A Eloísa Cartonera nasceu em 2003 numa Argentina em recessão, a partir de ideia do escritor Washinton Cucurto de reaproveitar papelões recolhidos nas ruas pelos desempregados e transformá-los em livros – resgatando-os como uma forma acessível de circulação literária. O que começou como uma pequena fonte de renda alternativa, tornou-se um movimento editorial, político e, sobretudo, colaborativo. Envolvendo setores mais frágeis da sociedade, todos os participantes da criação dos livros obtêm uma parcela dos lucros – de catadores de papelão a artistas visuais, escritores e editores. Diante de seu leque de escritores a serem publicados, Pernambuco acolheu o Movimento Cartonero, tornando-se o estado com maior rede de editoras cartoneras do país – e sede do I Internacional Cartonera.
O festival, que é uma realização da editora Nós Pós, tem como objetivo celebrar o universo da manufatura literária artesanal pernambucana, descentralizando-se no Recife e em cidades do interior. Ele conta com a presença de 38 convidados, dentre os quais, o idealizador do movimento Washington Cucurto, Olga Soltomayor, da Olga Cartonera (Chile), Alícia Cuerva, da Cosette Cartonera (França), o escritor vencedor do prêmio Jabuti Sidney Rocha, e Lúcia Rosa, da Dulcineia Catadora (São Paulo) – que trouxe o movimento para o Brasil em 2007.
Além de culminar em 16 oficinas de atividades de formação editorial, dois novos selos estão sendo criados ao longo do evento – sendo um deles de uma comunidade quilombola, e o outro, o primeiro selo editorial universitário do estado. Também está sendo lançada uma compilação de textos enviados por internautas à editora, sob o título Antologia Nós Cartonera. O festival conta ainda com uma feira cartonera instalada no Paço Alfândega, formada por 15 stands de editoras internacionais e locais. A I Internacional Cartonera acontece entre 1º e 23 de setembro de 2018, com acesso franqueado ao público.
MANU FALCÃO é estudante de Jornalismo da Unicap e estagiária da Continente.