Imagens sonoras
Compositores e cineastas pernambucanos fazem parcerias nas trilhas produzidas para os filmes
TEXTO Rostand Tiago
25 de Setembro de 2025
Amaro Freitas apresenta ao vivo a trilha sonora de "Fim de semana no paraíso', de Pedro Severien
Foto Jack Arruda/Divulgação
Do momento conhecido como sua retomada nos anos 1990 para os dias atuais, o cinema pernambucano tem estabelecido pontes com o que há de mais inventivo e poderoso da música local. Baile perfumado (1996), de Lírio Ferreira e Paulo Caldas, filme visto como seminal deste momento, contava com uma trilha sonora com nomes como Chico Science & Nação Zumbi, Fred Zero Quatro, Mestre Ambrósio, Stela Campos e Paulo Rafael. Outros contemporâneos, como Pupillo, DJ Dolores e Fábio Trummer também embalariam as trilhas sonoras de filmes locais e nacionais nos anos seguintes.
Foi apenas uma questão de tempo para que o pianista e compositor Amaro Freitas começasse a emprestar seu virtuosismo para o cinema pernambucano. O músico recifense já cravou seu nome como um dos mais disruptivos não apenas do cenário local, mas global. Com os pés no jazz e a cabeça no que há de mais livre na música, com influências que vão de Naná Vasconcelos a John Cage, em um trabalho celebrado no mundo todo, com discos como Rasif, Coração negro, Sankofa e Y’Y, Freitas começa a ter seus primeiros trabalhos com o cinema circulando.
Seu primeiro trabalho foi no longa Fim de semana no paraíso selvagem, do pernambucano Pedro Severien, atual programador do Cinema São Luiz, que lhe rendeu o prêmio de melhor trilha sonora no Festival de Cinema de Triunfo em 2023. “Minha música começa em um nicho jazzístico, mas foi quebrando barreiras e chegando em outros lugares para além do jazz. Eu acredito que foi a partir disso que veio esse convite de Severien, essa coisa orgânica do meu piano, que foge do convencional, busca paisagens sonoras, provoca deslocamentos no tempo com a polirritmia, o piano preparado com o tropical grudento do Recife. Foi esse som que ele me disse estar procurando”, relembra Amaro.
Na hora de experimentar esse novo território criativo pôde contar com os conselhos do amigo Mateus Alves, experiente compositor. Convidou Severien para fazer parte do processo, gravou primeiras versões, aprovadas em um momento inicial, mas, depois de mudanças no filme, foi necessário buscar um novo caminho. Continuaram tentando e os resultados não satisfaziam. O contrato chegou ao seu fim e um novo precisou ser feito. Chegaram à conclusão de que o diretor não deveria mais estar junto nessa criação. Entrou em cena Nicolau Domingues, um dos mais experientes profissionais de som do cinema pernambucano e nacional.

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