Os encontros deram origem às sete músicas que serão apresentadas no espetáculo. Seis delas são da autoria de Aura, que também realizou uma interpretação de Minha missão, composição de João Nogueira e Paulo César Pinheiro.
É importante ressaltar que Nos pés do tempo não se resume à sua musicalidade. A concepção nasceu também das investigações de Aura sobre como expandir a música unindo novas formas de fazer e pensar a arte. O show, por exemplo, é uma apresentação que atiça o visual por meio da presença da artista no palco. “Em um processo autoral de música existe um corpo cênico. A música traz uma dramaturgia, um corpo teatral. E o projeto busca entender o que o corpo quer falar através das músicas. A gente não consegue cantar sem expressar. Naturalmente, o corpo expressa o que a música quer dizer”, explica Aura.
Essas ideações são frutos da pesquisa A teatralidade na música - um corpo sonoro, desenvolvida pela artista a partir do espetáculo. Para orienta-la, Aura contou com a ajuda de nomes importantes do teatro, como sua professora e atriz Naná Sodré, uma das fundadoras do grupo O Poste Soluções Luminosas, o ator Dinho Lima Flor, da Companhia do Tijolo-SP, além da cantora Anastácia Rodrigues.
Todas as influências partiram de uma busca da artista de trafegar pela sua ancestralidade. Ela explica que sua estadia em Pernambuco durante quase uma década foi fundamental nesse processo. "Foram sete anos somando experiências com mestres da cultura popular, como o Côco Raiz de Arcoverde, Maracatu Estrela Brilhante, Mestre Zezinho de Casa Amaraela, e muitos outros. Eles foram como sementes para o projeto surgir a partir dessas vivências", relata.
O show de Nos pés do tempo foi registrado na própria casa de Aura. A cantora se apresenta ao lado dos músicos Guilherme Eira e Aishá Lourenço. O projeto tem apoio da Lei Aldir Blanc.
JOÃO RÊGO é jornalista em formação pela Unicap e repórter estagiário da Continente.