Perfil

Mercedes Baptista

O centenário da bailarina, primeira negra a fazer parte do Balé do Theatro Municipal do Rio de Janeiro

TEXTO Paulo Melgaço da Silva Junior

03 de Maio de 2021

Mercedes Baptista, em 1959

Mercedes Baptista, em 1959

Foto Arquivo Nacional/ Divulgação

[conteúdo na íntegra | ed. 245 | maio de 2021]

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Maio é um mês de festa para a dança afro-brasileira. Uma legião de amigos e ex-alunos celebra o aniversário de Mercedes Baptista: a criadora desta linguagem. O dia 20 de maio sempre foi marcante. As ex-alunas e tutoras Ruth de Souza e Jandira Lima (in memoriam) reuniam o grupo no quintal do apartamento em Santa Tereza, no prédio que leva seu nome, com muita comida, bebida, música e dança ao som de atabaques, era um grande encontro. A mestra adorava festas e sempre gostou de estar rodeada por pupilos e amigos de muito tempo. É importante destacar que esta data foi a escolhida pelos alunos próximos, a vaidosa bailarina nunca revelou sua época de nascimento. Assim, encontramos diferentes datas e anos. O acesso à certidão de nascimento e a divulgação desta aconteceu há pouco tempo: 28 de março de 1921.

Assim, este é o ano de seu centenário e, para comemorarmos, vamos reviver a trajetória dessa menina negra de origem humilde que muito sonhou, trabalhou, quebrou barreiras, alcançou o sucesso e se tornou símbolo da luta antirracista e exemplo para diversas gerações. Filha de João Baptista Ribeiro e Maria Ignácia da Silva, a bailarina nasceu em Campos dos Goytacazes, interior do estado do Rio de Janeiro. Do seu pai pouco se sabe, sua mãe era costureira, criou a filha sozinha e foi sua grande amiga. A infância na cidade natal foi muito feliz. Mercedes contou que adorava brincar, correr, saltar, subia em árvores como ninguém, melhor do que qualquer moleque.

Mas o destino de Mercedes mudou, quando Maria Ignácia, com o objetivo de tentar oferecer uma vida com mais oportunidades para a filha, se mudou para a capital. Mãe e filha, juntas, foram morar no Bairro do Grajaú, em uma casa de família, onde Ignácia trabalhou como empregada doméstica. Foi na cidade que a jovem começou a acalentar um sonho: queria ser artista e famosa como muitas meninas prodígio de sua época. Para ajudar em casa e poder comprar suas próprias coisas, Mercedes Baptista começou a trabalhar muito jovem. Em gráfica, fábrica de chapéus e chegou a ser bilheteira de cinema. Foi neste local que ela descobriu que queria dançar, ser bailarina.

O encontro com a dança aconteceu em 1945, quando se matriculou no curso gratuito de danças oferecido pelo Serviço Nacional do Teatro do Rio de Janeiro. A professora era Eros Volúsia, importante bailarina do Theatro Municipal e pesquisadora da cultura e folclore nacional. Com ela, Mercedes Baptista teve suas primeiras lições de balé clássico e dança folclórica, e ao mesmo tempo viveu sua primeira grande experiência nos palcos.

No final daquele ano, a professora preparou seu espetáculo no Teatro Ginástico Português e o pianista criou a música Pintando o sete para Mercedes dançar com um bailarino. O número fez tanto sucesso, que o casal chegou a trisar (dançar três vezes) e, na manhã seguinte, foi publicado no jornal O Globo: “A revelação da noite foi Mercedes Baptista e Octacilio Rodrigues”. Se, por um lado, o sucesso alcançado mostrou para a bailarina que ela estava no caminho certo e podia continuar trabalhando, por outro, causou um grande estranhamento entre a professora e a aluna, que acabou se desligando da instituição. Nesse momento, ao saber que Mercedes Baptista estava querendo ingressar na Escola do Theatro Municipal, a mãe de Eros Volúsia perguntou: “Você já viu bailarina negra lá? Vai perder seu tempo”. Apesar de a fala ter causado um choque, ela contou que não teve forças para responder, apenas saiu calada.

Mercedes então se transferiu para Escola de Dança do Theatro Municipal, tendo sido recebida pelo bailarino e professor estoniano Yuco Lindberg. O mestre gostou muito da nova aluna, que havia expressado seu sonho de se tornar bailarina, seu receio com a idade avançada e sua vontade de fazer aulas. Yuco ajudou muito Mercedes, deixou-a fazer várias aulas diárias, deu-lhe roupas, conseguiu que ela trabalhasse nos shows do Cassino Atlântico. Ele coreografou para ela o balé Iracema, no qual enfatizou sua beleza e seus longos cabelos para dar vida à índia de José de Alencar.

A possibilidade de ingressar profissionalmente no Corpo de Baile do Theatro Municipal aconteceu em 1948. Contudo, foi um dos primeiros momentos de sua vida que sentiu na pele a força do preconceito e do racismo. O concurso era interno, só para alunos adiantados da Escola de Dança. Assim, todos estavam automaticamente inscritos na prova de seleção.

Mercedes Baptista em 2005. Ela faleceu em 2014, aos 93 anos. Foto: Leonardo Aversa/O Globo

Em entrevistas, Mercedes Baptista nos contou: “As provas de seleção para o corpo de baile começaram em fevereiro. Seriam cinco provas, cada aula ministrada por um coreógrafo. Tudo aconteceu normalmente… tinha feito quatro provas e tinha sido aprovada em todas. A quinta e última prova seria a definitiva, e quem daria a aula era o professor Vaslav Veltchek. Só que ninguém me avisou do dia da prova. Então, no dia em que cheguei à escola para fazer a aula das 8 horas, estou vendo minhas colegas se arrumando, maquiando, todas bonitinhas de roupa preta… Eu perguntei para a Helba o que estava acontecendo. Ela falou: – Ah! Mercedes, você não sabia não? É hoje a última prova para o Corpo de Baile. Só faz a prova hoje quem passou na anterior. Você não foi avisada, não? Então corre lá e vê se você consegue fazer a prova hoje”.

Mercedes Baptista não fora avisada porque naquela casa não tinha espaço para bailarinas negras. Dois anos antes, em 1946, não foi permitido que outra negra, Consuelo Rios, fizesse sua inscrição para o concurso. Como não foi possível impedir que Mercedes se inscrevesse ou reprová-la durante as provas, o objetivo era fazer com que ela perdesse a prova. Porém, ao ficar sabendo que não fora avisada, a bailarina buscou apoio da direção do Theatro, que ofereceu, como solução, que a bailarina executasse a prova com rapazes. Ela aceitou, fez e foi aprovada.

Com isso, Mercedes Baptista se tornou a primeira negra a ingressar no Corpo de Baile. Se, em um primeiro momento, devemos festejar, em outro, devemos lamentar. Mercedes sentiu no corpo e alma como a cor da pele pode causar a subalternização e a rejeição. Por ser negra, ela pouco dançou no corpo de baile. Poucos professores e coreógrafos deram oportunidades a ela. Normalmente, a bailarina era escalada para ballets com temas nacionais e óperas, nunca fora escalada para um clássico de repertório.

Nesse momento, ela vivenciou toda a perversidade do racismo em um país que se recusa a se assumir racista. Em diversas entrevistas, Mercedes Baptista nos contou que nenhum professor nunca lhe dissera que ela não estava escalada para um ballet por ser negra, todos diziam que não a escalavam porque era fraca. Ou seja, em um país onde o discurso da democracia racial predomina, é muito mais fácil culpabilizar o negro, diminuindo-o, dizendo que ele não é capaz ou que não se interessa, do que assumir o peso da raça.

Em meio às dificuldades e lutas raciais, torna-se importante destacar a relevância na vida de Mercedes Baptista do grande ativista pela causa negra, e fundador do Teatro Experimental do Negro (TEN), Abdias Nascimento. O primeiro encontro entre os dois aconteceu em 1948. Em busca da valorização da autoestima e beleza da mulher negra, o TEN promovia o concurso Rainha das Mulatas e, naquele ano, a bailarina participou e foi eleita a mais bela mulata. Foi o início de uma amizade e parceria de lutas em prol da causa negra que iria durar até a morte de ambos. Assim, Mercedes Baptista passa a integrar o Teatro Experimental do Negro como bailarina e colaboradora, participando de uma série de atividades propostas por Abdias. Dentre os eventos mais expressivos que a bailarina participou, destacamos: a Conferência Nacional do Negro, em 1949, e o Primeiro Congresso do Negro Brasileiro, em 1950.

 
Mercedes Baptista em apresentação do Ballet Folclórico, grupo criado por ela em 1953. Foto: Arquivo Nacional/ Divulgação

Foi nesse congresso que Mercedes Baptista recebeu uma das maiores oportunidades de sua vida: ganhou uma bolsa de estudos para dançar, aprender e trabalhar com a antropóloga, bailarina e pesquisadora afro-americana Katherine  Dunham. Em Nova York, ela aprendeu como pesquisar os elementos da cultura afro-caribenha, fundir com a dança moderna e transformar em espetáculo. Naquele momento, o bailarino de jazz americano Matt Mattox estava estruturando as aulas de jazz dance e, a partir da barra clássica, organizando a barra de jazz. Esse aprendizado muito auxiliou nossa mestra, quando retornou ao Brasil em fins de 1952.

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Ao retornar ao Brasil, Mercedes começou a trabalhar com um grupo de negros e negras pobres (vários filhos de santo) e a colocar em prática o que aprendera nos EUA. Assim, estruturou exercícios de chão, de barra, centro e diagonal para dança afro. O Jornal do Brasil publicou em 1994: “A dança afro é carioca”, e a bailarina conta: “Eu inventei, ouvindo o ritmo dos orixás e os movimentos do candomblé, que mal frequentava, mas passei a pesquisar”.

As primeiras aulas aconteceram na Gafieira Estudantina. Uma de suas ex-alunas, Lourdes Silva, nos contou, em entrevista realizada em 2005: “Quando cheguei, já estavam lá Walter Ribeiro, Waldir Conceição, Luiza, Naete, Gilberto de Jesus, Reginaldo, Raimundo Neto; eram uns 30 alunos. As aulas eram das 18 às 20 horas. Dona Mercedes sempre chegava às 17 horas, sendo que, das 18 às 19 horas, ela dava aula para todo mundo e, das 19 às 20, ela ensaiava os melhores. Quando via que a pessoa tinha talento, ela não cobrava nada, ensinava de graça”.

Foi desse grupo de alunos que surgiu o Ballet Folclórico Mercedes Baptista, fundado em 1953. Com isso, Mercedes conseguiu oportunizar mudança de vida a muitos negros, conhecer e ocupar novos espaços, diferentes daqueles a que estavam destinados: empregadas domésticas, faxineiros, entre outros. O professor doutor Nelson Lima, filho de uma das bailarinas desse grupo, Dica Lima, afirmou: “Se não fosse o trabalho da Mercedes, certamente minha mãe seria uma empregada doméstica, o Ballet Folclórico abriu muitas portas e caminhos”.

As primeiras atividades de destaque do grupo aconteceram no Teatro de Revista. Eles se apresentavam como atração dos espetáculos. Foram muitas revistas, os quadros criados por Mercedes alcançaram o sucesso e o reconhecimento de público e crítica, atraindo atenção de empresários, que começaram a contratar o grupo para shows internacionais.

A primeira turnê aconteceu em 1958 e o grupo se apresentou na Argentina. Foi nele que nossa grande artista e cantora Elza Soares teve uma de suas primeiras oportunidades. Ela viajou com os bailarinos como cantora. Uma viagem muito difícil, em que o empresário deu calote em Mercedes e todos os componentes passaram por muitas dificuldades.

No entanto, o Ballet Folclórico Mercedes Baptista sobreviveu e realizou diversas viagens: Uruguai, Espanha, Inglaterra, Suécia e Suíça, chegando a se apresentar para 1.800 pessoas na França, sempre divulgando e difundindo a cultura e a arte negra brasileira.

Vale destacar que, apesar do encontro entre Mercedes e Elza Soares ter durado apenas um ano, ele pode ser lido nas biografias da cantora. Foi celebrado no musical Elza, com texto de Vinicius Calderoni e ganhador de diversos prêmios. A bailarina ganhou, ainda, um quadro no carnaval do Rio de Janeiro, quando foi tema da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel.

Por falar em carnaval, esse foi outro espaço acolhedor para nossa coreógrafa. Sua estreia na avenida se deu em 1960, na Escola de Samba Salgueiro, quando coreografou Quilombo dos Palmares a convite de Fernando Pamplona. Porém, seu grande sucesso nessa escola foi no carnaval de 1963 quando coreografou o Minueto para o desfile Xica da Silva. Naquele ano, a Salgueiro foi a grande campeã do carnaval e Mercedes Baptista considerada a introdutora de alas de passos marcados no Carnaval. O título lhe custou muitas críticas no ano seguinte, sendo acusada de tirar a naturalidade da apresentação. Esse fato aconteceu quando a Salgueiro apresentou Chico Rei e a escola veio toda coreografada por Mercedes.

Elogios e críticas à parte, o Carnaval foi um grande berço para a mestra. Para além da Salgueiro, ela coreografou e desfilou em diversas escolas, como Beija-Flor e a Imperatriz Leopoldinense.

Em 2008, a Escola de Samba Acadêmicos do Cubango apresentou o enredo Mercedes Baptista, de passo a passo, um passo, do carnavalesco Wagner Gonçalves. O samba em homenagem à bailarina foi um dos mais belos da avenida naquele ano e tinha como refrão: “Mercedes Baptista divina tu és, ponho a avenida a teus pés”. A última vez que desfilou no Sambódromo foi em 2009, sendo destaque da Escola de Samba Vila Isabel, que homenageava o Centenário do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

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Com uma vida dedicada à dança e à luta antirracista, o trabalho de professora e coreografa reverberou, ainda, na televisão, no teatro e no cinema. Na Rede Globo, trabalhou em novelas como Cabana do Pai Thomás (1968), Escrava Isaura (1976), Pacto de sangue (1989). Na rede Manchete, Xica da Silva (1996), entre outras. No teatro, para além de diversas peças encenadas pelo TEN, destacamos O pagador de promessas, em 1974, para o The Puerto Rigan Travelling Theatre, em Porto Rico.

Em paralelo a tudo, Mercedes Baptista foi professora de Dança Afro na Escola de Dança do Theatro Municipal (atual Escola Estadual de Dança Maria Olenewa), no período de 1966 a 1982. Fundou sua própria escola, a Academia de Danças Étnicas Mercedes Baptista em 1973, que funcionou em Copacabana até os anos 1990. Lecionou no Brasil e no exterior, trabalhando com importantes nomes da dança americana como Arthur Mitchell e Alvin Ayley.

Nas lembranças de uma de suas alunas, Bethania Gomes Nascimento, que foi a primeira bailarina do Dance Theatre of Harlem: “Dona Mercedes foi um grande símbolo da luta antirracista, ela nos ensinou que deveríamos ocupar todo e qualquer espaço, que nunca devíamos baixar a cabeça para nada ou ninguém… que tínhamos que trabalhar muito, dançar bem e nos fazer respeitados!”.

A consolidação desses caminhos profissionais foi possível pelo apoio e confiança de sua mãe, de amigos e, principalmente, de seu esposo e maior admirador, o engenheiro polonês naturalizado americano Paulo Krieger. Eles se conheceram no Brasil em 1952, se casaram em 1954 e viveram juntos até 2002, quando ele faleceu. Paulo acompanhou e apoiou toda a carreira da esposa, eram parceiros e amigos. O casal não teve filhos e, na velhice, foram apoiados pelos bailarinos do balé folclórico, principalmente Jandira Lima e Ruth Souza, que os ajudaram financeira e emocionalmente.

As duas estavam ao lado de Paulo quando se internou e posteriormente faleceu, em 2002, vítima de câncer. O mesmo aconteceu quando Mercedes Baptista, a partir dos anos 2000, sofreu uma série de isquemias e chegou a ter dificuldades de locomoção e fala. Assim, as duas tutoras, Jandira e Ruth, assumiram o gerenciamento da casa e da vida de Mercedes.

Com o falecimento de Jandira em 2008, Ruth de Souza se tornou responsável por acompanhar e cuidar da mestra. Em busca de melhor conforto para Mercedes, Ruth assumiu a hospedagem dela no lar Pedro V, em Copacabana, onde morou de 2010 até seu falecimento, em 18 de agosto de 2014. Enquanto esteve no hotel, Ruth cuidou que todos os amigos fossem visitá-la, que todos os aniversários fossem comemorados, que ela fosse a todos os eventos possíveis, enfim, que ela tivesse um final feliz!

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Em 2005, Lilian Solá Santiago e Marianna Monteiro dirigiram o filme Ballet de pés no chão, em que apresentam a trajetória de Mercedes e da dança negra no país. Sua história, também, foi contada no livro Mercedes Baptista: a criação da identidade negra na dança, escrito por mim e lançado em 2007, pela Fundação Cultural Palmares.

Por meio de uma carreira que abrangeu diversas linguagens da dança – do clássico ao folclore, passando pela dança moderna e dança afro, desenvolvidos nos palcos, cinema, teatro, carnaval – Mercedes Baptista foi escolhida para ser o Troféu do Prêmio Cesgranrio de Dança, instituído pela Fundação Cesgranrio, em 2019. Nas palavras de Charles Nelson, um dos principais professores de dança afro em exercício no país: “É um prêmio de reconhecimento e incentivo à dança, então ter o nome de nossa mestra Mercedes Baptista associado a ele é um grande orgulho”.

O grupo de teatro negro Emú apresentou, em 2016, o espetáculo Mercedes, em conjunto com oficinas de dança afro-brasileira. Em 2019, o jornalista Tiago Rogero produziu para o jornal O Globo a série de podcasts Voz Negra, com o objetivo de dar visibilidade à luta antirracista e valorizar a representatividade. O último episódio da 1ª temporada apresentou quatro histórias: Mercedes Baptista (1921-2014); Bethania Gomes, a primeira bailarina negra brasileira a chegar ao posto mais alto numa companhia de balé clássico, o de primeira-bailarina; Ingrid Silva, hoje primeira-bailarina do Dance Theatre of Harlem, em Nova York; e Consuelo Rios (1923-2010), uma das maiores professoras de balé clássico do Brasil e que, se não fosse o racismo, poderia ter se tornado a primeira bailarina negra do Municipal em 1946. Vale ressaltar que este episódio foi o vencedor do 42º Prêmio Vladimir Herzog (2020), em Produção Jornalística em Áudio.


Em 2016, o Largo da Prainha, símbolo da resistência negra no Rio de Janeiro, recebeu uma estátua em homenagem à bailarina. Foto: Wikipedia/Divulgação

Mercedes Baptista recebeu diversas homenagens póstumas. Uma das mais significativas aconteceu em 2016. Ruth Souza que, com recursos próprios, encomendou sua estátua ao artista plástico Mario Pitanguy e doou à Prefeitura do Rio de Janeiro, que a instalou no Largo da Prainha, zona portuária da cidade e símbolo da resistência negra. Dessa maneira, nossa “Divina Mercedes” pode ser vista e lembrada por todos como um grande símbolo da dança e cultura negra e, sobretudo, pela luta antirracista.

“As vezes é preciso destroçar portas, abrir todas as janelas e decolar para brincar nas estrelas e dançar entre as nuvens.” Esta frase foi utilizada por Jandira Lima em um dos aniversários da mestra e a acompanhou até a despedida. Foi ela que Ruth Souza utilizou nas imagens de Mercedes Baptista para dar um até breve aos amigos e público e também para incentivar as novas gerações nesta constante luta pelo lugar do negro no mundo! 

PAULO MELGAÇO DA SILVA JUNIOR, professor e pesquisador da Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, no Rio de Janeiro.


EXTRA: 
Confira o prefácio do livro Mercedes Baptista: A criação da identidade negra na dança, de Paulo Melgaço:


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