Curtas

Festival Luz Negra 2018

Com programação voltada a talentos negros das artes cênicas, evento comemora o mês da Consciência Negra no Espaço O Poste, no Recife

TEXTO Revista Continente

20 de Novembro de 2018

Evento é realizado pelo grupo O Poste, integrado por Naná Sodré, Samuel Santos e Agrinez Melo

Evento é realizado pelo grupo O Poste, integrado por Naná Sodré, Samuel Santos e Agrinez Melo

Foto Arlison Vilas Boas/Divulgação

Em 20 de novembro de 1695, morria Zumbi dos Palmares, o último líder do maior quilombo do país, marco de resistência na luta contra a escravidão. Mais de 300 anos depois, a data é dedicada à reflexão sobre a inserção dos afro-descendentes na sociedade brasileira, transformando-se no Dia da Consciência Negra. Para celebrá-lo, o coletivo O Poste Soluções Luminosas, integrado por artistas negros na luta pela representatividade nas artes cênicas, promove a segunda edição do Festival Luz Negra, em cartaz desta terça (20/11) até o próximo fim de semana (25/11), no Espaço O Poste, no Recife.

O grupo desenvolve, há mais de 10 anos, uma pesquisa que investiga o teatro através de rituais de matriz africana. Assim, são criados meios de aprofundá-los e vivenciá-los de forma prática. Agrinez Melo organiza a mostra ao lado de Naná Sodré e Samuel Santos, que seguem os estudos de teóricos como o diretor polonês Jerzy Grotowski e Eugênio Barba. Em 2015, a pesquisa foi direcionada para os terreiros de candomblé. Neste ano, foi ampliada para os de jurema e umbanda.

A cada edição, Luz Negra homenageia um artista negro. A escolhida desta edição é Ivone Cordeiro, importante nome do teatro pernambucano. Durante os dias de programação, serão encenadas três montagens de autoria do coletivo: Ombela, nesta terça (20), às 20h; A receita, sábado (24), às 19h; e Cordel do amor sem fim, no domingo (25), às 17h, apresentados em 2017. Além disso, o público poderá apreciar os resultados da primeira etapa do projeto O corpo ancestral dentro da cena contemporânea: manutenção de pesquisa, aprovado com incentivo do Funcultura. A demonstração é gratuita e acontecerá nesta sexta (23), às 19h, na presença da antropóloga francesa Daniele Perin Rocha Pitta e do babalorixá Pai Kaê, do Centro Espírita Cabocla Genoveva.


O espetáculo Ombela está na abertura do festival.
Foto: Lucas Emanuel/Divulgação

Perseguindo um aprimoramento do festival, também reflexo da preocupação com a representatividade, O Poste traz a artista trans Sophia William, que fará uma performance dos textos Amor híbrido, de Samuel Santos, e Sina, de Andala Quituche, vencedora do II Prêmio Ariano Suassuna de Cultura Popular e Dramaturgia. A Mostra Jovens Talentos Negros também foi incrementada à programação. Serão seis cenas curtas criadas e protagonizadas por jovens artistas da dança, da música e do teatro.

Para mais informações, acesse a página do evento.

PROGRAMAÇÃO

Terça-feira (20/11)
Abertura: 20h – Ombela, com Agrinez Melo e Naná Sodré

Quarta-feira (21/11)
18h – Leitura dramatizada do texto Sina, com os atores Jackson Flavio, Gilblênio Saadh, Andala Quituche e Mateus Maia
20h – Leitura dramatizada do texto Amor híbrido, com Sofia William

Quinta-feira (22/11)
10h – Apresentação do experimento pedagógico dos alunos da Escola O Poste de Antropologia Teatral

Sexta-feira (23/11)
18h – Lançamento dos livros Gule Wankulo – ancestralidades e memórias, de Tsumbe Maria Mussundza, e Coco de umbigada e matriarcado e fé: a história de Mãe Fátima de Oxum, de Dani Bastos
19h – Gira de Diálogos sobre a pesquisa O corpo ancestral dentro da cena contemporânea: manutenção de pesquisa, com a antropóloga francesa Danielle Perin Rocha Pitta e o babalorixá Kaê, com demonstração prática da pesquisa feita pelo grupo O Poste
20h30 – Povos Bantus, do Balé Majê Molê

Sábado (24)
19h - A receita, com Naná Sodré
20h - Mostra Jovens Talentos Negros, com Luana Vitória, Erika Nery, Bruna Martins, Camila Mendes, Fábio Roberto e Deyvson Vicente

Domingo (25)
17h - Cordel do amor sem fim, com Agrinez Melo, Madson de Paula, Naná Sodré e Roberta Marcina

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