Edição #122

Fevereiro 11

Nesta edição

Samba na Terra do Maracatu

No princípio, o samba no Rio de Janeiro se subdividia em duas frentes, o “amaxixado”, realizado na Cidade Nova, na casa de “tias baianas”, como Ciata, Gracinda e Maria Adamastor, em que se ouviam instrumentos como fl auta, piano, clarineta, cordas e metais; e o partido-alto, promovido no Estácio de Sá, no qual imperavam rodas de batucada, acompanhadas por tamborins, surdo, cuícas, pandeiros, violão e cavaquinho. O primeiro era frequentado por intelectuais, políticos, “gente da alta”, como os Guinle; o segundo tinha entre seus participantes sambistas como Ismael Silva, compositor que veio a se tornar o fundador da primeira escola de samba do país.

A partir desses dois estilos, o ritmo foi se espalhando pela cidade carioca até atingir todo o estado fl uminense, para, em seguida, tomar conta do Brasil, com a devida colaboração das emissoras de rádios, que, transmitindo do Rio em rede nacional, transformaram o samba, antes confi nado aos limites do sudeste, no “principal gênero musical brasileiro” ou o “símbolo musical do Brasil”, tornando “música regional” as sonoridades do resto do país.

A repercussão do samba carioca alcançou estados como Pernambuco, que, por conta de sua riqueza cultural, não precisaria, em tese, “importar música”. Mas foi exatamente o que aconteceu por volta do anos 1940, quando ganhou força na “terra do frevo e do maracatu” a moda de sambar, de batucar, provocando a ira de defensores da cultura local. A reação não impediu que o ritmo crescesse e ganhasse força no estado, fomentando a criação de escolas e o surgimento de compositores voltados para o gênero. É sobre essa história que trata a reportagem do crítico musical José Teles.

Ainda no contexto das manifestações intrinsecamente associadas ao período carnavalesco, embora não restrito a ele, também nesta edição observamos o importante papel das mulheres na origem e evolução tanto das músicas quanto das agremiações carnavalescas, como é o caso de nomes fundamentais da folia pernambucana, como o de Sevy Caminha, do Bloco Carnavalesco Misto Pierrot de São José, e de Joana Batista Ramos, autora da letra original da Marcha nº 1, do Clube Vassourinhas.

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