A primeira edição do Varilux aconteceu no ano de 2010 em nove capitais do Brasil: na época, 11 salas de cinema receberam um público de 25 mil pessoas. Em 2018, sua última edição, esses números se multiplicaram, com 88 cidades participantes, 118 salas de cinema e cerca de 180 mil espectadores. Agora em 2019, com 14 dias de programação, a expectativa é de que o festival receba um milhão de pessoas nas mais diversas salas de cinemas do país.
A edição comemorativa deste ano começa simultaneamente nesta quinta (6/6) em todo o Brasil, com 17 filmes em exibição – 16 longas-metragens de gêneros variados, além de um clássico do cinema francês. As cidades do Rio de Janeiro e São Paulo são as únicas que recebem a delegação artística francesa formada por atores e cineastas, como também atividades formativas, sessões com debates e ações educativas. Já em Pernambuco, a tradicional maratona de filmes não só chega aos cinemas do Recife, mas ainda aos dos municípios de Paulista e Jaboatão dos Guararapes.
No longa Inocência roubada, Odette (Andréa Bescond) tenta lidar com
os abusos sexuais sofridos na infância através da dança. Foto: Divulgação
A descentralização e abrangência de cinemas contemplados é um dos importantes passos firmados pelo Varilux nestes 10 anos, como afirma a diretora e curadora do evento Emmanuelle Boudier em entrevista à Continente. “Um dos objetivos do Varilux é democratizar o acesso ao cinema francês, ampliar locais de exibição, circuitos e formar novos públicos. Essa capilaridade também foi possível com a parceria que iniciamos com a rede Sesc em 2018, que promove exibições gratuitas, além da realização de sessões educativas e de acessibilidade”, reforça ela.
Juntamente com Emmanuelle, o jornalista e produtor Christian Boudier coordena o Varilux desde 2010, através da produtora cultural BonFilm, atuando na captação de recursos, na distribuição e no circuito dos filmes – que engloba tanto exibidores de cinema independente e de arte quanto as grandes redes de cinema comercial. Ele também é responsável pela curadoria do festival, com o propósito de difundir a nova geração de cineastas franceses sem deixar de lado os diretores já consagrados. “Além de valorizar a nova produção audiovisual da França, uma das nossas preocupações na seleção dos filmes é que o Varilux exiba produções que abordem fatos e questões sociais contemporâneas, com temáticas que reflitam a nossa atualidade”, reforça Emannuelle.
QUESTÕES ATUAIS
Dois filmes, baseados em histórias reais, vão abordar a questão do abuso sexual. No premiado Inocência roubada, a diretora, atriz e dançarina Andréa Bescond reconta, na ficção, o estupro que sofreu na sua infância. Já o novo (e também premiado) longa de François Ozon, Graças a Deus, retrata o drama de vítimas de pedofilia cometida por um padre com quem tiveram aulas de catecismo. (Leia mais sobre o filme na nossa cobertura da Berlinale 2019)
Graças a Deus, o mais novo filme de François Ozon, narra a luta por punição ao padre católico acusado de abuso sexual na França. Foto: Divulgação
Como em edições anteriores do festival, o cartaz de divulgação já revela um dos filmes destaques na programação. Neste ano, será realizada uma homenagem ao 230º aniversário da Revolução Francesa com a exibição de A Revolução em Paris, do diretor Pierre Schoeller. Então, a atriz Adèle Haenel, porta-bandeira da revolta das mulheres no longa, é estampada no cartaz do Varilux meio às cores da bandeira francesa. Filmes históricos, comédias, romances e inclusive uma animação – o divertido Asterix e o segredo da poção mágica, de Alexandre Astier e Louis Clichy –, marcam mais um ano de festival diversificado e político.
Em todo o Brasil, os filmes do Varilux serão exibidos até o dia 19/6, com sessões e horários variados. No Recife, o festival estará no Cine São Luiz, no Cinema da Fundação (Derby/Museu), no Moviemax Rosa e Silva e no Cinemark Riomar Shopping. Confira a programação completa no site do Varilux.
PAULA MASCARENHAS é graduada em Letras pela UFBA, estudante de Jornalismo pela UFPE e estagiária da Continente.