Curtas

O Rec-beat tá on

Um dos festivais de música mais aguardados do Recife ganha versão virtual neste Carnaval sem folia de rua. A programação de shows ocorre no domingo, 14, com transmissão via Youtube

TEXTO Taynã Olimpia

12 de Fevereiro de 2021

Ilustração Rimon Guimarães/Divulgação

[Conteúdo exclusivo Continente Online]

"Tem o que hoje no Rec-Beat?" Foliões do carnaval recifense certamente já fizeram ou escutaram essa pergunta nos dias de festa. É que, com 25 anos de história, o Rec-Beat se tornou um dos maiores festivais de música do país, ocupando o palco montado no Cais da Alfândega, no sítio histórico do Recife, durante os quatro dias momescos. Um espaço alternativo ao circuito tradicional de shows carnavalescos, que além de trazer grandes nomes da música brasileira, introduz ao público artistas independentes nacionais e internacionais, dando uma mostra das tendências musicais. Em 2021, o Rec-Beat se adapta ao modelo virtual, garantindo, assim, que não haja aglomerações, suspensas devido à pandemia da Covid-19.

Diferente das edições anteriores, neste ano a lin-up é concentrada em um dia de festa, o domingo, 14 de fevereiro. E entre as atrações principais, ocorrem performances compactas de poesia (poetas Kimani, Luna Vitrolira e Adelaide Santos, além de homenagem ao poeta Miró da Muribeca), dança (dançarino Rubens Oliveira) e música (cantora Alice Marcone e violeira Laís de Assis). Trocando a rua pelo Youtube do festival, a essência do encontro permanece ao trazer shows gravados em cenários urbanos de Pernambuco e São Paulo, como o Marco Zero, no Recife – local do principal palco de Carnaval da cidade. As filmagens foram feitas a fim de trazer proximidade dos artistas com o público e o ambiente. Uma experiência semelhante à proposta do 17ª edição do No Ar Coquetel Molotov, em janeiro deste ano, que lançou uma série audivisual com as apresentações pré-gravadas em São Paulo e Gravatá.

A programação musical, que conta com apresentação da atriz e poeta Roberta Estrela D'Alva e do cantor China, traz a diversidade e pluralidade caractéristica do Rec-Beat, com artistas da cena independente, da nova MPB, do brega funk, frevo e maracatu. Mateus Aleluia, MC Troia, Getúlio Abelha, O Terno, Luiza Lian, Spokfrevo Orquestra, Ilú Obá de Min e Céu são os que irão compor a versão cinematográfica do querido (e hoje nostálgico) festival de rua.

A cantora Céu apresenta canções dos seus 15 anos de carreira, indo até seu último lançamento, o álbum Apiká (2019); seu show intimista, gravado excluvisamente para o festival, tem como palco o topo de um edifício paulistano. Também em São Paulo, mas desta vez na escadaria do Theatro Municipal, a cantora Luiza Lian entrega repertório dos seus discos Oyá tempo (2017) e Azul moderno (2018), que respiram espiritualidade e confluem ritmos eletrônicos com elementos orgânicos.


Bastidores da gravação do show de Luiza Lian, em São Paulo. Foto: Divulgação

Ainda na capital paulista, o cantor e compositor Mateus Aleluia compartilha show do seu terceiro disco solo, Olorum (2020), que rendeu destaque positivo na crítica ao mestre musical da afro-baianidade. Com letras e sonoridades cheias de espiritualidade e ancestralidade, o espetáculo teve como espaço de gravação o interior da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, território de resistência e articulação das culturas negras. Seguindo a referência à cultura afrodescendente, o grupo Ilú Obá de Min faz simbólica e festiva apresentação permeada de ritmos como maracatu, batuque, coco e jongo, cujo palco é o Largo do Paissandú, muito ocupado no carnaval de rua de São Paulo. 

Outro ponto paulistano a atuar como plano de fundo do festival é o Viaduto Santa Ifigênia, de onde o grupo O Terno realiza show inédito, mostrando a mescla de rock, jazz e MPB presente no seu elogiado disco <atrás/além> (2020). Encerrando as apresentações no Sudeste, o cantor piauiense Getúlio Abelha – que em 2019, sob o selo Rec-Beat e Terça do Vinil, veio ao Recife para se apresentar na festa Balbúrdia – chega mais uma vez com sua irreverência por meio de forró performático e eletrônico, com cenas filmadas na Praça Antônio Prado. 

Saindo do Piauí, desembarcamos no Recife, de onde o Mc Troia faz sua performance de brega-funk acompanhado de dançarinas do passinho, dança popular nascida nas periferias do Recife e que hoje está difundida por todo o país. Com um toque a mais de nostalgia para os recifenses, a paisagem escolhida foi o próprio Cais da Alfândega, "casa" do festival. E quem traz a frevança para a festa é a SpokFrevo Orquestra, que incorpora elementos do jazz por meio de 17 músicos comandados pelo Maestro Spok, com filmagens feitas no coração do Bairro do Recife: o Marco Zero.


Bastidores da apresentação de Mc Tróia, no Cais do Alfândega. Foto: Divulgação

O festival contou também com uma série ao vivo de painéis, oficinas, workshops e debates online  alguns estão disponíveis para streaming no canal do Youtube. E como todo ano a identidade visual do Rec-Beat se reinventa, quem assina a arte da edição 2021 é o multiartista visual curitibano Rimon Guimarães (@rimonguimarães). Mais informações, e também a lojinha de itens exclusivos, estão disponíveis no site oficial do festival: www.recbeatfestival.com.

TAYNÃ OLIMPIA é jornalista em formação pela UFPE e estagiária da Continente.


EXTRA: Confira, na íntegra, os shows e entrevistas do Rec-Beat do ano passado no canal da Continente no Youtube:


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