Edição #245

Maio 21

Nesta edição

De bem com o envelhecer

Nos últimos meses, fotos de idosos vêm circulando com frequência nas redes sociais em postagens deles próprios ou de familiares, felizes por verem seus parentes tomando a vacina contra a Covid-19. Durante a pandemia do novo coronavírus, os mais velhos têm feito parte do principal grupo de risco de desenvolver casos graves, podendo mesmo chegarem a óbito. Neste período, o preconceito etário ficou evidenciado em diversos comportamentos, tanto da sociedade quanto do governo federal.

Na reportagem de capa deste mês, trouxemos o tema, também conhecido como ageism, etarismo, etaísmo, idadismo, velhofobia. No texto, a repórter especial Débora Nascimento aborda o assunto a partir de diversas nuances e dentro do contexto de que o mundo caminha para atingir um quantitativo populacional de idosos nunca antes visto na história. Por outro lado, a longevidade alcançada no último século pode estar ameaçada pela mesma pandemia. Segundo estudo da Universidade de Harvard, com a crise sanitária, o Brasil perdeu dois anos de sua expectativa de vida, conquista que levou a uma maior quantidade de pessoas longevas.

Duas delas fariam 100 anos neste maio de 2021, a coreógrafa Mercedes Baptista, que morreu aos 93 anos, em 2014, e a atriz Ruth de Souza, que morreu aos 98 anos, em 2019. As duas amigas, representantes brasileiras do ativismo negro em suas artes, ganharam textos na revista e na Continente Online, respectivamente, do professor de dança Paulo Melgaço, autor da biografia Mercedes Baptista – A criação da identidade negra na dança (2007), sobre esta que foi a primeira bailarina negra do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e do diretor de cinema Joel Zito Viana, que trabalhou com Ruth. 

As ilustrações da reportagem e da capa desta edição foram criadas por Yellow a partir de obras seminais da história da arte. Na capa, ele faz uma paródia do Sgt. Pepper’s, álbum que é um dos símbolos da contracultura dos anos 1960. Nela, há referências a diversas pessoas que estão revolucionando conceitos antigos sobre a participação dos idosos na sociedade. Dentre elas, o diretor teatral José Celso Martinez, nosso entrevistado do mês, que nos diz: “Meu corpo passou por coisa ruim, mas eu sempre transmutei”.

Boa leitura e vacina para todos!

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