Edição #198

Junho 17

Nesta edição

É gratuito e sempre será

Em artigo publicado na Wired sobre o tema de seu livro Grátis: o futuro dos preços, o jornalista Chris Anderson fez uma previsão bem radical: a de que todo conteúdo digital seguirá a tendência de ser gratuito. E ela, em parte, está sendo cumprida. “No futuro, mais serviços serão gratuitos. Há 10 anos, meu agente de viagens, meu corretor e meu contador eram todos de carne e osso. Agora, todos são programas de computador gratuitos. Qualquer coisa que possa ser transformada em um programa pode ser grátis. Cada vez mais, serviços serão transformados em softwares. Quem sabe, um dia, meu médico será um programa gratuito. Ou a professora da minha filha.”

O livro foi publicado em 2009, um ano após o estouro da crise econômica nos Estados Unidos, que atingiria, em seguida, todo o mundo, inclusive o Brasil, levando o nosso país, há dois anos, para uma recessão que pode ser traduzida em fechamentos de estabelecimentos comerciais e mais desemprego e inflação. Em meio à situação de instabilidade, as empresas usam um artifício criado no final do século XIX, o grátis, que, além da economia, envolve aspectos tecnológicos e psicológicos para incrementar vendas e manter intactas as finanças. Até onde vai o limite do grátis? Até que ponto as coisas realmente são gratuitas? Em algum momento, o consumidor vai pagar o preço por isso?

Questões como essas são abordadas na matéria de capa desta edição, que também inclui um especial sobre as fake news, que circulam principalmente em serviços gratuitos, como o Facebook, Twitter e WhatsApp. As notícias falsas interferem na sociedade contemporânea nas mais diversas áreas: política, econômica, social. Elas vêm gerando, inclusive, notícias reais, desde o linchamento de uma mulher em Guarulhos (SP), acusada injustamente de sequestrar e praticar violência contra crianças, até a interferência na eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos.

Em meio a esse caos, pelo menos, uma boa notícia: o resultado de uma pesquisa, realizada pela Universidade de Oxford, com profissionais da comunicação de 24 países, inclusive o Brasil, revelou que 70% apontam que a crescente preocupação com as notícias falsas tende a fortalecer o jornalismo.

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