ILUSTRAÇÕES HALLINA BELTRÃO
04 de Março de 2020
Ilustração HALLINA BELTRÃO
[continuação de Smartphone, a droga do momento | PARTE 2 | ed. 231| março de 2020]
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Passemos então aos números dos nossos hábitos atuais. Existem os indivíduos que são espécies de São Tomé da estatística, só acreditam vendo dados. De acordo com o relatório Economia Móvel 2019 (GSMA), 5,1 bilhões de pessoas possuem algum tipo de aparelho celular e 3,6 bilhões acessam a internet por seus aparelhos. No caso do Brasil, segundo a 30ª Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas (FGV-SP), são 230 milhões de smartphones ativos no país, o que supera o número de notebooks, tablets e computadores, que é de 180 milhões.
No que diz respeito ao tempo de celular, duas pesquisas divulgadas em 2019 divergem sobre a nossa posição: o relatório Estado de Serviços Móveis (elaborado pela App Annie) apontou os brasileiros em 5º lugar no ranking, com média de mais de três horas por dia conectados no aparelho, ficando atrás de Indonésia, Tailândia, China e Coreia do Sul. Já um estudo realizado pela Hoopsuite em parceria com a We Are Social – a partir do cruzamento dos relatórios da App Annie, GlobalWebIndex, GSMA Intelligence, Statista, Locowise e SimilarWeb – aponta o Brasil como o segundo país que passa mais tempo conectado à internet, com a assustadora média de nove horas e 29 minutos online por dia, atrás apenas das Filipinas. De todo modo, países emergentes se destacam no uso excessivo dessas ferramentas, e a América Latina aparece como o continente que passa mais tempo em redes sociais, especificamente.
Segundo pesquisa da Global Mobile Consumer Survey (2018), 42% dos usuários fazem esforço para limitar o uso do equipamento, mas 1/3 dos que tentam não observam resultados. Nesse relatório, 30% dos entrevistados responderam não conseguir dormir no horário pretendido devido ao smartphone e 14% acordam de madrugada para conferir o celular.
Em 2016, quando foi realizado estudo similar nos Estados Unidos, apontou-se que 80% dos norte-americanos olhavam o celular dentro da primeira meia hora depois de acordar. Na época, era de 75% o número de entrevistados que consultavam o celular no meio da noite, entre as pessoas de 25 a 34 anos. O sono é uma das necessidades mais diretamente atingida pelo mau uso do celular. A irradiação de luz azul das telas interfere na produção de melatonina, hormônio que ajuda a regular naturalmente a hora de dormir. Outros dados da Global Mobile Consumer Survey, dessa vez da pesquisa de 2019 do Brasil, apontam que 36% dos consultados costumam ter a companhia do celular enquanto comem, e 11% frequentemente utilizam celular enquanto dirigem ou andam de bicicleta.
Do ponto de vista da saúde física, algumas consequências dessa simbiose já recebem nomes em homenagem ao gadget, como o “pescoço de texto”, o “cotovelo de celular” e o “polegar de mensagem”. O primeiro é um problema da coluna vertebral gerado pela postura dos usuários, com a cabeça flexionada para baixo, o que sobrecarrega o eixo do tronco, causando dores e tensão muscular na região. Já a lesão no cotovelo é consequência do tempo excessivo dedicado às conversas online, pois é comum manter os braços na posição de um ângulo fechado e, consequentemente, sentir formigamento, dormência, queimação ou dor no antebraço e nos dedos. A baixa flexibilidade dos polegares, por fim, facilita a ocorrência de inflamações nos músculos e tendões devido ao manuseio exagerado das telas.
Emocionalmente e cognitivamente, os benefícios e malefícios à saúde seguem sendo estudados. Em Celular: como dar um tempo, Catherine Price destaca que “passar longos períodos interagindo com eles pode alterar tanto a estrutura como o funcionamento do cérebro – incluindo a formação de memórias novas, a capacidade de concentração, a habilidade de pensar de forma mais aprofundada e de reter informações adquiridas através de leituras. Vários estudos associam o uso intenso dos smartphones (especialmente quando utilizados para redes sociais) a efeitos negativos relacionados a neuroses, autoestima, impulsividade, empatia, identidade própria e autoimagem, bem como a distúrbios do sono, ansiedade, estresse e depressão”.
No entanto, é necessário conhecer o impacto caso a caso, como vêm defendendo os especialistas da saúde. “Essa questão vai depender muito do tipo de utilização, da faixa etária. Uma coisa que a gente sabe, por exemplo, que é interessante e vai na contramão da maior parte das pesquisas, é que, na terceira idade, o uso dos aplicativos e das telas digitais é extremamente favorável, porque a interação com um tipo de tecnologia que eles não tiveram força a aprendizagem”, relata Cristiano Nabuco. Mas, de forma geral, é preciso estar mais atento às perdas geradas em meio à euforia do amplo acesso: “O que se tem visto é que, quanto mais tempo você interage com as telas, mais treinado seu cérebro fica para executar ações que sejam rápidas, simples e diretas. E essa ação contínua concorre com o pensamento criativo. O Nicholas Carr, que escreveu o livro The shallows (A geração superficial), mostra que a interação continuada com as telas está levando a uma diminuição progressiva do Q.I. mundial. Embora tenhamos mais informação na palma da mão do que antes, essa informação não está sendo ancorada”, complementa.
Apesar do cenário do uso dos smartphones já inspirar certa desconfiança a respeito da vocação dessas tecnologias para práticas compulsivas, os especialistas se dividem diante de terminologias mais taxativas. Para Catherine Price e Jaron Lanier, autores que estão colocando os holofotes no problema, não há grande conflito na hora de denominar o modo como integramos os aparelhos móveis a nossas vidas de vício. Price relembra que “o vício pode ser definido como uma busca incessante por algo (por exemplo, drogas ou jogo), apesar das consequências negativas”, enquanto Lanier sublinha que “engajamento” é o termo eufemístico da máquina para dizer “vício” e “mudança de comportamento”.
No campo clínico, porém, há uma gradação enorme no envolvimento e na afetação causada pela relação com os celulares. “É muito importante a gente distinguir vício de uso excessivo. A gente sabe que muitos de nós usamos internet e redes sociais em excesso, mas chamar de vício é outra coisa. A gente banaliza quando fala que as pessoas estão ‘viciadas’. Há casos clínicos, mas eles não correspondem à média do uso do brasileiro na internet. Precisamos pensar no uso que estamos fazendo da internet. Ele está empobrecido ou é rico, como podemos equilibrá-lo?”, questiona Daniela Arrais.
É sintomática a tendência de condenar ou demonizar aqueles que estejam um tom acima na insensatez do uso, mas talvez fosse mais útil ampliar a sensibilidade perante os mais vulneráveis nesse contexto. “É difícil falar de um grupo de pessoas mais afetadas, mas a gente pode citar aquelas que já tem um quadro de vulnerabilidade emocional e um traço de isolamento social. Se isso já é forte na realidade da pessoa, então o uso do smartphone acentua bastante essa condição, porque te deixa num contato superficial nas relações pessoais, porque o tempo inteiro esse contato vai ser mediado pelo celular”, observa a arteterapeuta Cristina Lopes.
Na perspectiva do psiquiatra Vitor Breda, as consequências mais graves podem ir na direção de personalidades muito distintas: “Pessoas com outros problemas psiquiátricos, como depressão, fobia social e TDAH parecem ser mais vulneráveis. Algumas características individuais também estão relacionadas com o uso problemático de smartphones, como, por exemplo, a extroversão, os sentimentos de tédio e solidão, e a necessidade de aprovação e autocrítica excessivas. Aqueles que já são mais sensíveis a sentimentos de solidão, podem se sentir ainda piores ao ficarem com a impressão de que a vida dos outros é mais interessante, ao navegar em redes sociais. Aqueles com menor tolerância a frustrações podem se sentir mais seguros ao tentarem escapar de sentimentos negativos através de jogos eletrônicos. Ainda, os mais extrovertidos podem não conseguir evitar o uso do celular enquanto dirigem, por precisarem se comunicar o tempo todo, e assim sofrerem mais acidentes de trânsito.”
Quando o assunto somos nós, os adultos, as flechas de argumento e reflexão vão em muitas direções. Mas, quando passamos às crianças e adolescentes, é indiscutível que eles representam um dos grupos mais vulneráveis à exposição inadequada a esses instrumentos. Não fazemos ideia das consequências desses hábitos precoces. Quem tenta mensurar, não traz notícias muito positivas.
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Cansei de ouvir de mães – amigas, clientes, responsáveis por crianças que acompanho – a mesma história sobre sua filha ou seu filho de cinco, seis, sete anos. Um dia, eles aparecem e dizem assim: “Mãe, estou entediado!” Um relato que sempre me chega pela voz de uma narradora impressionada, pois, durante muito tempo, o termo entediado não costumava integrar o léxico da infância, tinha certa complexidade ou sofisticação. “Onde ele aprendeu essa palavra?” O fato é que as novas gerações chegam cedíssimo ao vocábulo e ao sentimento. Em muitos aspectos, as crianças apenas refletem a relação com o tédio estabelecida pelos adultos, que norteia o tipo de rotina a que eles se submetem e, consequentemente, a que submetem seus filhos.
No livro Sociedade do cansaço, Byung-Chul Han desenvolve a ideia de um excesso de positividade no contemporâneo, que também se manifesta com o excesso de estímulos, informações e impulsos. Esse exagero, em seus dizeres, “modifica radicalmente a estrutura e economia da atenção”. Os celulares são importantes protagonistas desse cenário e estão diretamente atrelados à perda de concentração dos indivíduos hoje. Pensemos em mais um dado da Global Mobile Consumer Survey 2019: 46% dos entrevistados, muito frequentemente, usam smartphone para fins pessoais no trabalho e 40%, muito frequentemente, usam smartphone para fins profissionais fora do expediente. Os formadores de crianças e adolescentes são os primeiros a estar constantemente distraídos ou entediados.
É fácil imaginar que permanecer atento exige mais do cérebro que se distrair. A concentração demanda que o córtex pré-frontal escolha aquilo em que vai prestar atenção e, em seguida, ignore as distrações. Essa última é uma capacidade que precisa ser constantemente treinada, e quem já tentou meditar sabe o quanto pode ser difícil. Segundo Catherine Price, o celular atenta contra essa habilidade por três motivos: nos impõe velocidade e frivolidade na tomada de decisões entre janelas, links e apps; trazem as distrações como partes integrantes daquilo em que tentamos focar – “com isso, fica muito difícil para o cérebro distinguir entre o que prestar atenção e o que ignorar”; e quando nos rendemos à tendência de nos distrair clicando em links que não pretendíamos ou gastando horas vendo stories sem nos dar conta, reforçamos os circuitos da distração ou, como sintetiza a pesquisadora, nós ficamos mais especializados em sermos dispersos.
Hoje já se tem clareza de que a exaltação do profissional “multitask” tem uma faceta falaciosa, uma vez que a tendência ao deslocamento de atenção ágil de um assunto ou prática a outra é algo bastante primitivo, próprio dos animais selvagens, que estão sempre alertas para se prevenirem contra predadores. Foi a capacidade de concentração e contemplação que nos legou as reflexões filosóficas, as obras artísticas e as grandes invenções. Do ponto de vista do modelo de negócios, no entanto, tornou-se mais lucrativo manter o corpo social distraído em vez de focado. O problema é que essa é uma manipulação de comportamento que serve a interesses muito específicos e a uma riqueza ainda mais concentrada.
Nesse contexto, as crianças caem de paraquedas no colo de adultos cuja relação com os smartphones é frenética. O resultado, em muitos casos, é aquilo que o Christian Dunker vai chamar de uma “intoxicação digital da infância”, no livro Reinvenção da intimidade – Políticas do sofrimento cotidiano. Um dos aspectos enfatizados pelo psicanalista é, justamente, a superoferta de presença. Enquanto, no século XX, estudou-se os efeitos de uma “babá eletrônica”, termo utilizado para se referir à televisão, que era um recurso doméstico de entretenimento regular no cotidiano das crianças, hoje poderíamos falar em uma “chupeta eletrônica”, que “introduz uma novidade intersubjetiva, a crença de que o outro está sempre disponível”, escreve.
O tédio se instala de forma brutal na vida dos pequenos justamente porque as tecnologias móveis apagam “o tempo morto, no qual a ausência do outro é o tempo desconfortável, porém criativo, de invenção de seu substituto lúdico”. Na opinião de Dunker, esse substituto imediato, que já está dado, pode impactar diretamente o modo como esses indivíduos passarão a se relacionar com o mundo a medida que forem crescendo: “Fixa-se uma maneira de estar permanentemente com o outro em presença, o que confirma a suposição de que ele está sempre interessado em nos ofertar atenção, objetos, imagens ou palavras. É um modelo de criação de filhos que tem por horizonte a formação de um consumidor exigente”.
Nada é mais comum nos dias de hoje do que ver os pais recorrerem ao smartphone para controlar seus filhos, mantê-los comportados, em situações públicas. O problema, como já vimos, é que isso significa entregar indivíduos em formação, cérebros extremamente vulneráveis, ao “império de modificação de comportamento”, como nomeia Jaron Lanier. A birra e a malcriação, práticas que os adultos estão muitas vezes tentando sanar com seus mobiles, possuem um papel fundamental no desenvolvimento infantil: “Qual é a função da birra? A birra existe para que a criança tente controlar o comportamento do adulto, ela está fazendo uma experiência existencial e comportamental importante de testar quais são os limites da sua relação com o entorno, e aí ela começa a desenvolver a noção de vantagem, entender como ela pode manipular os pais e como não pode”, explica Cristiano Nabuco.
Uma informação frequentemente noticiada a respeito da introdução de tecnologia na infância é a de que os profissionais das grandes empresas, desde celebridades como Steve Jobs e Bill Gates, não permitiram o livre acesso dos seus filhos aos produtos que desenvolveram. A elite do Vale do Silício frequentemente matricula seus herdeiros em escolas Waldorf, onde as telas, mesmo para fins pedagógicos, só entram no Ensino Médio. Chris Anderson, ex-diretor da revista de cultura digital Wired, chegou a fazer a seguinte declaração em entrevista ao The New York Times: “Na escala entre doces e crack, isso está mais próximo do crack”. A preocupação dos altos executivos da tecnologia que são pais é tanta, por conhecerem por dentro os efeitos dos seus produtos e do seu mercado, que também se tornou popular o contrato de babás com cláusulas que proíbem que elas tenham consigo seus smartphones durante o expediente de trabalho.
Sobre o assunto, André Sousa, psicoterapeuta, pesquisador e pai de aluno da Escola Waldorf, comenta: “O que as pesquisas e a realidade ao redor nos mostram é que estamos passando muito tempo diante das telas. O movimento do corpo é um pilar importante do desenvolvimento e do bem-estar neuropsicológico. As telas induzem ao comportamento sedentário, podendo comprometer o desenvolvimento neurológico, na primeira infância e em qualquer idade, estimular as síndromes metabólicas, com o aumento do risco de problemas cardiovasculares, obesidade e alterações de colesterol, triglicérides e glicemia. Canadá e EUA, por exemplo, recomendam zero exposição até os dois anos e não mais do que uma hora, acima dessa idade.”
O psicólogo Cristiano Nabuco também alerta para a possibilidade de um desenvolvimento comprometido: “Quando expostas a qualquer tela digital, não precisa nem ser smartphone, elas vão apresentar de cara um atraso no desenvolvimento da linguagem. Por que isso? Porque o cérebro humano é muito sensível a estimulação do meio ambiente. Então, em vez de uma criança estar brincando com o móbile dela ou tentando encaixar formas, que ela faz por tentativa e erro, ela está em um jogo que dá sempre as mesmas respostas. Nessa hora, você não oferece ao cérebro infantil a possibilidade de expandir os horizontes das respostas possíveis. Dos dois aos cinco, crianças que ficam mais tempo na frente de telas tendem a demonstrar uma diminuição na sua capacidade exploratória do ambiente. De acordo com a idade, você vai tendo as consequências”, explica.
Em 2017, Jean Twenge publicou um artigo bastante emblemático sobre os efeitos das tecnologias móveis entre os mais jovens intitulado Have smartphones destroyed a generation? (Os smartphones destruíram uma geração?). Sublinhando que os estudos geracionais não intencionam dar atestado de nostalgia, mas observar os fenômenos presentes, a autora e psicóloga afirmava o seguinte: “Mais confortáveis nos seus quartos do que num carro ou numa festa, os adolescentes de hoje estão fisicamente mais seguros do que os de antes costumavam estar. Estão menos sujeitos a se envolver num acidente de carro ou adquirir doenças provocadas pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas do que seus predecessores. Psicologicamente, entretanto, são jovens mais vulneráveis do que os Millenials: estatísticas de depressão e suicídio entre adolescentes crescem dia após dia, desde 2011. Não é exagero descrever os iGen como estando no limite da pior crise de saúde mental em décadas, um processo de deterioração que remete ao smartphone.”
Um conjunto de atividades que demarcavam o processo de amadurecimento e independência em gerações anteriores – como a experiência sexual, os relacionamentos, a carteira de habilitação e as atividades profissionais – começa cada vez mais tarde nessa geração. Essas mudanças são atravessadas por muitos outros fatores da nossa sociedade, mas o tempo que se passa nos quartos, diante de telas, tem influência incontornável. Chama atenção no levantamento de Twenge a queda de homicídios entre os jovens ser concomitante ao aumento da incidência dos que tiram a própria vida. “Na medida em que os jovens passam menos tempo juntos uns dos outros, diminuem as chances de conflitos violentos, mas também aumentam as chances de suicídio entre indivíduos cada vez mais isolados.”
Segundo Twenge, jovens que gastam três horas por dia ou mais em eletrônicos tem 35% a mais de chance de considerar o suicídio. Cristiano Nabuco conta que, no caso de meninas adolescentes que passam esse mesmo tempo em redes sociais, o aumento na ideação suicida é de 75%. Para o tipo de vulnerabilidade própria da adolescência, repleta de crises, as redes podem ser um gatilho para muitas dúvidas e dores. “O que se vê na clínica é que as redes sociais trazem uma insegurança muito grande sobre a autoimagem, porque o retrato que a gente vê nelas é um recorte muito específico do que se quer mostrar”, comenta Cristina Lopes. É indiscutível que o debate sobre a relação com smartphones e redes sociais precisa ser mais transparente e regular; no que diz respeito à infância e adolescência, as práticas e a negligência já cruzou a linha do aceitável, mas continuamos a fingir que smartphones se parecem mais com doces que com crack.
GIANNI PAULA DE MELO, jornalista, mestre em Teoria e História Literária pela Unicamp e arteterapeuta em formação.
HALLINA BELTRÃO, designer e ilustradora, mestra em Design Gráfico Editorial pela Elisava (Barcelona).