Ensaio visual

O Sol dos Cegos

O jogo de luz e sombra,brilho e contraste, cria postaispoéticos e mostra a dureza de cada dia

TEXTO Leopoldo Conrado Nunes

27 de Março de 2025

Foto Leopoldo Conrado Nunes

O efeito da passagem do tempo e dos agentes naturais desgasta e desbota as coisas. Como a tinta em que está escrita a frase ‘queremos Deus’. Aí a transcendência invocada no fundo resulta em imanência. A morte e a vida se revezam em ironias.

O p & b aprofunda e atemporaliza. Incrementa dramas e intrigas. Adensa a emoção manipulada em escalas de cinza e geometrias.

Há um mistério na resignação das coisas postas a nu aqui. É o mundo do trabalho, da economia e sobrevivência o que ele enfoca/evoca. No cortar, debulhar, fitar, mergulhar e outros infinitivos.

Estas fotos são poemas visuais, dínamos jazzísticos. A elas cabe o termo ‘objeu’, inventado por Ponge. Funde ‘jogo’ e ‘objeto’.  O fotógrafo não joga com as letras de uma palavra, e sim com a luz, a sombra, o brilho, o contraste. Ao ‘instante decisivo’ de Cartier-Bresson acrescentemos outro: o ‘instante incisivo’ (cortante) dessas imagens.

MARIO HELIO, editor das revistas Continente e Pernambuco
LEOPOLDO CONRADO NUNES
, fotógrafo.

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