. Músicos, cabine telefônica, um pântano, uma árvore, brotam de dois palcos ligados por uma esteira rolante, em uma apresentação teatral, ao mesmo tempo empolgante e introspectiva.
Comparada a Gabriel desde o início de sua carreira solo, em 1993, a islandesa Björk buscou criar shows, vídeos e arte arrebatadores para sua música. Interesses diversos, que vão da música experimental à moda, sempre estiveram presentes em seu trabalho, e suas parcerias trouxeram visibilidade a músicos, cineastas (Michel Gondry, Spike Jonze, John Kricfalusi, Lars Von Trier) e estilistas (Alexander McQueen, Iris van Herpen, Maiko Takeda). Seu projeto multidisciplinar Biophilia, uma apreciação musical da natureza, foi lançado, simultaneamente, como disco, show, exposição de museu e aplicativo para tablet. A cantora usou desde instrumentos artesanais, que exploram princípios físicos e matemáticos, a gaiolas eletrificadas, que geram notas através de raios.