Cumplicidade exige colaboração, parceria, conexão. Em oito edições, esta continua sendo a proposta do Cena CumpliCidades desde 2010: integrar as cenas artísticas de diversas cidades para celebrar a linguagem da dança e das artes cênicas. Como uma ação colaborativa entre os cúmplices, isto é, artistas, coletivos, produtores e parceiros, o evento marca mais um ano de apresentações e espetáculos nacionais e estrangeiros em Jaboatão dos Guararapes, Natal e no Recife até este sábado (27/10).
Neste ano, o festival propôs uma programação também formativa e multiartística, não apenas para ampliar o debate e a reflexão sobre as já marcantes performances exibidas nestas oito edições, mas também mantendo o caráter colaborativo do Cena. Oficinas, instalações, apresentações de música, dança e teatro e lançamentos de livro foram ofertadas no CENA UNIversidade, no Centro de Artes e Comunicação da UFPE. Teatros de Jaboatão dos Guararapes e do Recife recebem, de quinta até sábado (25 a 27/10), oito apresentações de dança de companhias nacionais e internacionais, que tratam diversas temáticas a partir da pujante performance corporal, como o feminino, o empoderamento do corpo nu, as lembranças da infância, a solidão e o artista como ativista.
O Cine Teatro Samuel Campelo, em Jaboatão, voltou a funcionar após sete anos fechado e vai receber duas apresentações. O destaque vai para Protocolo elefante, do grupo catarinense Cena 11, cujas técnicas de performance são fundamentadas nas relações entre corpo, ambiente, sujeito e objeto. O trabalho trata de questões de pertencimento a partir do isolamento e da iminência da morte de um elefante, metáfora usada para a abordar temas como separação e exílio.
O espetáculo Antes, da companhia da dança suiça Alias. Foto: Divulgação
No Recife, as performances do festival se dividem entre os teatros Apolo, Hermilo Borba Filho, Santa Isabel e Parque Dona Lindu. O Santa Isabel recebe neste sábado (27/10) um dos mais aguardados espetáculos, produzido pela Alias Company, companhia independente de dança contemporânea criada na Suíça em 1994, pelo bailarino e coreógrafo pernambucano Guilherme Botelho. O grupo já se apresentou em diversos países, chegando pela primeira vez ao Recife com o espetáculo Antes. Na obra, corpos nus dançam em busca de um outro olhar, para que tabus sobre a aparência, o estranhamento e as formas habituais de encarar a nudez sejam ressignificados.
SOBRE O FESTIVAL O Cena CumpliCidades surgiu a partir de uma inquietação, como uma ideia de formar mais um espaço de manifestação da pluralidade das artes da cena em Pernambuco. Um grupo de amigos artistas e profissionais de diversas áreas elaboraram um projeto cultural que visasse à descentralização do circuito dos espetáculos - predominantemente apresentados em teatros recifenses -, levando-os para a cidade de Olinda, que este ano não está na programação.
Arnaldo Siqueira, pesquisador de teatro, dança e performance, é um desses idealizadores, e conta, em entrevista à Continente, que a proposta do Cena CumpliCidades foi, desde o princípio, promover encontros entre as diversas manifestações artísticas da cena oriundas de várias cidades e países: “O festival sempre quis valorizar o encontro de artistas e suas performances, de modo a promover, em um processo de ação e interação, esse intercâmbio de cultura e de arte entre as cidades”. O evento já uniu artistas da Espanha, de Cuba e da França, sendo promovido também nas cidades de João Pessoa, Natal e Buenos Aires.
Os ingressos do Cena CumpliCidades 2018 custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia) nos teatros do Recife e tem preço único de R$ 1 no Cine Teatro Samuel Campelo, em Jaboatão. A programação completa do festival e outras informações estão disponíveis na página do evento.