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Luigi Ghirri
Fotógrafo italiano explorou paisagem do país em imagens que investigam o conceito de realidade
A primeira aparição do verbo “criar” remonta ao ano de 1001, segundo o Dicionário Houaiss. Contudo, sua aplicação no cotidiano dos seres humanos é ainda mais antiga. Antes mesmo de nos tornarmos sociedades minimamente organizadas, já utilizávamos esse conceito, que, talvez, encontre paralelo apenas no ato de pensar. Hoje, a máxima cartesiana do “penso, logo existo” poderia ser comparada ao “crio, logo sou”.
Usamos a nossa criatividade a todo instante: para pensar em qual caminho percorrer a fim de escapar ao trânsito matinal, para bolar uma ideia para os presentes dos filhos ou, ainda, para imaginar uma solução diferente para um problema no trabalho. Mas há aqueles entre nós cuja relação com a criatividade se dá em outro âmbito, naquele de maior entrega, num casamento em que se tem começo e, às vezes, nem fim. É justamente no ambiente artístico que percebemos com mais facilidade sua evidência.
Por isso, são os artistas que aparecem como esteio da reportagem de capa desta edição. Durante dois meses, a repórter Luciana Veras buscou refletir sobre os diversos aspectos que envolvem a criatividade, o momento do insight. Ela ouviu escritores, artistas plásticos, cineastas, designers para saber como se inicia a produção de uma obra, como é a dinâmica de trabalho, enfim, tentou entender como se dá o momento do clique, da eureca, do Aha!
Porém, a proposta era investigar os processos criativos, não apenas sob a ótica de quem deles se apropria para criar livros, músicas, personagens, filmes ou instalações artísticas, mas também na perspectiva do que acontece quando surge uma ideia na parte suprema do corpo humano: o cérebro. Assim, apresentamos os meandros da criatividade na rede neural desse órgão humano pela ótica da neurociência e da psicologia.
É fato que ainda existe muito a se descobrir no que diz respeito ao funcionamento do cérebro, mas já se sabe quais áreas são mais afetadas pelos processos criativos; e novos estudos e evolução das técnicas de mapeamento cerebral jogam luz sobre o mistério da inspiração. Por exemplo, sabe-se que o cérebro do físico alemão Albert Einstein, retirado do seu corpo sete horas após sua morte, em 1956, possuía uma área maior de interconectividade entre os dois hemisférios, o que certamente é sinal de sua genialidade. No entanto, numa era em que todos criam a todo instante, e em que processos criativos são coletivizados, expostos e partilhados para milhares, ainda há espaço para gênios?
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