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Multidão
Ordem mundial está em xeque desde que surgem, em todo mundo, manifestações e protestos
Este é um ano em que lateja no inconsciente brasileiro a imagem de multidões. Pelo menos dois eventos provocam isso: a Copa Mundial de Futebol e as eleições presidenciais. Antes deles, entretanto, temos observado – nacional e internacionalmente – um fluxo de massas nas ruas, sobretudo em reivindicações e protestos.
O marco disso está na Primavera Árabe, quando, no fi nal de 2010, milhares de indivíduos foram às ruas pela deposição do ditador Zine El Abidine Ben Ali. No ano seguinte, seria a vez dos egípcios ocuparem a Praça Tahrir, pela renúncia do tirano Hosni Mubarak. Desde então, ocorreram diversas ocupações, manifestações, protestos, sendo o mais representativo no contexto nacional aquele que fi cou conhecido como Jornadas de Junho.
Diante de tais investidas e a uma certa distância temporal – que nos capacita a interpretações menos efêmeras –, buscamos entender os elementos que ligam tais fenômenos, a partir de uma indagação que intitula a nossa reportagem de capa: “O que querem as multidões?”.
Ao mesmo tempo em que fomos atrás de motivações, percebemos que as reações e críticas aos movimentos que têm ocorrido referem-se ao que o mestre em Filosofi a do Direito, Bruno Cava, identifi cou como a perda da “tranquilidade de quem só consegue pensar segundo velhos esquemas, ou que depende da manutenção da ordem vigente para conservar privilégios, da falta endêmica de democracia, da gestão autoritária dos negócios da cidade”.
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