Edição #164

Agosto 14

Nesta edição

Opinião

O leitor pode até não ter a percepção clara de que os veículos de comunicação criam espaços para abrigar as mais variadas tipologias jornalísticas, que são divididas em dois grandes gêneros: o informativo e o opinativo. Isso porque quando lemos um jornal, uma revista, ouvimos um programa de rádio, assisitimos a um telejornal ou acessamos um site de notícias atendemos aos nossos interesses imediatos, sem prestar atenção nesse trabalho de bastidor.

Ainda assim, apegamo-nos a títulos, espaços e autores: preferimos o jornal A ao B, acompanhamos a publicação da coluna tal, gostamos do texto daquele jornalista, e por aí vai. Durante décadas, os veículos de comunicação hoje classifi cados como “tradicionais” foram hegemônicos na formação da “opinião pública”, em que todos se informavam e formavam conceitos a partir desses veículos.

Nos últimos anos, esse poder foi se diluindo e cedendo lugar aos ambientes criados na internet. Foram blogs, sites, portais e, mais recente e avassaladoramente, as redes sociais que questionaram esse lugar de fala da mídia tradicional. E isso não apenas no que diz respeito aos atores (por exemplo, jornalistas x cidadãos comuns), mas também à formatação do conteúdo e à linguagem.

É sobre essa mudança em curso, fascinante e temerária para muitos, à qual nos atemos na reportagem especial deste mês, sob uma angulação específi ca: a emissão de opinião. Nossa suposição é a de que o campo opinativo tem sido bastante questionado e transformado neste momento. Enquanto a maioria dos veículos tradicionais se mantém retraída em relação à opinião (as TVs) ou aferrada aos profi ssionais que há anos são os “donos” da opinião (a maioria dos jornais e revistas), a internet apresenta-se mais volátil e dinâmica, em que todos, a princípio, são convidados a manifestar seu ponto de vista sobre qualquer assunto que lhes aprazer.

O problema parece residir – ainda – na credibilidade desse conteúdo. A opinião que se propaga nas redes sociais é ética, ponderada, respeita os direitos humanos, tem qualidade conceitual? Como a migração de leitores de um campo ao outro incomoda aqueles que costumavam ser voz de autoridade, são eles que têm manifestado com mais veemência a desconfi ança. De qualquer modo, e ponderando que a mídia tradicional está sob teto de vidro, esta é uma situação sobre a qual vale a pena a gente pensar, sem os partidarismos e autoritarismos a que tanto temos nos submetido, muitas vezes sem nos darmos conta. A hora é de crítica, e isso é muito bom.

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