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Gisela Motta e Leandro Lima
Parceiros na arte e na vida, paulistanos traçam caminho surpreendente pela criatividade visual
A nossa segunda edição do ano aborda um tema que está na ordem do dia, na pauta de praticamente todas as redações do mundo: o terrorismo. Mas a ideia aqui procurou ir um pouco mais a fundo do que os noticiários televisivos cotidianos, por exemplo. Na verdade, a nossa proposta vai por outros caminhos, talvez na contramão das manchetes internacionais, adentrando vielas “alternativas”, que, no geral, costumam passar despercebidas pela maioria, embora possam ser excelentes atalhos. Neste caso, para a reflexão.
Afinal, onde está o terrorismo? Na cidade ou na internet? Nos governos ou na sociedade clandestina organizada? Está no Brasil ou na Turquia? Bem, o que nos mostra a reportagem especial de Olívia Mindêlo, por exemplo, é que Istambul não se resume aos seus estereótipos, sendo atualmente um dos pontos mais relevantes da arte contemporânea do século 21. Os artistas e especialistas de lá podem não mover montanhas, mudar valores enraizados ou evitar ataques e acontecimentos “estranhos” no país, mas são um contraponto de criação, lucidez e crítica perante um cenário político nebuloso, para dizer o mínimo.
E por falar em nebuloso, não podemos esquecer que enquanto os cães de guarda da Turquia cercam praças, parques e aeroportos, para prevenir ataques do Estado Islâmico ou limitar a presença dos curdos e dos refugiados, os hackers seguem nos surpreendendo a cada dia. Eis uma das questões que permeiam nossa reportagem de capa, escrita por Yellow, designer, músico e professor de Animação. Ele mostra como o ciberterrorismo ainda é um assunto um tanto desconhecido por nós, que “alegremente, tornamo-nos escravos dos benefícios da tecnologia, mesmo observando o crescimento do crime cibernético”, como lembra em sua matéria.
Alguém já imaginou que, ao baixar um aplicativo gratuito no celular, pode estar, na verdade, vendendo informações pessoais para empresas que se alimentam de comprar esses dados – caso contrário, o tal APP nem existiria? Ou alguém consegue perceber o quanto estamos paradoxalmente vulneráveis aos apegos de segurança do dia a dia, como a energia elétrica? E se um ciberterrorista utilizar um malware para promover um apagão, por vias remotas, em toda uma região do planeta ou controlar nossos pensamentos? Essas coisas soam como teoria da conspiração, mas já se tornam realidade – se não no meio físico, ao menos nas mentes. Então, até que ponto a tecnologia nos ajuda? Bem, talvez não precisemos ser nem “ciberpessimistas”, como Baudrillard, nem “ciberotimistas”, como os applemaníacos. Diante deste mundo, que possamos ser, simplesmente, cibercríticos.
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