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Shiko
Artista paraibano com formação visual entre religiosidade e erotismo faz obras instigantes
Em Limoeiro, no Agreste de Pernambuco, existe a pequena Sociedade Musical 25 de Setembro, fundada lá pelos anos 1940, para abrigar a banda de música da cidade. Ali, naquela casinha – hoje, de uma fachada azul desbotada –, encontramse crianças e adolescentes em torno de instrumentos como flauta, clarinete, tuba, pratos e trompete, mas também cellos e violinos, para executar músicas do repertório erudito, não esquecendo, também, o cancioneiro “clássico” popular nordestino. Todos os recursos precários indicariam a falência desses encontros, desse aprendizado, mas a vontade de realizar impulsiona o maestro e os aprendizes adiante.
Uma situação talvez melhor vivem os meninos e meninas que estudam música erudita no Coque, comunidade pobre do Recife em que se forma a Orquestra Criança Cidadã. Subvencionados por projeto criado por um juiz de Direito, eles recebem não apenas a educação musical, mas alguma assistência social, que os estimula a seguir aquele caminho. Na reportagem que publicamos sobre eles, um dos garotos conta que, quando fez a inscrição, pensava que ia tocar guitarra, mas veio o luthier com uns instrumentos dos quais nunca ouvira falar. Em 2011, já violinista da OCC, viajou à Áustria, onde teve a oportunidade de estudar na mesma escola de Mozart.
Possivelmente, quando nos refiramos ao estudo da música erudita, sejamos logo remetidos ao Conservatório Pernambucano de Música. Embora seja o ambiente natural para o ingresso de estudantes de música, ele também desenvolve projetos específicos de fomento à formação entre aqueles que não têm acesso facilitado à instituição. Aqui, voltamos a Limoeiro, bem como a outras cidades interioranas sedentas por esse tipo de aporte.
Com as propostas itinerantes Circuito Sinfônico e Pernambuco Sinfônico, o Conservatório tem ido a diversas pequenas cidades, tanto em apresentações quanto em oficinas e consultorias profissionais. Cellos e violinos, por exemplo, somente chegaram a Limoeiro por conta do convênio estabelecido entre o município e o CPM. Esses projetos – aparentemente tímidos, quase invisíveis – repercutem como pedras jogadas no lago, porque não beneficiam apenas uma ou duas crianças, mas vão se irradiando pela família, pela comunidade, por aquela cidade e ao seu redor. Por esse motivo, achamos que o assunto merecia uma cobertura mais ampla, e realizamos a matéria publicada com destaque este mês.
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