Curtas

Rec-Beat 2023

Festival está de volta com programação de vanguarda, que se une ao clima apoteótico do aguardado carnaval do Recife

TEXTO Mayara Moreira Melo

15 de Fevereiro de 2023

Vista do 'Rec-Beat', no Cais da Alfândega, quando comemorou 25 anos

Vista do 'Rec-Beat', no Cais da Alfândega, quando comemorou 25 anos

Foto José Britto/Divulgação

[conteúdo exclusivo Continente Online] 

O festival Rec-Beat está de volta para sua 27ª edição, de 18 a 21 de fevereiro, durante as noites do carnaval do Recife (Cais da Alfândega). O festival será palco de shows inéditos na cidade e recebe nomes de peso da cena local, como Conde Só Brega e Mestre Ambrósio, nacional, como Slipmami e Bala Desejo, e internacional como Banda O (Reino Unido) e Purahei Soul (Paraguai).

Seguindo a estética e a ideia original do Rec-Beat, em 2023 haverá novamente uma pegada afrofuturista, mas agora com uma predominância de ritmos africanos e a presença inédita de músicos de diversos países do continente, como Kizaba (Congo), Simon Winsé (Burkina Faso) e Djely Tapa (Mali), que vêm pela primeira vez ao Recife. 

Artistas conterrâneas também carregam, em sua arte, a proposta do evento, ao trabalhar com ritmos ancestrais africanos, o afrofuturismo e a valorização de sonoridades locais. É o caso de Bela Maria, que além de unir a estética africana às suas produções musicais, a cantora apresenta canções influenciadas por ritmos como o pop, funk e soul, sons também explorados pela banda brasiliense Joe Silhueta, atração confirmada na noite de sábado (18/2). 


Djely Tapa vem do Mali. Foto: Yoktown_s/Divulgação

Já Mun-Há, performer e cantora, leva aos palcos a idealização da beleza negra e queer, e realiza experimentações com musicalidades como o brega funk. Caso também de Getúlio Abelha, que não só brinca com as ideias de gênero em sua estética artística, como ainda faz da música um laboratório, ao testar sonoridades diversas como forró, calypso e brega, que através de uma linguagem pop e eletrônica, torna a musicalidade do multiartista algo singular. 

“A proposta deste ano é de romper com essa tendência que vem acontecendo com os festivais, de um line up meio óbvio, meio padrão, onde se escuta sempre a mesma coisa. Nós sempre fomos um festival de vanguarda, de tendências, então entendi que a gente poderia arriscar e pôr nomes novos potencialmente bons”, comenta Antônio Gutierrez, criador e diretor do Rec-Beat

Dentre os shows mais aguardados, está o da banda carioca Bala Desejo, que apesar de ter se apresentado no último Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), em 2022, fará seu primeiro show no Recife. Vencedor do Grammy Latino com o álbum SIM, SIM, SIM, o quarteto vem conquistando cada vez mais admiradores pelo seu estilo neo-hippie, tropicalista, setentista, que faz lembrar os Doces Bárbaros.


Getúlio Abelha é do Piauí. Foto: Sillas h./Divulgação

Outro show esperado, apesar de não inédito na cidade, é a apresentação de retorno da banda Mestre Ambrósio, após quase duas décadas sem seus integrantes tocarem juntos. Apesar de terem feito esse show em janeiro, no Clube Português, e em outras cidades do país, é provável ainda que haja muita gente para ver a volta do grupo neste espetáculo imperdível. No palco do Rec-Beat, eles se apresentam na segunda (20/2), mas haverá shows deles também em Olinda (terça, 21) e na Várzea (domingo, 19). A banda comemora seus 30 anos, sendo um dos expoentes de um dos movimentos mais efervescentes da cultura nacional, o Manguebeat, período que, não por acaso, coincide com a criação do Rec-Beat

No decorrer dos seus 28 anos, o Rec-Beat se firmou como um dos festivais mais diversos e inovadores do país. Apesar de a curadoria apresentar um olhar especial à multiplicidade estética da música contemporânea, neste ano há uma pitada de ousadia, ao propor uma programação não convencional e ao trazer novos artistas de outros países. Segundo Gutie, esta 27ª edição será um grande laboratório para saber aonde conduzir o evento, no objetivo de continuar a ser um festival de vanguarda e de referência para outros festivais, e oferecer ao público uma oportunidade de conhecer novos artistas e uma diversidade musical e cultural única. 


Mestre Ambrósio no Clube Português, em janeiro.
Foto: Hannah Carvalho/Divulgação

Confira programação: www.instagram.com/recbeatfestival/

MAYARA MOREIRA MELO é jornalista em formação pela Unicap e estagiária da Continente.

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