Edição #202

Outubro 17

Nesta edição

Cinema de animação, 100 anos

O ano zero foi 1917, com um filminho chamado O Kaiser, sobre os conflitos em curso na Europa. Dele, só restou um – um mesmo! – quadro, que é uma espécie de relíquia. Na verdade, tratava-se de uma charge animada. Ali, naquele pequeno gesto, cravava-se o início da história do cinema de animação no Brasil, que, de acordo com quem sabe, “nasceu bem-humorado, ágil e como instrumento de contestação. Herdeiro direto da sátira política”. De onde deduzimos a paternidade: a animação brasileira é filha da charge, do cartum, da caricatura – numa só expressão, do humor gráfico!

Para contar essa história, convidamos o designer Marcos Buccini, que é professor do Núcleo de Design e Comunicação da UFPE e também produtor e diretor de animações. Então, leitor, você tem em mãos, nesta edição, uma detalhada trajetória deste segmento cultural que batalha pra existir e mantém uma fiel audiência (ainda que esteja longe, quantitativamente, de comparar-se aos arrasa- quarteirões das grandes produtoras norte-americanas). Mas bem que nós temos nossos heróis…

Outro assunto de caráter histórico que nos mobiliza nesta edição é a criação da Polaroid, há sete décadas. Aquela câmera que expulsava por uma pequena abertura uma imagem já ampliada foi a precursora de uma cultura de instantaneidade tão propagada em nossos dias. Num ensaio saboroso, o professor universitário e pesquisador José Afonso Jr. nos conta como “Em um mundo de crescente aceleração da experiência do tempo atravessando nossas dinâmicas do dia a dia, pensar o surgimento da Polaroid é quase um triunfalismo tecnológico para compreender a fotografia atual. Digital, móvel, em redes, compartilhada e, obviamente, instantânea”.

E, para os amantes da obra de Leonilson, uma notícia luxuosa: acaba de sair uma publicação que compila toda sua obra (são 3.400 registros, catalogados pelo Projeto Leonilson até o momento), incluindo esboços, ilustrações para jornais, publicações do início da carreira e fortuna crítica. O catálogo, como explica o curador Carlos Bitú Cassudé, em texto que produziu para a revista, é dividido em três volumes, organizados em ordem cronológica. Uma obra que exigiu 22 anos de pesquisa.

 

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