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Nerds
Comunidade de fãs da tecnologia movimenta importante nicho da indústria de entretenimento
Em meados dos anos 1970, o jovem Steve Wozniak trabalhava num modelo avançado de computador pessoal, que idealizava junto a Steve Jobs. Mas o rapaz tinha um contrato de prestação de serviço com a HP, que estabelecia sua obrigação em apresentar à empresa qualquer projeto que estivesse desenvolvendo. Quando soube disso, Jobs fi cou transtornado, porque viu ali o fi m de seu sonho: colocar um aparelho desse tipo nas casas de cidadãos comuns, assim como ocorrera com a TV e o rádio. Acontece que, ao voltar da reunião, Wozniak lhe disse que os executivos não se interessaram pelo empreendimento e ainda ironizaram: “Para que as pessoas vão querer um computador em casa?”. Em 1977, os dois jovens lançaram o primeiro microcomputador como conhecemos hoje, o Apple II, e o mundo nunca mais seria o mesmo.
No tempo transcorrido entre o computador deixar de ser apenas um objeto instalado em poucas grandes empresas e tornar-se item indispensável para milhões de pessoas no mundo, muitas inovações aconteceram. Para que isso ocorresse, foi necessária a existência de um tipo de gente com comportamentos e interesses específi cos, ao qual chamamos “carinhosamente” de nerd. Antes alvo de chacotas nos colégios e nos bairros, por se dedicar obsessivamente a alguma área de conhecimento, geralmente voltada à tecnologia, esse personagem passou de borralheiro a príncipe, a partir da ascensão de jovens empreendedores como Bill Gates – fundador da Microsoft, arquirrival de Jobs e homem mais rico do mundo. Hoje, “ser nerd” é cool e prenúncio de sucesso profi ssional e fi nanceiro.
Para poder lucrar com esse perfi l ascendente de consumidor, o mercado vem lançando produtos que lhe são atrativos, como iPhone, iPad, séries de TV, brinquedos, roupas, músicas, jogos, fi lmes e até eventos, como a Campus Party. Criada na Espanha, em 1997, a “festa”, que, neste mês, terá sua primeira versão no Recife, conta com palestras e negócios voltados para a tecnologia digital. De acordo com a organização, são mais de 189 mil campuseiros (nome dado aos participantes) de todo mundo, sendo 62 mil brasileiros.
Para tratar desse tema, a Continente publica uma matéria especial que remonta aos primórdios do termo nerd, os maiores acontecimentos na área; ambienta a importância dessa fi gura para o avanço da ciência e da tecnologia, e discute o preconceito e os clichês em torno desse personagem.
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