Cobertura

Campão Cultural

Em sua primeira edição, festival ocupa a capital do Mato Grosso do Sul com dança, música, artes visuais, cinema, literatura e gastronomia

TEXTO Erika Muniz

23 de Novembro de 2021

Os brasilienses da Cia. Os Buriti são uma das atrações de dança do 'Campão'

Os brasilienses da Cia. Os Buriti são uma das atrações de dança do 'Campão'

Foto Diego Bresani/Divulgação

[conteúdo exclusivo Continente Online]

Como o próprio nome sugere, é sob conceitos como diversidade, arte, cultura de rua e cidadania que o Campão Cultural – 1º Festival de Arte, Diversidade e Cidadania acontece na cidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, a partir desta semana. Com uma vasta programação – afinal, são cerca de 150 atrações –, a primeira edição do evento, considerado o maior já sediado na capital, vai até o dia 5 de dezembro, ocupando ruas, praças, teatros e parques campo-grandenses.

A Continente estará por lá fazendo a cobertura. Esta, inclusive, não é a primeira vez que pegamos um avião com destino ao Mato Grosso do Sul, a convite da Secretaria de Cidadania e Cultura do Governo do Estado do MS, para acompanhar de perto as artes produzidas e difundidas nesse território do Centro-Oeste brasileiro. Em 2018, estivemos no Festival América do Sul Pantanal, em Corumbá, e no Festival de Inverno de Bonito, localizado em uma das principais rotas de ecoturismo do mundo, que faz jus ao nome que tem.

Desta vez, com o abrandamento da pandemia no país, os festivais voltam a acontecer por lá, com o foco girando agora em torno da capital e de alguns/algumas dos/das artistas que fazem esse lugar pulsar arte e cultura a partir de diferentes formas de expressão. Além disso, nos conectaremos também com nomes que chegam de outros lugares para integrar a grade de programação do Campão Cultural.


Cênicas é apenas uma das várias vertentes artísticas presentes na programação. Na imagem, Cia Talagadá SP. Foto: Divulgação

Além da música, que, aliás, aparece muito bem-representada por nomes como Atitude 67, Renato Teixeira, Duda Beat, Potyguara Bardo, Djonga e Dexter, entre outros/as, o Campão Cultural também abrange linguagens como a literatura, as artes visuais, o design, o audiovisual, a fotografia, a gastronomia, o teatro e a dança.

Nas artes cênicas, inclusive, o grupo mineiro Corpo é um dos destaques, com  as apresentações dos espetáculos Gira e Primavera, que acaba de estrear, nesta terça (23), às 20h, no Teatro Glauce Rocha. No campo literário, os escritores indígenas Casé Angatu e Auritha Tabajara também são destaques e participam desta primeira edição.

Segundo o secretário de Cidadania e Cultura, João César Mattogrosso, o Campão Cultural nasce de uma antiga demanda do próprio setor cultural, mas principalmente da classe artística do Estado, para que fosse desenvolvido um evento que seguisse a linha dos já consagrados Festival de Inverno de Bonito e Festival América do Sul Pantanal. Como uma espécie de alargamento da proposta de diversidade que constitui o Campão, a programação não se restringirá ao centro da capital sul-mato-grossense; abrangerá as sete regiões do município, contemplando moradores de mais de 10 bairros e dos distritos de Anhaduí e Rochedinho. Além das apresentações artísticas, ações de formação como palestras, workshops, oficinas, encontros, exposições e seminários integram o evento.


O Grupo Corpo, expoente da dança cênica do país, apresenta espetáculo novo no MS. Foto: José Luiz Pederneiras/Divulgação

"A Fundação de Cultura é ligada à Secretaria de Cidadania e Cultura. Há várias secretarias, a Secretaria LGBT, a de questões raciais, a de juventude. A gente buscou, com esse festival, também trabalhar com questões afirmativas dentro das várias linguagens que a fundação já trabalha", anuncia Soraia Ferreira, gerente da Difusão Cultural da Fundação de Cultura do Mato Grosso do Sul (FCMS) e coordenadora geral do Campão Cultural. "Trabalhar com o teatro, com a dança, com o cinema, com o patrimônio, com o artesanato... Não tinha como a gente fazer um festival que não abarcasse esses segmentos artísticos. Por isso, é um festival tão diverso, porque a gente tentou fazer com que todos esses segmentos tivessem a sua representatividade.” 

ESTREIA PRESENCIAL
Desde que o isolamento social foi decretado, em 2020, como medida de segurança imprescindível para o controle da pandemia da Covid-19, a classe artística vem enfrentando fortes desafios, como cortes de recursos, interrupções de atividades e projetos e a necessidade de readaptação ao que vinha produzindo. O setor, que é um dos mais prejudicados economicamente desde o início, foi um dos primeiros a parar e está sendo um dos últimos a retornar. A presença de um evento como o Campão Cultural, formada majoritariamente por artistas do MS, mas que também privilegia nomes de fora do Estado, acaba sendo uma das alternativas de movimentação da economia para o setor cultural e contribui para a retomada de muitas/os trabalhadores/as do campo artístico.

“A pandemia colocou o setor cultural em uma posição muito delicada. Em uma situação desoladora, na verdade. Só que, ao mesmo tempo, a gente percebe que o artista e sua obra nunca foram tão necessários. Durante a pandemia, nós ficamos isolados e o que nos manteve com alguma sanidade, um certo equilíbrio, foi a criação artística. A gente ouve música, lê um livro, assiste a um filme, assistia às lives. Foi o que, de alguma maneira, nos possibilitou permanecer, ainda, com uma certa esperança. E a capital do Estado do Mato Grosso do Sul, com relação à vacinação, está muito adiantada. A gente tem quase 70% da população vacinada. Isso nos dá um certo conforto em realizar um festival desse tamanho. Apesar de que, lógico, precisaremos tomar todas as medidas nos ambientes fechados. No teatro, por exemplo, a capacidade não vai ser total e muita coisa vai acontecer na rua, nas praças”, diz a coordenadora do evento.


Os cearenses da Banda Dona Zefinha se apresentam no
Campão. Foto: Marcos Vieira/Divulgação

Embora a vacinação esteja avançando por todo o país, as medidas de segurança ainda devem ser tomadas para a proteção do público presente nos próximos 14 dias de evento, sobretudo em relação aos previstos para acontecer em ambientes fechados, como ratifica Soraia: “Nós temos alguns espetáculos que serão em teatros, então, a capacidade vai ser (reduzida) a 75% de acordo com cada local. Em locais fechados, (é obrigatório) o uso de máscara e álcool em gel na entrada”.

Sobre a importância dessas medidas, o secretário João César Mattogrosso também pontuou: “Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, está sendo referência na imunização. A gente não poderia, e com toda certeza, não estamos deixando de lado a questão da biossegurança devido à pandemia. Tudo isso está sendo também pensado, programado, para que a gente tenha o maior festival, mas, acima de tudo, também com a maior segurança sanitária da nossa população”.

Para esta primeira edição do Campão Cultural, o orçamento conta com R$ 5,3 milhões. O Governo do MS também já garantiu uma agenda com outros eventos da cultura estadual. “Ano que vem, já está confirmado o Festival América do Sul Pantanal, em Corumbá, que deverá acontecer em maio, e o Festival de Inverno de Bonito, em julho. A segunda edição do Campão Cultural também está confirmada e o projeto que a gente vai lançar, neste ano, o MS é show acontecerá de janeiro até maio”, revela João César, em entrevista à Continente.

Daqui, nos preparamos para aportar na capital sul-mato-grossense e viver experiências que serão compartilhadas ao longo dos próximos dias. Acompanhe também a cobertura completa pelas redes sociais da revista Continente (Instagram | Twitter).

ERIKA MUNIZ é jornalista com graduação em Letras.

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