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TEXTO Weydson Barros Leal

01 de Maio de 2013

Weydson Barros Leal

Weydson Barros Leal

Foto Cristiano Sant’ana/Divulgação

No último telefonema, F. pediu o nome de um livro de poesia. A indicação anterior, antes dos romances sugeridos, foi Poemas de Wislawa Szymborska (Cia das Letras, 2011). Em poucos dias, o livrinho fez a alegria de F. Acho que naquela semana sugeri o mesmo título para M. e para A. São mulheres tão inteligentes quanto Szymborska, e, por isso, alcançaram a polonesa. Os bons livros sabem que a qualquer momento irei indicá-los para adoção.

A sugestão dessa vez foi uma outra antologia, Adonis (Cia das Letras, 2012). Eu disse a F. que, se tivéssemos nas livrarias brasileiras uma oferta maior de livros importados, as possibilidades triplicariam, considerando que ela lê bem em espanhol e em inglês. Assim eu teria indicado Kavafis íntegro (Tajamar Editores), obra completa do poeta grego traduzido e editado pela casa chilena. Nos últimos meses, a alegria de A. foi diferente. Duas indicações do acaso. O primeiro foi O senhor Ventura (Nova Fronteira, 1999), de Miguel Torga. Gosto do riso de A., e por esse motivo ainda indiquei o O tenente Quetange (CosacNaify, 2002), de Iúri Tyniánov, algo tão engraçado, que o senso comum não atribuiria a um russo. Aliás, no campo das fábulas graciosas, eu lhe disse, não deixe de ler A história maravilhosa de Peter Schlemihl (Estação Liberdade, 2003), de Adelbert Chamisso.

Conversei sobre os russos com A. e ela conhece o assunto. De Dostoievski, temos Crime e castigo como obra-prima estrutural e O idiota como livro preferido do autor das Memórias do subsolo. Suas melhores traduções brasileiras estão sob a Editora 34. Aliás, compreende-se melhor Dostoievski depois que se lê Turguêniev e Gógol. Do primeiro, principalmente Pais e filhos (CosacNaify, 2004), e do segundo Almas mortas (Perspectiva, 2011). Claro que não se pode passar pelos russos sem se demorar atentamente sobre Tolstoi, eu disse a A., e se ela pudesse, lesse e relesse A sonata a Kreutzer e A morte de Ivan Ilitch.

Tolstoi está na moda, F. me disse, embora a nova versão cinematográfica de Anna Kariênina não esteja agradando a alguns. Eu disse a F. que citar essa personagem é lembrar Flaubert e sua Bovary. A nova tradução de Bovary, de Mário Laranjeira (Penguin Companhia, 2011), recebeu o Prêmio Jabuti 2012 para tradutores. M., no último telefonema, pediu sugestões de romances franceses.

Ainda não havia lido Proust, um pecado corrigível em poucos meses. Antes, eu disse, se puder, leia Balzac. Proust está em Balzac, as histórias que se entrelaçam, os personagens que ressurgem. Comece pelo Pai Goriot (L&PM Pocket, 2006). A comédia humana é a “recherche” balzaquiana. M. ainda esboçou um outro pedido, mas eu não tinha mais tempo. 

WEYDSON BARROS LEAL, poeta e crítico de arte.

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