Curtas

Músicas de Caetano em contos

O livro 'Vivo muito vivo' reúne escritoras como Micheliny Verunschk, Cida Pedrosa e Socorro Acioli, que se inspiraram em uma canção do artista para desenvolver suas narrativas

TEXTO Laura Machado

01 de Junho de 2023

Capa da coletânea 'Vivo muito vivo'

Capa da coletânea 'Vivo muito vivo'

Imagem Divulgação

[conteúdo na íntegra | ed. 270 | junho de 2023]

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“Eu canto com o mundo que roda
Mesmo do lado de fora
Mesmo que eu não cante agora”
(A voz do morto, Caetano Veloso)

Foi na cidadezinha de Santo Amaro da Purificação, no recôncavo baiano, que, em agosto de 1942, nasceu Caetano Emanuel Vianna Telles Velloso, quinto filho do casal Seu Zezinho e Dona Canô. Desde sempre apaixonado por arte e cultura, teatro e cinema, pintura e desenho, o menino cresceu envolto no manto da produção artística, cursou Filosofia, aprendeu a tocar violão, mudou-se para o Rio de Janeiro com a irmã mais nova, Maria Bethânia, e veio a se tornar um dos mais célebres artistas de todo o Brasil.

Com 80 anos completos em 2022, Caetano Veloso já é imortal e no livro Vivo muito vivo, da editora do Grupo Editorial Record, José Olympio, 15 escritores e escritoras de diferentes regiões do Brasil se juntam em uma coletânea de contos na qual o grande protagonista é a música. Organizado pelo escritor Mateus Baldi e lançado para celebrar e homenagear as oito décadas de Caetano, o livro traz autores inspirados em uma simbólica canção do artista para desenvolver suas narrativas. Entre eles, escritoras como Micheliny Verunschk, Cida Pedrosa e Socorro Acioli, todas vencedoras do Prêmio Jabuti, um dos mais importantes da literatura brasileira.

Vivo Muito vivo é uma obra de reforço a toda significância que Caetano mantém como compositor, pensador e poeta em décadas de carreira. Aos 80 anos, o cantor traz consigo o poder criativo da juventude e segue fazendo história com shows lotados, protagonizando espetáculos e também discursos de resistência.

De acordo com Baldi, o desejo de homenagear o artista veio de um ímpeto próprio, ao mesmo tempo em que acompanha o movimento pré-existente no mercado literário brasileiro de produções de coletâneas, a exemplo do livro de contos inspirados nas faixas de Chico Buarque Essa história está diferente: dez contos para canções de Chico Buarque, da Companhia das Letras, além de outras obras publicadas sob selos do próprio Grupo Editorial Record, responsável por Vivo muito vivo. A partir disso, Mateus percebeu que, apesar das diversas obras e textos dedicados a Caetano, nenhum deles tinha a narrativa literária como objetivo, o que culminou no nascimento da obra.

“Quando você pega uma música como O querer ou outras que efetivamente contam uma história como O estrangeiro, Da maior importância, Alexandre… todas essas músicas do Caetano são músicas absolutamente literárias. E mesmo as que não contam histórias, as poesias, também são absolutamente literárias, letras assombrosas. O Caetano tem muito essa preocupação literária na sua produção, então eu achei que transformar em ficção de prosa algumas dessas histórias fazia muito sentido”, explicou o organizador.

Através dos contos incluídos no livro, personagens das letras de Caetano ganham vida, seus acordes se tornam paisagens e composições passam a ser diálogos. Na pluralidade de canções escolhidas pelos diferentes autores, cada conto de Vivo muito vivo celebra a história musical, poética e literária de um dos grandes nomes da canção nacional.

LAURA MACHADO, jornalista em formação pela Universidade Católica de Pernambuco e estagiária da Continente.

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