Lady Gaga
Sobre a ausência de um show esperado
TEXTO Eduardo Montenegro
18 de Setembro de 2017
Artista anunciou o cancelamento do show devido a problemas de saúde
FOTO Divulgação
O sol ainda brilhava imponente sobre a orla de Copacabana quando o celular apitou com a notícia repentina: “A apresentação de Lady Gaga no Rock in Rio está oficialmente cancelada devido sua fibromialgia”, como escreveu no Twitter o maior fã-site da cantora no Brasil, o RDT Lady Gaga. Desde a manhã, uma mobilização de fãs esperavam a artista na porta do hotel Fasano, onde ela havia se hospedado durante sua primeira vinda ao Brasil com a Born This Way Ball Tour em 2012. Na TV, então, não se falava sobre outra coisa: a expectativa para a chegada e o show de uma artista que conseguiu muito em tão pouco tempo de carreira: menos de anos, para ser mais exato.
Na calçada, um rapaz olhava para o celular, encostado num poste de luz, enquanto sua amiga tentava lhe consolar: “calma, amigo, a gente fica na praia”. Naquele dia, meus planos eram conhecer o centro do Rio e seguir caminhando até o Museu do Amanhã. A expectativa, no entanto, estavam todas voltadas para o outro dia, a sexta-feira (15) – que pareceu tirar do numeral 13 o espectro de dia azarento – a abertura do Rock in Rio e o retorno de Gaga ao Brasil.
Quem me conhece, sabe que sou fã desde 2009, e fui crescendo à medida em que a música da Mother Monster ia evoluindo. Por muitas vezes, suas letras me compreendiam de forma verdadeiramente honesta. O curioso é que, assim que ela surgiu na música, eu a detestava devido a seu comportamento meio rebelde, pelas suas roupas e por suas músicas. Quando vi sua apresentação de Paparazzi no VMA de 2009, a opinião foi mudando e uma conexão foi se criando. Em 2011, não pude ir ao seu show, e desde então fui alimentando o desejo e, sim, o sonho de assisti-la ao vivo. Sair do Recife, acumular gastos e despesas até o Rio de Janeiro, preparar mente, corpo e alma por algo talvez tenha sido o que mais fez o “tombo” - para usar a línguagem da internet –, ser alto.
Pois bem, naquela altura, já sabíamos que o substituto seria Maroon 5, cujo vocalista, Adam Levine, parece não ter uma boa relação com Lady Gaga. Em certo momento da trajetória da Estação Carioca até o Museu do Amanhã, eu e minha amiga, Aline, nos encontramos com alguns outros fãs dela. Vinham do Amazonas, do Rio do Grande do Sul, de Brasília, e compartilhavam suas frustrações e decepções por terem saído de longe para assistir ao show da Gaga. “Além de ter perdido meu celular e meu cartão numa festa, ela ainda cancela a apresentação”, disse uma delas.
Quando o dia tão esperado, e de repente não mais tão esperado assim, finalmente chegou, não era difícil encontrar pessoas vestidas de forma semelhante a Lady Gaga – uma marca de seus fãs, desde quando ela surgiu no cenário musical –, ou outros usando camisetas fazendo referência a alguma música da estrela. Eram chapéus rosas, shorts, óculos escuros, saltos altos, roupas mais extravagantes, além da enorme fila para conseguir tirar uma foto com seu nome na Calçada da Fama: tudo ali respirava Lady Gaga, pela ausência dela e pela presença dos fãs. Mesmo as atrações de última hora, como o show cover da drag queen Penelopy Jean e apresentação surpresa de Pabllo Vittar no Itáu Arena. Tudo parecia ter sido feito para tapar o buraco que Gaga havia deixado. Quando Maroon 5 subiu ao Palco Mundo, ainda que tenha uma coleção de hits conhecidos, a falta de sintonia entre a banda e o público foi uma resposta mais direta ao clima da noite. Por mais que Adam Levine tenha feito um bom show, o público morno foi a resposta final da noite.
Entretanto, como a própria Lady Gaga discursou diversas vezes, e deu exemplo disso com sua própria vida, correr atrás de um sonho é encontrar no caminho diversos empecilhos. Hoje (18/09), saiu a notícia de que toda a parte europeia da Joanne World Tour, atual turnê dela, foi adiada para 2018, em complicações de suas dores severas. Por aqui, eu, Aline, e tantos outros fãs esperamos o dia em que ela retorne aos palcos brasileiros. Até lá, como canta em Joanne, “mal posso esperar para te ver bem”.