Foi na cidadezinha de Santo Amaro da Purificação, no recôncavo baiano, que, em agosto de 1942, nasceu Caetano Emanuel Vianna Telles Velloso, quinto filho do casal Seu Zezinho e Dona Canô. Desde sempre apaixonado por arte e cultura, teatro e cinema, pintura e desenho, o menino cresceu envolto no manto da produção artística, cursou Filosofia, aprendeu a tocar violão, mudou-se para o Rio de Janeiro com a irmã mais nova, Maria Bethânia, e veio a se tornar um dos mais célebres artistas de todo o Brasil.
Com 80 anos completos em 2022, Caetano Veloso já é imortal e no livro Vivo muito vivo, da editora do Grupo Editorial Record, José Olympio, 15 escritores e escritoras de diferentes regiões do Brasil se juntam em uma coletânea de contos na qual o grande protagonista é a música. Organizado pelo escritor Mateus Baldi e lançado para celebrar e homenagear as oito décadas de Caetano, o livro traz autores inspirados em uma simbólica canção do artista para desenvolver suas narrativas. Entre eles, escritoras como Micheliny Verunschk, Cida Pedrosa e Socorro Acioli, todas vencedoras do Prêmio Jabuti, um dos mais importantes da literatura brasileira.
Vivo Muito vivo é uma obra de reforço a toda significância que Caetano mantém como compositor, pensador e poeta em décadas de carreira. Aos 80 anos, o cantor traz consigo o poder criativo da juventude e segue fazendo história com shows lotados, protagonizando espetáculos e também discursos de resistência.
De acordo com Baldi, o desejo de homenagear o artista veio de um ímpeto próprio, ao mesmo tempo em que acompanha o movimento pré-existente no mercado literário brasileiro de produções de coletâneas, a exemplo do livro de contos inspirados nas faixas de Chico Buarque Essa história está diferente: dez contos para canções de Chico Buarque, da Companhia das Letras, além de outras obras publicadas sob selos do próprio Grupo Editorial Record, responsável por Vivo muito vivo. A partir disso, Mateus percebeu que, apesar das diversas obras e textos dedicados a Caetano, nenhum deles tinha a narrativa literária como objetivo, o que culminou no nascimento da obra.
“Quando você pega uma música como O querer ou outras que efetivamente contam uma história como O estrangeiro, Da maior importância, Alexandre… todas essas músicas do Caetano são músicas absolutamente literárias. E mesmo as que não contam histórias, as poesias, também são absolutamente literárias, letras assombrosas. O Caetano tem muito essa preocupação literária na sua produção, então eu achei que transformar em ficção de prosa algumas dessas histórias fazia muito sentido”, explicou o organizador.
Através dos contos incluídos no livro, personagens das letras de Caetano ganham vida, seus acordes se tornam paisagens e composições passam a ser diálogos. Na pluralidade de canções escolhidas pelos diferentes autores, cada conto de Vivo muito vivo celebra a história musical, poética e literária de um dos grandes nomes da canção nacional.
LAURA MACHADO, jornalista em formação pela Universidade Católica de Pernambuco e estagiária da Continente.