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André Rosemberg
Jornalista revela caderno visual de viagem, realizado em roteiros pouco comuns aos brasileiros
Hoje, a expressão “aldeia global” soa clichê, tão exaustivamente usada que foi. Afinal, faz meio século que ela vem sendo aplicada à sociedade mundial, desde que foi criada pelo canadense Marshall McLuhan. Ao cunhá-la, o professor – já àquela época um cinquentão – se referia ao aparato comunicativo de que dispúnhamos: impressos, rádio e – a luxúria do momento – a televisão.
Suas ideias fizeram a cabeça de gerações, até ficarem escanteadas, dando lugar a diferentes perspectivas teóricas que surgiam. Dos anos 1990 para cá, quase não se ouviu falar (muito menos ainda se leu) de McLuhan. Agora, no ano de seu centenário, suas ideias voltam a ser discutidas, muito por conta das interrogações em torno da mídia da vez, a internet, e da rediscussão de uma outra formulação de sua autoria, tornada lugar-comum: “o meio é a mensagem”. À distância de 50 anos de história e pela convivência diária que temos tido com as diversas mídias, não temos como negar a pertinência do que afirmava o pensador canadense. Nesta edição, voltamos à importância de McLuhan, como fazemos com pensadores que o antecederam e dão excelente suporte às reflexões sobre comunicação e cultura.
O meio televisão também se faz presente nestas páginas, sob o enfoque da teledramaturgia. O nosso ponto de partida foram os bons índices de audiência conquistados pela novela global Cordel encantado, cuja ambiência se dá no nordeste brasileiro. Mas de que “nordeste” estamos falando, quem olha e interpreta essa região? Os colaboradores convidados a participar desse debate são estudiosos do assunto e trouxeram enfoques diversificados. Há uma inventariação das novelas que têm o Nordeste como cenário; uma exposição sobre as características do gênero e uma discussão sobre sua sobrevivência (a partir da constatação de sua gradativa perda de audiência); e uma abordagem de como as emissoras têm mantido o interesse dos telespectadores pelas novelas, pela criação de conteúdos que migram da caixa de luz TV à caixa de luz computador. Por fim, uma entrevista com a coordenadora do Centro de Estudos de Telenovela da USP, Maria Immacolata Lopes.
O leitor encontrará em outras matérias desta edição evidências de que não apenas “o meio é a mensagem”, mas de que há cada vez mais esforço por parte dos criadores em fragmentar e hibridizar os meios.
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