Como indica o ".exe" escolhido como "extensão" do título do festival, o formato conta com a interatividade e o controle do usuário, como são os arquivos executáveis deste mundo virtual. Caso fosse colocar seu público apenas como consumidor, talvez seria mais adequado usar o ".mp3". Dessa forma, além da programação musical, a organização do Molotov busca formas de colocar o público para interagir com a produção e, claro, entre si. Para isso, agregam-se à programação performances, conversações, workshops, masterclasses e "cápsulas de bem-estar".
"A pandemia nos trouxe um novo contexto de vida e possibilidades. Estávamos cômodos no que era o nosso mundo, as nossas relações, e tudo precisou ser ressignificado. É nesse processo que entendo a importância do Molotov, dando esse passo adiante, em direção à reinvenção. E eu sigo esse mesmo ritmo, me recrio e apresento um show novo, com toda a densidade desse momento. É tempo de sermos criativos, e tenho certeza absoluta que isso não vai faltar", comenta à Continente Romero Ferro, um dos nomes que compõem a programação musical do "festival.exe".
Como o músico pernambucano, apresentam-se nomes como: Boogarins (GO), Luna Vitrolira (PE), Giovani Cidreira (BA), Tássia Reis (SP) e MC Tha (SP), Badsista (SP) e Noporn (SP). Como mencionamos, todos os shows são no dia 11, com transmissão através da plataforma Zoom. Foi a forma que o festival encontrou para melhor acomodar seu público e, ainda, promover a oportunidade de interação a distância entre os usuários. Os ansiosos por música podem conferir, já neste sábado (4/7), uma festa surpresa com Djs convidados.
"Assim que foi anunciado o fechamento de tudo, nos envolvemos com a criação do festival FicoEmCasaBr e passamos três semanas intensas realizando lives com diversos artistas de todo Brasil. Quando terminou, ficamos semanas pesquisando as lives que estavam rolando e conhecendo novas plataformas para entender o que faria sentido para o Coquetel Molotov armar. Assim criamos o Call Center, que são conversas com discotecagens – o que gerou encontros incríveis. E entendemos que o Zoom é a plataforma que mais faz sentido e dialoga com o público. Podemos ver o público, entrar um pouco nas suas casas e interagir, a plataforma cria mais intimidade e permite realizar umas lives mais interativas", comenta Ana Garcia, idealizadora do festival.
O Call Center ao qual se refere Ana é um projeto iniciado ainda em junho, cujo objetivo é realizar um encontro online por semana no qual convidados conversam sobre seus trabalhos e ainda interagem com o público em debate e fluxo crítico. Durante o Coquetel Molotov.EXE, acontecem dois encontros em formato de masterclasses especiais, comandados pelas cantoras Letrux e Linn da Quebrada. A primeira foi no no dia 1º e a segunda está prevista para o dia 8 de julho, às 20h. As conversas também são acessadas pela plataforma Zoom, e o público pode se inscrever via Sympla Streaming. Já as cápsulas são momentos de bem-estar promovidos no meio da programação. São aulas rápidas de petiscos que casam com cerveja, promovidas pelo chef Lucas Muniz, e de drinks com Luana Correia, do Mamas Bar.
Na primeira semana de julho, a programação do festival é tomada pelos workshops de música, dança, maquiagem e ativismo. No dia 3, às 20h, o coletivo Afrofunk Rio realiza oficina na qual coloca as discussões sobre sexualidade, hipersexualização, machismo, racismo, independência individual e padrões de beleza sob a ótica do funk.
"Acho muito importante realizar o festival neste momento, para gerar emprego tanto para artistas como equipe, além de ser um respiro e alívio para todos que estão em quarentena há tanto tempo. Poder pensar em outra coisa é excelente para a saúde mental. Todo mundo vem falando isso pra mim – como está sendo bom trabalhar no festival agora. Dói, claro, ter que falar que o festival físico só vai acontecer em 2021, mas é fora do nosso controle e a nossa energia está voltada para esta nova edição e já pensando na próxima", anuncia Ana Garcia.
A programação que acontece pelo Zoom, através da plataforma Sympla Streaming, pode ser conferida com ingressos em valor simbólico de R$ 5. O passe dá acesso às apresentações do sábado, 11 de julho, quando concentram lives em salas simultâneas que somam mais de 12h de música, a partir das 17h. O valor arrecadado com as entradas será destinado à Ecovida Cooperativa Palha de Arroz, que fica no Bairro do Arruda (Recife/PE). Trata-se de uma cooperativa formada apenas por mulheres catadoras de materiais recicláveis.
A parceria com a Continente traz nessa edição a bailarina, performer e palhaça Silvia Góes, o poeta e editor Fred Caju e o cantor e compositor Otto.