Guerra convidou cantores, instrumentistas, compositores, escritores, poetas, jornalistas, professores, fotógrafos e outros caricaturistas, na sua maioria também mineiros, para escreverem suas impressões e relações com a obra dos músicos caricaturados. Os depoimentos vão desde o primeiro contato juvenil com a música até textos inspirados por ela.
Para Genin Guerra, desenhar é uma forma de contar uma história através da organização de linhas. Sua aproximação com o tema não se dá pela satirização vulgar do personagem, mas por uma composição que nasce para expandir sua persona com o potencial fantasioso da caricatura. Ele não recusa o caráter imaginativo para apreensão da realidade física. Pelo contrário, é através da pequena fenda entre as duas coisas que reside a sua criação. A beleza das caricaturas surge no momento em que os traços sugerem o real (a aparência física dos personagens), ao mesmo tempo em que abrem espaço para fabulações. Uma ambivalência que resulta, entre tantos sentimentos, no humor – ferramenta fundamental no trabalho do artista.
“Faço os esboços tentando definir a composição e a proporção para a futura modelagem. É um primeiro passo para transportar a ideia do efêmero para o concreto”, explica o artista, nascido em Itabira (MG), cidade que deu luz à poesia do seu conterrâneo Carlos Drummond Andrade – o qual já se tornou, por três vezes, escultura feita pelas mãos de Guerra.
JOÃO RÊGO é jornalista em formação pela Unicap e repórter estagiário da Continente.