Curtas

Feteag – Festival de Teatro do Agreste 2022

Recife e Caruaru recebem festival de teatro em setembro

TEXTO Tanit Rodrigues

01 de Setembro de 2022

'Lavagem', da carioca Companhia Rec, abre o festival em Caruaru

'Lavagem', da carioca Companhia Rec, abre o festival em Caruaru

Foto Milena Monteiro/Divulgação

[conteúdo na íntegra | ed. 261 | setembro de 2022]

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Eu nasci no teatro praticamente. Sempre estive muito envolvido no TEA, então eu dormia atrás das cortinas assistindo aos ensaios.” É assim que Fábio Pascoal descreve sua relação com o teatro. O TEA, o qual ele cita, é o Teatro Experimental de Arte, um dos principais grupos de teatro de Caruaru, fundado pelos seus pais. Ele é um dos criadores do Feteag – Festival de Teatro do Agreste, que chega a sua 31ª edição, com mostras em Caruaru e no Recife.

Mobilizado pelas transformações que aconteciam na cena teatral de Caruaru, o TEA nasceu em julho de 1962 e marcou a história do teatro moderno na cidade, com um pensamento próximo ao do Teatro de Amadores de Pernambuco. Em 1981, a partir de um desdobramento do grupo e da iniciativa de Fábio Pascoal e Francisco Neto, o Feteag é criado com a ideia de trazer os estudantes, principalmente da rede pública, para a cena.

Embora a primeira edição tenha acontecido em um formato ainda pequeno, com apenas cinco grupos, o festival se transformou e se adaptou às realidades com o passar dos anos, até chegar ao formato mais recente. Atualmente, o festival acontece no Recife e em Caruaru e é composto por uma mostra estudantil e outra profissional. Esta última ajudou a oxigenar a produção artística da cidade e foi integrada ao projeto em 2004, com o espetáculo Espiral brinquedo meu, de Helder Vasconcelos.

Uma vez que a ideia do festival é abarcar a formação artística desde o princípio até sua profissionalização, as duas mostras interagem, ou seja, além dos espetáculos profissionais, a programação se compõe de ações formativas direcionadas ao público estudantil, como oficinas, palestras e mediações ministradas pelos artistas dentro das escolas. A mostra estudantil busca contemplar e incorporar, nessa grade, produções de todo o país. Em um primeiro momento, era voltada apenas para a rede pública, posteriormente, devido à falta de produções estudantis, passou a integrar espetáculos de escolas não formais.

Nesta edição, o festival está direcionando o olhar à escola pública novamente, pensando na formação e manutenção da produção artística da cidade, com o objetivo de formar público. “A escola privada tem uma condição, algumas têm um teatro e produção própria. Mas, e aquela escola da periferia? É nisso que estamos focados, nesse retorno à rede pública”, conta Fábio, em entrevista à Continente.

PROGRAMAÇÃO
O festival se inicia com a mostra profissional no Recife, entre 19 a 23 de setembro, e conta com o filme e a ação performática Pela nossa pele, da israelense Yael Karavan e da portuguesa Rita Vilhena. Além dele, Janaína Leite traz Stabat Mater, remontando a história da Virgem Maria em uma palestra-performance. O circuito Recife encerra com Poeta preto, uma colaboração de Fábio Pascoal com a Trupe Veja Bem Meu Bem. As apresentações acontecem tanto no Teatro Hermilo Borba Filho, como no Museu de Arte Afro Brasil Rolando Toro (Muafro Recife).

Em Caruaru, a programação se inicia no dia 24 de setembro com o espetáculo de dança contemporânea Lavagem, da carioca Companhia Rec. Em seguida, temos os recifenses Transpassar, do grupo Agridoce, e Estudo nº 1, do Magiluth. Looping: Bahia overdub, de Felipe Assis, é uma das promessas do festival devido a sua proposta inusitada: o projeto pretende buscar na cidade atores e não atores para integrar o espetáculo.

O circuito Caruaru se estende até o dia 30 de setembro e conta, ainda, com a oficina de ecoperformance de Gabi Holanda, no Alto do Moura. Além dela, a artista Odília Nunes promove uma ação continuada para a rede pública: pela manhã, espetáculos para os alunos, à tarde, oficina de capacitação para os professores de arte.

Comemorando 41 anos, o mote para esta edição nasce a partir do texto A sobrevivência dos vagalumes, de Huberman. Pautados nessa premissa e na sobrevivência do que tem luz e do que reflete a intensa produção artística, o Feteag busca sua luz própria depois de tantas mudanças devidas à pandemia. “Com 41 anos, é hora de a gente renascer, recomeçar a contar essa história. É um marco importante”, conta Fábio.

TANIT RODRIGUES é jornalista em formação pela Unicap.

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