Motim, intervenção artística que busca ampliar a conexão entre a dança e os espaços públicos. Foto: Divulgação
Já em Leve, de 2009, bailarinas do coletivo conectam seus movimentos ao cenário, música, iluminação e figurino para expressar diversos sentimentos e refletir sobre a condição humana. Com apresentações também em países da América do Sul, a montagem foi o primeiro espetáculo de dança em Pernambuco apresentado com audiodescrição para pessoas cegas.
Em 2017, com a celebração dos 10 anos do coletivo, o grupo escreveu colaborativamente o projeto de pesquisa em dança, o Revisitando Lugares Comuns, que teve o incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura). O projeto divide-se em três eixos e apresenta ações comemorativas que buscam refletir e rememorar a história do coletivo, permeada principalmente pelo afeto, sentimento que se estende aos antigos e atuais integrantes, aos seus parceiros e também ao público.
A psicóloga e pesquisadora de terapias corporais Vi Laraia, que é artista integrante do Lugar Comum desde 2012, explica, também em entrevista à Continente, como se estabeleceram essas atividades. “Além de sermos artistas que compõem o coletivo, somos amigos, companheiros e família, por isso decidimos celebrar esses 10 anos por essa afetividade, que é a nossa marca. Então pensamos em três movimentos: o primeiro foi ‘afeto de dentro para dentro’, em que nós revisitamos a nossa história e memória através de fotos, vídeos, cadernos de anotações e pesquisas; o segundo foi o ‘afeto de fora pra dentro’, para agradecer aos parceiros e aos colaboradores que participaram do grupo ao longo desses anos, celebrando com uma residência artística que aconteceu em maio deste ano; e o último eixo ‘o afeto de dentro para fora’, realizando através de oficinas para compartilhar com o público o que foi vivenciado nas nossas obras e nos espetáculos, focado também no afeto e na construção do corpo artístico”, afirma ela.
A culminância dessas ações do coletivo se estendem aos meses de junho e julho, com uma oficina sobre acessibilidade para pessoas com deficiência, com o evento Contato Coletivo (encontro de contato e improvisação) e com o lançamento do livro sobre os 10 anos do Lugar Comum, de modo a consolidar o afeto como princípio para experimentar a dança, com diz Liana Gesteira. “O que se fortaleceu nesse tempo juntos é a certeza de que assumir o afeto como premissa para viver, criar arte e se relacionar, como uma ética. Acho que por um tempo tivemos receio de assumir isso, como algo clichê. Mas hoje não nos importamos com clichês. Confiar no amor é uma ética”, ela conclui.
PAULA MASCARENHAS é graduada em Letras pela UFBA, estudante de Jornalismo da UFPE e Estagiária da Continente.