Entrevista
Deisy Ventura
Professora da USP comenta a pesquisa sobre as normas emitidas pela União durante a pandemia
Neste mês do #8M, o Dia Internacional das Mulheres, temos orgulho de apresentar a edição #243 da Continente sob o signo de reflexões femininas e feministas, seja no campo da produção literária oU artística, seja na análise e na articulação políticas.
Nossa capa traz Ruth Rocha, prolífica autora de mais de 200 obras voltadas para o público infantojuvenil. Ela completa 90 anos e é celebrada no perfil assinado pela jornalista Erika Muniz, que ressalta como as histórias criadas pela autora paulista, escritas a partir dos anos 1970, tais como Romeu e Julieta, Bom-dia, todas as cores, O reizinho mandão, já evidenciavam o protagonismo das crianças e abordavam temas como preconceito e racismo. Como não lembrar de Marcelo, martelo, marmelo? Seu livro de maior sucesso, lançado em 1976, que conta a história de um menino perspicaz que questiona a linguagem e passa a chamar cadeira de “sentador”, colher de “mexedor”... Um obra que marcou várias gerações.
Uma outra escritora, a britânica Virginia Woolf, aparece aqui com trechos de seus diários, compilados em Um esboço do passado (editora Nós). Março de 2021 marca as oito décadas da sua morte. Para acompanhar essas passagens que nos mostram um pouco da sua maneira de rever a própria história, imbricada à sua obra, chamamos a artista visual pernambucana Juliana Lapa para ilustrar a seção, numa parceria que se mostra bela e precisa. Virginia, que havia escrito Mrs. Dalloway (1925), Ao farol (1927) e Orlando (1928), entre outras obras fundamentais da literatura moderna ocidental, optou por tirar a própria vida aos 59 anos.
Não era fácil ser mulher no meio do século XX, não é fácil ser agora. Porém, há resistência. Assim nos apontam também a poesia de Lubi Prates, autora de um corpo negro, analisada em artigo desta edição, e a ação de mulheres, trazida em nossa reportagem. Nesta, falamos das questões de gêneros no audiovisual, partindo da perspectiva de que, ao se agruparem em redes e coletivos, as mulheres se fortalecem para combater o machismo e a misoginia nos festivais e nos sets de filmagens. Como diz a ativista e filósofa negra norte-americana Angela Davis, citada por uma das fontes da matéria da repórter especial Luciana Veras, “a liberdade é uma luta constante”.
Nossa capa: Ruth Rocha pelo ilustrador Filipe Aca