Darel tinha pegado um emprego de paginador no Última Hora, jornal importante na época. Sem saber nada de paginação de jornal — confessa —. Mas foi ficando no trabalho (com que também já quebrei o galho, iniciando-me no O Estado de S. Paulo, quando voltei da Europa). Não sei se ele pegou esse trabalho depois de uma desavença com Augusto Rodrigues, que certo dia lhe arranjou o serviço de professor de litografia numa escola, garantindo-lhe cama e mesa. Darel aceitou e, estando no Vermelhinho — restaurante muito frequentado pelos comunistas e daí o nome, pelo que me contaram — uma noite com Augusto Rodrigues e outros amigos da roda de Augusto, e vendo que todos sentavam à mesa para jantar, e como Augusto lhe tinha prometido cama e mesa, sentou-se também à mesa para jantar, embora viesse, normalmente, fazendo as refeições em casa de Augusto. Então vira-se Augusto para Darel e diz: “Darel, se você quiser ser Van Gogh vá ser na puta que o pariu.”
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