Cênicas é apenas uma das várias vertentes artísticas presentes na programação. Na imagem, Cia Talagadá SP. Foto: Divulgação
Além da música, que, aliás, aparece muito bem-representada por nomes como Atitude 67, Renato Teixeira, Duda Beat, Potyguara Bardo, Djonga e Dexter, entre outros/as, o Campão Cultural também abrange linguagens como a literatura, as artes visuais, o design, o audiovisual, a fotografia, a gastronomia, o teatro e a dança.
Nas artes cênicas, inclusive, o grupo mineiro Corpo é um dos destaques, com as apresentações dos espetáculos Gira e Primavera, que acaba de estrear, nesta terça (23), às 20h, no Teatro Glauce Rocha. No campo literário, os escritores indígenas Casé Angatu e Auritha Tabajara também são destaques e participam desta primeira edição.
Segundo o secretário de Cidadania e Cultura, João César Mattogrosso, o Campão Cultural nasce de uma antiga demanda do próprio setor cultural, mas principalmente da classe artística do Estado, para que fosse desenvolvido um evento que seguisse a linha dos já consagrados Festival de Inverno de Bonito e Festival América do Sul Pantanal. Como uma espécie de alargamento da proposta de diversidade que constitui o Campão, a programação não se restringirá ao centro da capital sul-mato-grossense; abrangerá as sete regiões do município, contemplando moradores de mais de 10 bairros e dos distritos de Anhaduí e Rochedinho. Além das apresentações artísticas, ações de formação como palestras, workshops, oficinas, encontros, exposições e seminários integram o evento.
O Grupo Corpo, expoente da dança cênica do país, apresenta espetáculo novo no MS. Foto: José Luiz Pederneiras/Divulgação
"A Fundação de Cultura é ligada à Secretaria de Cidadania e Cultura. Há várias secretarias, a Secretaria LGBT, a de questões raciais, a de juventude. A gente buscou, com esse festival, também trabalhar com questões afirmativas dentro das várias linguagens que a fundação já trabalha", anuncia Soraia Ferreira, gerente da Difusão Cultural da Fundação de Cultura do Mato Grosso do Sul (FCMS) e coordenadora geral do Campão Cultural. "Trabalhar com o teatro, com a dança, com o cinema, com o patrimônio, com o artesanato... Não tinha como a gente fazer um festival que não abarcasse esses segmentos artísticos. Por isso, é um festival tão diverso, porque a gente tentou fazer com que todos esses segmentos tivessem a sua representatividade.”
ESTREIA PRESENCIAL
Desde que o isolamento social foi decretado, em 2020, como medida de segurança imprescindível para o controle da pandemia da Covid-19, a classe artística vem enfrentando fortes desafios, como cortes de recursos, interrupções de atividades e projetos e a necessidade de readaptação ao que vinha produzindo. O setor, que é um dos mais prejudicados economicamente desde o início, foi um dos primeiros a parar e está sendo um dos últimos a retornar. A presença de um evento como o Campão Cultural, formada majoritariamente por artistas do MS, mas que também privilegia nomes de fora do Estado, acaba sendo uma das alternativas de movimentação da economia para o setor cultural e contribui para a retomada de muitas/os trabalhadores/as do campo artístico.
“A pandemia colocou o setor cultural em uma posição muito delicada. Em uma situação desoladora, na verdade. Só que, ao mesmo tempo, a gente percebe que o artista e sua obra nunca foram tão necessários. Durante a pandemia, nós ficamos isolados e o que nos manteve com alguma sanidade, um certo equilíbrio, foi a criação artística. A gente ouve música, lê um livro, assiste a um filme, assistia às lives. Foi o que, de alguma maneira, nos possibilitou permanecer, ainda, com uma certa esperança. E a capital do Estado do Mato Grosso do Sul, com relação à vacinação, está muito adiantada. A gente tem quase 70% da população vacinada. Isso nos dá um certo conforto em realizar um festival desse tamanho. Apesar de que, lógico, precisaremos tomar todas as medidas nos ambientes fechados. No teatro, por exemplo, a capacidade não vai ser total e muita coisa vai acontecer na rua, nas praças”, diz a coordenadora do evento.
Os cearenses da Banda Dona Zefinha se apresentam no Campão. Foto: Marcos Vieira/Divulgação
Embora a vacinação esteja avançando por todo o país, as medidas de segurança ainda devem ser tomadas para a proteção do público presente nos próximos 14 dias de evento, sobretudo em relação aos previstos para acontecer em ambientes fechados, como ratifica Soraia: “Nós temos alguns espetáculos que serão em teatros, então, a capacidade vai ser (reduzida) a 75% de acordo com cada local. Em locais fechados, (é obrigatório) o uso de máscara e álcool em gel na entrada”.
Sobre a importância dessas medidas, o secretário João César Mattogrosso também pontuou: “Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, está sendo referência na imunização. A gente não poderia, e com toda certeza, não estamos deixando de lado a questão da biossegurança devido à pandemia. Tudo isso está sendo também pensado, programado, para que a gente tenha o maior festival, mas, acima de tudo, também com a maior segurança sanitária da nossa população”.
Para esta primeira edição do Campão Cultural, o orçamento conta com R$ 5,3 milhões. O Governo do MS também já garantiu uma agenda com outros eventos da cultura estadual. “Ano que vem, já está confirmado o Festival América do Sul Pantanal, em Corumbá, que deverá acontecer em maio, e o Festival de Inverno de Bonito, em julho. A segunda edição do Campão Cultural também está confirmada e o projeto que a gente vai lançar, neste ano, o MS é show acontecerá de janeiro até maio”, revela João César, em entrevista à Continente.
Daqui, nos preparamos para aportar na capital sul-mato-grossense e viver experiências que serão compartilhadas ao longo dos próximos dias. Acompanhe também a cobertura completa pelas redes sociais da revista Continente (Instagram | Twitter).
ERIKA MUNIZ é jornalista com graduação em Letras.