Edição #188

Agosto 16

Nesta edição

Moacir Santos

Moacir Santos possui uma das histórias mais improváveis da música brasileira. Órfão de pai e mãe aos três anos de idade, em pleno Sertão pernambucano, desde criança enfrentou – munido de talento, autoconfiança, determinação e vocação para o bem – adversidades, como a pobreza e o preconceito racial. Trabalhou em diversas funções e locais, como a Fábrica da Macaxeira, na Avenida Norte. Quando era mal tratado em um emprego, saía e ia em busca de um outro.

À procura de uma situação melhor, de banda em banda, de cidade em cidade, muitas vezes sem dinheiro, sem instrumento e apenas com a roupa do corpo, circulou por Pernambuco, pelo Nordeste, até chegar ao Rio de Janeiro, onde se tornou o primeiro regente negro da Rádio Nacional, professor da maioria dos músicos da Bossa Nova, autor de trilhas para filmes do Cinema Novo e lançou, em 1965, sua obra-prima, Coisas. Dois anos depois, resolveu tentar a sorte nos Estados Unidos, onde trabalhou como músico, arranjador e professor.

Neste mês, que marca os dez anos da morte do maestro, resgatamos, através de textos da jornalista Débora Nascimento, da biógrafa Andrea Ernest Dias e do músico Sérgio Gaia, o trajeto que Moacir Santos percorreu até se tornar um gigante da música.

Trazemos ainda um especial que põe em foco os museus e seus novos formatos na contemporaneidade. As ações museológicas, hoje, são múltiplas e vão além do conceito tradicional de um espaço conservador, sisudo, distante da realidade, um guardião de obras de valor. Exemplos que fogem a essa conceituação não faltam. Vão desde o Museu da Beira da Linha do Coque, no Recife, que não possui sede e, de forma itinerante, conta o processo de ocupação do bairro, ao Museum of Broken Relationships, na Croácia, que apresenta ao público as memórias de relacionamentos rompidos , enviadas por qualquer um. Inclusive, a chave que compõe a ilustração que abre a matéria é um dos objetos desse museu. Ao lado dela, os seguintes dizeres: “Você falava comigo sobre amor, me dava pequenos presentes todos os dias; esse é apenas um deles. A chave do coração. Você virou minha cabeça; você apenas não queria dormir comigo. Eu só percebi o quanto você me amava agora, depois de você morrer de Aids”. Uma peça de museu.

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