Edição #184

Abril 16

Nesta edição

Humor e Público

Em 7 de janeiro de 2015, o mundo acordou com uma notícia trágica e, ao mesmo tempo, esdrúxula: uma chacina de chargistas em Paris. À primeira vista, parecia uma piada estranha. Mas era verdade: cinco cartunistas e mais outras sete pessoas tinham sido assassinadas em plena luz do dia, em plena Cidade-Luz. Até então, o saldo negativo do humor no Ocidente havia contabilizado cara feia, xingamentos, brigas e, nos países que sofreram com regimes autoritários, censura e prisões. No entanto, um homicídio coletivo de humoristas não foi imaginado nem nos maiores delírios das charges de Millôr Fernandes.

O crime chocante, além de uma onda de solidariedade aos franceses, também despertou uma série de discussões sobre os limites do humor, debate que fervilhou nas semanas seguintes, quando antigas capas do semanário foram resgatadas pela imprensa e propagadas nas redes sociais. Muitos ficaram ultrajados ao descobrir que o Charlie Hebdo não apenas ironizava símbolos e crenças dos “outros”, como o Profeta Maomé, motivo da ação dos terroristas, mas que outras religiões, como o Catolicismo, também eram alvo de suas sátiras. E agora? Como diria Laerte, de que lado da piada você está?

Não demorou muito para a hashtag #jesuischarlie passar a ser questionada mundo afora. Em setembro, apenas sete meses depois do atentado ao Charlie Hebdo, a temática foi reacendida. O semanário francês havia feito charges referentes ao garoto sírio afogado no mar da Turquia, Aylan Kurdi, cuja imagem se tornou símbolo da luta pela vida dos refugiados da Síria. Em janeiro deste ano, o jornal novamente voltou a polemizar ao publicar outro desenho acerca do menino, dividindo opiniões, principalmente as dos cartunistas.

Nesta edição, trouxemos esse pertinente debate, analisando a questão junto aos participantes do II Salão Internacional de Humor Gráfico, que acontece neste mês no Recife; conversamos ainda com as autoras de quadrinhos no Brasil, que vêm traçando um novo cenário no ambiente predominantemente dominado por homens, e resgatamos o papel político do humor no curso da história nacional.

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