Entrevista
Antoine Idier
O historiador e sociólogo fala sobre os registros da história das vivências LGBT+ na França
Para abordar o assunto, neste Mês da Diversidade, trazemos histórias de pessoas que, de algum modo, transitam pelas diversas possibilidades de se identificar e de (se) amar. Os depoimentos de Ana e Gigi, Samuel, Gabriel, Aurora, Bryanna, Amiel, Maria e Sam, coletados com uma escuta atenta e sensível pela repórter especial Luciana Veras e pela jornalista em formação Tanit Rodrigues, mostram como as caixas, os estereótipos e as definições fechadas não dão conta das nossas infinitas possibilidade de ser. A própria sigla LGBTQIAP+, com o seu sinal de soma ao final, já nos indica outras possibilidades de identificação.
O que nos parece acertada é a fundamental necessidade de vivermos com liberdade as nossas sexualidades e os nossos afetos. Nesse sentido, também, entendemos que as definições e autodefinições por hora válidas podem se transformar daqui a pouco. E está tudo certo, nada errado. A ideia de que a visão de si e sua representação social são mutáveis está bem expressa no jogo da personagem diante do espelho da ilustração de capa, feita por Filipe Aca. Os relatos que sucedem na reportagem deixam isso igualmente evidente.
Complementando a abordagem do assunto, trazemos neste número 258 uma entrevista com o jovem historiador e sociólogo francês Antonie Idier, que tem se ocupado de pesquisar e registrar a história das vivências LGBT+ na França desde o final do século XIX. Em sua fala, ele ressalta a importância de documentar esse passado, resgatando aquilo que foi apagado. Autor de Archives des mouvements LGBT+ : Une histoire des luttes de 1890 à nos jours, quando indagado sobre o porquê de ter usado a sigla desta forma e não da forma atual, LGBTQIAP+, responde: “talvez em cinco, 10 ou 20 anos, outras letras estarão presentes na sigla mais corrente ou mesmo outras siglas serão necessárias. A escolha da sigla LGBT+ para o título foi um modo de lembrar que essas maneiras de se definir evoluem sem cessar, carregando com elas todos os anacronismos possíveis”. É nesse fluxo e nessa amplitude de possibilidades e de reconhecimentos que acreditamos. Boa leitura!
Nossa capa: ilustração Filipe Aca.
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