Edição #146

Fevereiro 13

Nesta edição

Capibaribe

As margens dos rios sempre foram procuradas pelos mais diversos povos para fi xar suas moradas. Lá, eles encontravam água, comida e uma rota de fuga. Em algumas cidades, esses cursos d´água eram vistos apenas como provedores das necessidades básicas e tinham um papel coadjuvante no seu imaginário poético e cultural. Porém, em outras, o rio era um elemento central, referencial, um personagem ativo.

O que seria do Recife sem o Capibaribe? Suas veias se espalham pelos quatro cantos da cidade, entrecortando suas terras, criando ilhas, garantindo à capital pernambucana o título de “cidade anfíbia”, e o clichê turístico de “Veneza brasileira”. Não se trata apenas de um espaço geográfi co, o Rio Capibaribe faz circular imagens históricas, culturais e espirituais da cidade, registradas por escritores, poetas e pesquisadores que são unânimes ao concluir: não há Recife sem Capibaribe.

Essa referencialidade, no entanto, não garantiu ao rio um tratamento especial. No curso da história, o crescimento da cidade e a industrialização fi zeram com que as pessoas dessem as costas a ele e às suas águas. Nesse início de século 21, o Capibaribe está novamente convocando os recifenses a olharem para ele e a se darem a oportunidade de ver a cidade a partir dele.

Foi o que fez a Continente, nesta edição, em matéria especial. O jornalista Paulo Carvalho expõe a relação íntima que a cidade estabeleceu com suas águas internas ao longo do tempo. Ele nos mostra o papel do Capibaribe no comércio da cana-de-açúcar, nos século 17 e 18; no escoamento do algodão e do couro de cabra por ingleses e cujo rastro urbanístico mais marcante seriam os casarões do Poço da Panela; a construção de suas pontes e o surgimento de suas primeiras palafi tas; as cheias que marcaram o imaginário da população; e conclui o texto com esse novo ciclo de relacionamento com o rio que parece estar em consolidação.

Contudo, existem aqueles que há muito mantêm uma relação especial com o “Capiba”: fazendo dele seu ambiente de trabalho, tirando dele seu sustento; outros utilizando suas águas para a prática de esportes; e alguns cultivando o desejo de voltar a ver águas cristalinas banhando suas margens. Fomos atrás dessas histórias para mostrar que devemos e podemos nos reapropriar do Rio Capibaribe, buscando uma convivência mais respeitosa com esse elemento essencial à compreensão do Recife, de sua história e cultura.

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