Edição #250

Outubro 21

Nesta edição

Exclusões e outros incêndios

“Daí o mercado age pela lógica da inclusão pela exclusão. Ele permite – entre aspas – que a gente adentre esse terreno e crie um novo território. Um pequeno território onde ele coloca toda a diversidade ali, para que não circule por todo o mercado. Nos coloca dentro de um pequeno cercadinho para que as trans, pretas, LGBTs disputem entre si esse espaço, essa representatividade – que foi justamente uma das principais ferramentas para que a gente entrasse nesse mercado”, diz a artista Linn da Quebrada, entrevistada nesta edição. 

Quando você ler a íntegra da entrevista concedida ao colaborador GG Albuquerque, vai constatar a clareza e agudeza da crítica feita pela atriz, cantora, ativista social e compositora paulista não apenas em relação à lógica de mercado, mas ao modo como pode a artista se comportar, exigindo uma incessante militância por parte dela, que também requisita ser tratada apenas como uma pessoa. 

“O que eu estou querendo abrir é a possibilidade de compreender que a militância não tem de ter uma fórmula. Não existe uma forma estabelecida para que eu lute pelas coisas nas quais acredito. A militância em que acredito se faz justamente numa reelaboração de estratégias que consigam fugir à captura desse capitalismo, que é um capitalismo elástico, que tenta capturar tudo à sua volta para fazer que se torne um outro produto, e que se torne rentável”, pontua ela em outro momento.    

Nesta edição, também, a reportagem-ensaio realizada pelo colaborador Chico Ludermir apresenta o trabalho de artistas que criam em plataformas como a poesia, a música e o audiovisual a partir da periferia (das cidades e do campo da arte), instaurando para eles mesmos um lugar de expressão e legitimação, a despeito, e sobretudo contra, os limites que os campos hegemônicos (sociais, culturais, territoriais) tentam lhes impor.

Ainda nesta edição, o comentário certeiro e indignado do conservador-chefe da Cinemateca do MAM/SP,  Hernani Heffner, sobre o incêndio na Cinemateca Brasileira, o perfil do cantor Almério, que agora interpreta canções de Cazuza, e um ensaio saboroso sobre as autobiografias, esse gênero híbrido da literatura. Boa leitura!

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