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Tatuagem
Uma breve história da body art, desde os tempos do submundo marginal à difusão massiva
Não faz muito tempo, ela era associada ao submundo, ao crime. Só marinheiros, penitenciários e prostitutas se arriscavam a criar desenhos definitivos em suas peles, de forma amadora, sem qualquer cuidado higiênico e com materiais improvisados. Pouco a pouco, a técnica foi saindo dos guetos. Mas quem trazia em seu corpo essas marcas carregava também algum estigma, era tachado de marginal, de drogado, de rebelde. Hoje, a tatuagem conseguiu vencer muitos desses preconceitos, popularizou-se e se disseminou em vários campos da sociedade – não é só nos shows de rock que são vistos os corpos ilustrados; eles habitam a farofa das praias e os recintos mais tradicionais de música erudita.
Frente à banalização impulsionada por essa massificação, alguns tatuadores profissionais buscam regulamentar a profissão e reivindicam para suas obras um status artístico. É apostando nesse potencial que a Continente abre as suas páginas para o tema. A reportagem de Júlio Cavani mergulha nesse universo, mostrando a trajetória da tatuagem em Pernambuco e suas distintas fases: a pré-história, com os grafismos feitos pelos índios caetés e tabajaras; as inscrições corporais dos marinheiros, prostitutas, ciganos, difundidas nos portos e penitenciárias; e uma mais recente, iniciada na década de 1980, com os primeiros estúdios modernos, agora consolidados e multiplicados. Segundo os tatuadores entrevistados, o desenho de linguagem mais autoral e artístico ainda é raro, pois a maioria das pessoas escolhe imagens já difundidas. A presença da tatuagem no cenário da arte também ganha destaque na série.
Ainda nesta edição, destacamos o legado deixado pelo arquiteto carioca Acacio Gil Borsoi, falecido em novembro de 2009, aos 84 anos. Casado com a arquiteta pernambucana e designer de interiores Janete Costa, falecida em 2008, Borsoi construiu no Recife várias obras que rejeitavam o formalismo e concentravam-se na adaptação do edifício aos materiais tradicionais e ao seu entorno. Os textos da jornalista Patrícia Amorim e do arquiteto e professor Fernando Moreira reafirmam a importância desse patrimônio.
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