Edição #263

Novembro 22

Nesta edição

Futebol e preconceitos

Uma banana jogada ao campo de futebol. Gritos de macaco na torcida. A festa de um jogador negro, após gols, chamada de macaquice. Isso tudo poderia estar apenas relegado à parte lamentável do início do futebol no Brasil, quando, no final do século XIX e começo do século XX, havia o preconceito exacerbado pelo fato de que o football tinha sido “importado” da Inglaterra e era um esporte vinculado à elite branca britânica. E, em seguida, à brasileira, que resistia em admitir a presença de jogadores “de cor” no desporto, reflexo de uma sociedade escravocrata, a poucas décadas do fim da escravatura. No entanto, as citadas demonstrações de racismo são recentes, mesmo que saibamos que “Sem nossos jogadores negros, não teríamos estrelas na nossa camisa”, como bem estampou a faixa levada pelos craques da Seleção no amistoso com a Tunísia, em que racistas, em Paris, tentaram ofender os esportistas com a metáfora da fruta.

Neste mês em que se inicia a Copa do Mundo no Catar, em 20 de novembro, coincidentemente Dia da Consciência Negra, resgatamos a história do futebol no Brasil através de episódios e depoimentos de quem sofreu na pele o racismo. Além disso, abordamos outras formas de preconceitos, também ultrajantes, como o machismo e a homofobia, praticadas no universo desse esporte que é um espelho da sociedade.

A reportagem de capa, assinada pelas nossas repórteres especiais Débora Nascimento e Luciana Veras, tem ainda como base os 75 anos do lançamento de O negro no futebol brasileiro, livro do jornalista Mario Filho, pernambucano radicado no Rio, que foi o primeiro autor a compreender, documentar e explicar a importância desses jogadores para transformar um produto importado em expressão indissociável da cultura brasileira, que, ironicamente, passou a “fabricar” e “exportar” jogadores para os países europeus, inclusive a Inglaterra.

Além disso, neste mês da Consciência Negra, trazemos uma conversa com o escritor e poeta Oswaldo de Carvalho, nome de destaque na literatura afro-brasileira, cujas obras estão sendo relançadas este ano. E também uma homenagem a Lima Barreto, no centenário de sua morte, pelo olhar da jornalista Mariana Filgueiras sobre o conto Babá, um dos manuscritos deixados por ele e publicado após a sua morte.

Boa leitura!

Nossa capa: Janio Santos, Matheus Melo e Rafael Olinto sobre fotos de divulgação

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