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Audiovisual: Da telona às telinhas

Nas últimas décadas, aumentaram os meios de acesso às produções, com a inaguração de diversas salas e o incremento tecnológico

TEXTO Fábio Lucas

01 de Janeiro de 2015

Das quase 3 mil salas do país, 90% estão instaladas em shopping centers

Das quase 3 mil salas do país, 90% estão instaladas em shopping centers

Foto Divulgação

[conteúdo vinculado à reportagem de "Comportamento" | ed. 169 | jan 2015]

Entre as principais mudanças ocorridas nos últimos 15 anos,
destaque para o aumento do incentivo, que favoreceu o incremento da produção nacional de filmes. O número de salas de cinema aumentou, alavancado pela abertura de shopping centers, sobretudo no interior. E, no que diz respeito à TV, a concorrência entre a TV aberta e a TV por assinatura se firmou, em paralelo à invasão da cultura digital, em que os canais de sites passaram a desempenhar um papel crucial no entretenimento do público nacional – como a audiência de humoristas no YouTube, por exemplo, arrebatando milhões de seguidores e visualizações.

Em 2013, graças às leis de incentivo, foram produzidos 129 longas no Brasil, um recorde. E, desses, 10 tiveram um público superior a 1 milhão de espectadores. No mesmo ano, a venda total de ingressos no país atingiu a cifra de R$ 1,7 bilhão, com quase 150 milhões de ingressos, 8% a mais do que em 2012. Em 2008, o número de espectadores foi de 89 milhões. De 2008 a 2013, o público de filmes brasileiros saltou de 8,8 milhões (quando foram feitos 79 filmes) para 27,7 milhões. Os números são da Ancine.

Nos últimos cinco anos, o aumento da quantidade de salas de cinema beirou os 30%, com tendência de descentralização agregada à expansão do comércio: no primeiro trimestre de 2014, das 60 novas salas inauguradas, 61% foram abertas em cidades interioranas, e 88% delas integraram complexos em shopping centers. Parece um deslocamento importante, no entanto, em 2013, somente 7% dos municípios brasileiros tinham sala de cinema – nesse passo, será necessária a abertura de muitos centros de compras para dar conta do deficit em território nacional, pois menos de 400 municípios têm salas. Das quase 3 mil existentes hoje no país, cerca de 90% estão instaladas em shoppings. Na década de 1970, quando a maioria dos cinemas era de rua, a quantidade de salas era um pouco maior, cerca de 3,2 mil.

Enquanto a produção nacional de filmes ganha fôlego e os centros de compras garantem a recuperação da rede de distribuição, a concorrência com a TV por assinatura, e seus diversos canais de filmes à disposição, também avança. De acordo com a Anatel, havia no Brasil, em outubro do ano passado, quase 20 milhões de acessos à TV paga, representando aproximadamente 30% dos domicílios brasileiros. No estado de São Paulo, a presença da TV por assinatura chega a mais de 50% dos domicílios. Trata-se de um item de consumo ainda bastante desigual, geograficamente: no Piauí, essa relação mal ultrapassa 8%. Para se ter uma ideia do avanço da nova TV nas residências, em 2006, existiam pouco mais de 4,5 milhões de acessos no Brasil, e em dois anos consecutivos, em 2010 e 2011, o crescimento registrado nas assinaturas da chamada TV fechada foi de mais de 30%. 

FÁBIO LUCAS
, jornalista, mestre em Filosofia pela UFPE e editorialista do Jornal do Commercio.

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