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Ricardo Cavolo
Espanhol de Salamanca mostra por que virou expoente da arte pop mundial
Alceu Valença nasceu em 1º de julho de 1946. Naquele ano, Luiz Gonzaga lançava a música Baião, o primeiro grande sucesso de sua carreira e que o tornaria para sempre o Rei de Baião. Nascido em São Bento do Una, Alceu recebeu toda a influência oriunda da cultura sertaneja: violeiros, cantadores, poetas populares e, claro, o mítico sanfoneiro. Desde pequeno, já demonstrava o talento para o palco: aos quatro anos, se apresentou num concurso de talentos em sua cidade, arrancando risadas da plateia ao dar cambalhotas e fazer palhaçadas enquanto outro candidato mirim cantava.
Setenta anos depois, aquela criança guarda no matulão incontáveis experiências: foi jornalista, advogado, viajou o Brasil, o mundo, Oropa, França e Bahia, morou fora do país, dançou com os hippies, viveu liso, viu ditadura, democracia, atuou em filme, gravou disco, fez show, cantou no programa do Chacrinha, ficou famoso, trabalhou em novela, fez filme, escreveu livro, subiu em trio elétrico, em cavalo de pau, ganhou dinheiro, prêmio, viu fantasma, disco voador, Jaquecline Bisset, a bela da tarde. Mas, acima de tudo, foi bastante aplaudido e elogiado por onde passou.
Para celebrar os 70 anos de Alceu, a Continente o entrevistou em sua residência temporária, mas afetiva, em Olinda, numa de suas vindas a Pernambuco, onde mora sua mãe, Dona Adelma, que tem 102 anos. Desde o começo dos anos 1970, o compositor vive no Rio de Janeiro, lugar onde construiu sua carreira artística desde o começo dessa década. Em conversa com a revista, o cantor abriu as comportas de sua prodigiosa memória para falar em disparada dessas lembranças todas e também sobre envelhecer, música, política, mercado fonográfico e sobre a estreia como diretor de cinema. O resultado disso são 12 páginas dedicadas ao leque moleque, bicho maluco beleza. Setenta anos depois, Alceu Valença ocupa o posto que pertencia ao seu ídolo: é hoje o maior ícone da música pernambucana vivo! Vivo! Vivo!
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