Outros artistas também tiveram suas carreiras marcadas pela assinatura de capas de discos, como os norte-americanos Raymond Pettibon, autor de Goo (1990), do Sonic Youth, e Patrick Nagel (1945-1984), que criou a de Rio (1984), do Duran Duran. Mais recentemente, o terceiro álbum do Tame Impala, Currents (2015), projetou o jovem norte-americano Robert Beatty. Ele já havia realizado outras para artistas independentes, mas sem o mesmo impacto.
A ligação de artistas plásticos com o projeto gráfico de discos vem de longe e tem seu exemplo clássico no début do Velvet Underground, o “disco da banana” (1967), apontado como uma das melhores capas da história. O ícone da pop art começou sua colaboração visual na música em 1949, aos 21 anos, para o álbum do maestro mexicano Carlos Chávez, A program of mexican music. As ilustrações bem-comportadas de então eram diferentes do estilo que o definiria duas décadas depois, com capas notáveis como a do Sticky fingers (1971) e Love you live (1977), dos Rollings Stones, e Liza Minnelli At Carnegie Hall (1981).
Na capa de Piano Music of Mendelssohn and Liszt (1951), de Vladimir Horowitz, Warhol esboçava a exploração das cores que aplicaria às incontáveis capas de jazz para o selo Prestige. E, dois anos depois, em William Tell Overture; Semiramide Overture (NBC Symphony Orchestra/Arturo Toscanini) (1953), de Gioachino Rossini, usou, pela primeira vez, uma fruta na capa de um disco, uma maçã.
Outros artistas realizaram marcantes capas de discos, como H.R. Giger, para o primeiro álbum solo de Debbie Harry, Koo Koo (1981); Klaus Voormann, autor do desenho de Revolver (1966), dos Beatles; Jean-Paul Goude, nome por trás de Island life, de Grace Jones; Alexander McQueen, estilista que criou o vestido e a concepção da capa de Homogenic, de Björk (1994), a dupla Karl Klefisch e Günther Fröhling, que fez as do Man Machine (1978) e do Computer World (1981), do Kraftwerk. A primeira foi inspirada no designer, fotógrafo e arquiteto russo El Lissitzky (1890–1941), que influenciou a escola Bauhaus. A banda Franz Ferdinand também homenageou Lissitzky nas imagens de seus discos.
Mas raros profissionais fizeram tantas capas quanto Storm Thorgerson. Podemos dizer que o designer gráfico inglês não construiu o projeto visual de seus clientes, afinal o que eles realmente queriam era sua marca nos invólucros de seus álbuns e, quem sabe, que repetisse o feito das artes realizadas para o Pink Floyd, como o porco gigante sobrevoando a estação de energia em Animals, o executivo em chamas de Wish you were here, a vaca de Atom heart mother e sua obra mítica, Dark side of the moon. Quando Thorgerson faleceu em 2013, o guitarrista David Gilmour, demonstrando entender o real significado que um produto artístico como esse conquista no imaginário coletivo, fez um comunicado afirmando que as criações do seu amigo “eram parte inseparável do trabalho do grupo”.